-- Pópo, o que que o Nono tá fazendo lá no parreral?
-- Tava lá bestemando porque deu uma martelada no dedo. Foi pregá aquela cerca que o cabrito fugio e veio o cachorro correndo. Ele se assustô e como tava com o martelo alevantado, marretô sem olhá e machucô o dedão da mão isquerda, que segurava o prego. Disse um monte daqueles pórqui que costuma dizê quando tá brabo. Então, pra se distraí ele foi lá pro parreral. Mais é bestema em cima de bestema...
-- Conheço bem teu Nono, tô cum ele zá faiz quarenta ano. Falei que queria vendê tudo e i morá na cidade que tô cansada de tanto carregá ceston de miio. Quero i morá lá no Nova Bassano que tem uns amigo lá, os Dalla Costa. Imazino que vamo sê bastante felice por lá.
-- Ma Nona, eu num queria saí daqui do Paraí. Tenho condução pra i na iscola e gosto muito de meus amigo.Será que vô me acostumá lá?
-- Ora, veza só! Tudo lugá é bom de morá se a zente tem um dinherinho guardado e aposentadoria. O Nono zá tem zente interessada na nossa terra e vamo vendê fora tudo que é traia. Seza bonzinho e lá vamo assiná uma internete daquelas que pega bem. Aqui na colônia nun tá pegando bem. E quero vê tua mãi no computador que ela mora em Veranópolis.
-- Ebaaaa! Se é assim, vamo logo!
-- Agora seza brao, vai lá e traze o Nono pra casa que vô passá uma pomada no dedão dele. Depois limpe bem a cuia que vamo fazê um gostoso de um cimarón. E lave bem os pé que hoze troquei os lençol!
Euclides Riquetti
21-10-2017
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