sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Rios de Leite e Mel – De Leite e cuscuz!

 



       Tump  vai embora! Logo vamos ter uma limpa nos noticiários da televisão. Já encheu-nos a paciência. Quem perde, tem que pôr a viola no saco e ir embora. Desocupar a moita! Pior que a eleição dos Estados Unidos, só a do meu Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Realizaram uma no sábado passado, 07, para escolher o novo presidente do Clube, que está sub judice. Há uma nova eleição marcada para o próximo sábado, 14. Nem se sabe se vai acontecer. Lá também, como no USA, um derrotado não admite que perdeu... Trumpeira está fora porque mostrou ser arrogante e tranqueira!

       Na reta final da campanha às eleições deste domingo, para a escolha de Prefeitos, Vices e Vereadores, voltaram a correr rios de leite e mel. E a chover leite com cuscuz, como dizem alguns campeiros por aí. Sim, porque nos estão pintando um cenário maravilhoso, em que todos os problemas das cidades estão sendo resolvidos. E que, a partir do ano que vem, todos os moradores das cidades vão viver uma nova e positiva realidade.

       Os candidatos precisam vender esperanças e os eleitores querem comprar. Pagam, antecipadamente, com o seu voto. Os candidatos, emocionalmente envolvidos, passam a vender a ilusão. Não os culpo, pois se assim não o fizerem, não contagiam a maioria do eleitorado, aquele público que os elege. E, tudo aquilo que o ser humano repete, exaustiva e insistentemente, parece uma verdade. E isso se consolida na mente do falante, que passa a acreditar, ele mesmo, no que diz.

        Na aproximação do dia do pleito, lembro-me de algumas passagens quando de minha eleição a Prefeito em Ouro. Visitei todas as casas do Município, cidade e área rural, menos uma, que lá não cheguei porque já estava escuro. E acabei não voltando lá. Por isso que, na política, bem como na administração pública, tudo o que se planeja fazer e precisa ser feito, deve acontecer de imediato, porque podem surgir imprevistos e as coisas não acontecerem como se deseja. Aqui na minha rua, esperávamos o asfalto há 12 anos. Viria depois do esgotamento sanitário, e não veio...

        O eleitor escolhe alguém em quem votar. Muitas vezes é amigo de vários candidatos a vereador e de quase todos os candidatos a prefeito. Então vai escolhendo por eliminação. E ali, em vez da preferência, passa a contar a rejeição. Ou não vota no candidato porque acha que a mulher do cara é orgulhosa, porque ele é rico, porque ele é pobre, porque não sabe administrar, porque só sabe viver de política, porque não fala bonito, porque vai levar seu time de amigos para trabalhar com ele na prefeitura, porque passou na casa do vizinho para pedir voto e não chegou na dele,  e assim por diante. Sempre há um motivo para dar o troco.

       Pois fora eu visitar uma família de companheiros lá na Canhada Funda, no Ouro. Cheguei sozinho, cumprimentei a senhora que veio me receber, perguntei pelo marido (que não estava), disse-lhe  que era candidato a prefeito e fui expondo minhas ideias. Ela me disse: - Voto em você se me der uma geladeira!  Falei que era professor, remediado, e que negociar voto era ilegal. Então ela me disse: -Ah então você é o professor, é? Você reprovou meu filho lá na escola! Falei que ele foi reprovado pelo Conselho de Classe, não fora só eu, que lá no Seminário o Frei fazia os meninos trabalharem muito na granja, então não usavam todo o tempo para estudar, e deu a reprovação, esperançoso de ganhar o perdão e o voto da família.

       Minha surpresa foi grande quando ela disse: - Vamos votar todos em você. A geladeira quero ganhar do outro, que é rico. Ainda bem que você ajudou a “rodar” meu filho. Se ele passasse, ia para o Seminário de Irati, no Paraná, e eu o ia ver só no fim do ano. Assim, ele  saiu do seminário, voltou pra casa, está nos ajudando muito, vai casar e  ficar aqui, para nossa alegria e felicidade! E ficou muito contente porque eu ajudara a reprovar o filho.  E eu levei os votos...

       Um outro caso, de que tive conhecimento, através do protagonista, o saudoso ex-Prefeito Ivo Luiz Bazzo, de Ouro, refere-se aos tempos da UDN e do PSD. Ouro ainda pertencia a Capinzal e Bazzo foi com o candidato da UDN, Deolice Zênere, fazer campanha lá na costa do Pelotas, numa casa onde havia 11 eleitores. Bem recebidos, tiveram a promessa de que ganhariam todos os votos. Na apuração das urnas, Bazzo era fiscal e a urna da comunidade onde votavam havia 11 votos com o XIS no quadrinho de Deolice Zênere, da UDN, e os mesmos XIS no quadrinho de Nízio Baretta, do PSD, sendo os 11 votos anulados.

       Dias depois, sendo eleito o candidato apoiado pelo Bazzo, ele foi para aquelas bandas para agradecer e passou na casa dos amigos e perguntou o que aconteceu que votaram em ambos os candidatos. O patriarca, muito humilde, um senhor moreno já com os cabelos brancos, disse-lhe que o outro candidato também os visitar, era muito simpático e bonzinho, e eles prometeram votar para ele também. E cumpriram a promessa!

       Eleições guardam surpresas. Eu sei o que quero para minha cidade. Eu tenho uma razoável compreensão da capacidade de angariar voto de cada candidato a Prefeito de algumas cidades, em especial de Joaçaba. As pessoas me contam sobre o que tiveram de positivo e o que tiveram de decepção com os que já ocuparam cargos públicos e mesmo o de prefeito. Quem deve escolher é o eleitor. Que corram os rios de leite e mel e que chova leite com  cuscuz. Quem teve melhor mensagem, tem mais credibilidade ou vendeu mais esperanças, pode levar o resultado positivo. Conta também organização, boa comunicação e equipe apoiadora. Boa sorte a todos!

Euclides Riquetti – Escritor 

Minha coluna no Jorbnal Cidadela - Joaçaba - SC

13-11-2020

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!