Carolina Aparecida Kowalczuk - Rainha da Festa do Xixo e do Steinhaegger em Porto União -2014 - foto da Rádio Colmeia.
A ideia de escrever sobre o xixo me veio ontem à noite, quando meu filho Fabrício, o Gustavo Andrade, (Filho da Nice, neto do Ivo Luiz Bazzo); e o Thiago Fagundes dos Passos, de Ibicaré, com suas respectivas noivas, estiveram preparando peixes recheados na nossa garagem/churrasqueira de minha casa, em Joaçaba. Discutiam sobre como fazer um bom xixo.
Em minha infância, quando acompanhava meu pai, Guerino Riquetti, e seu inseparável e confidente sobrinho, Rozimbo Baretta, nas festas em Ouro e Capinzal, percebia que os fabriqueiros (fabriccieri), dirigentes das capelas da Igreja Católica, retiravam os "miúdos", como coração e rins dos animais, cortavam em pequenos pedaços e os assavam nos espetos para comer enquanto espetavam o churrasco e o punham ao fogo. Chamavam isso de aperitivo, que era ingerido junto com uma cachaça artesanal ou caipirinha de limão.
Em minha juventude, quando fui para a Faculdade, em Porto União da Vitória, conheci o vedadeiro XIXO. Deliciei-me. Era bom demais
Meus amigos Leoclides Fraron, Odacir Giaretta e Osvaldo Bet, meus companheiros na "República Esquadrão da Vida", convidaram-me para ir à Festa de São Pedro, no Bairro do mesmo nome, onde, em 1972, iam acender uma fogueira com 39 metros de altura, com circuito acionado por controle remoto (um par de fios e um interruptor de luz). Lembro que o Grupo de Jovens do Bairro, liderados pelo Fernando Crestani, por alguns anos, levantavam a grande fogueira. E o Sr. Carlos Ewaldo Unterstell, comerciante e benemérito, foi foi o que acendeu a fogueira, cujo fogo começava lá no alto, e depois vinha descendo. Ao longo as pessoas viam aquele clarão que iluminava aquela parte de Porto União.
Mas, como nosso escopo é falar do xixo, digo que foi nessa festa que conheci. Faziam até 20.000 espetinhos, usando 2.000 Kg de carnes. Era composto por coxão mole de bovinos, pernil de porco e coração de porco. Mas tinha um sabor inigualável. Os espetinhos eram de um arame de aço, assado em calhas de latão, e havia umas ripas na horizontal, defronte às barracas, onde pregos sustentavam as argolas dos espetos, e íamos retirando os pedacinhos e devorando. Os espetos eram reutilizados. Você os podia comprar nos supermercados Passos e Unterstell, a bom preço.
Dez anos depois, quando morava em Ouro, meu cunhado Nei me visitou e propôs-me a fazermos um xixo. Utilizou, junto, filé de carne de frango.Eu não sabia que isso era possível. Mas ficou muito bom.
No início da década de 1980, o Fernado Crestani veio de Porto União para trabalhar no Bradesco, em Capinzal, e retomamos a amizade. E eu lecionava também na CNEC, que estava com problemas financeiros para pagar aluguel e salários de nós, professores. Sugerimos fazer uma fogueira e vender xixo. Antes, numa festa junina do Mater Dolorum, o Ruites Andrioni, da APP, mandou o Zó Boico com o gol azul da Jarp buscar100Kg de xixo em Porto Uniao, pois se entendia que só lá sabiam prepará-lo. E ele conhecera o xixo na casa do irmão dele, meu amigo Urtenilo Andrioni, o Nilo, que morava no Porto.
Na metade da festa, não havia mas xixo.
O Crestani ensinou-me a fórmula do xixo para vender nas promoções e ter lucro. Depois ensinei-a para o Guiomedes Proner, Neivo Ceigol e o Albino Baretta. E ficava uma delícia, todos elogiavam o tempero. Hoje muitos continuam a fazer xixo com uma única espécie de carne, de bovinos ou de suínos. Mas há outras fórmulas de composição.
Então, vejamos nosso procedimento: para terem-se 100 Kg de xixo e produzir de 900 A 1.00O espetinhos, utilizam-se:
- 35 Kg de carne bovina de coxão mole, macia;
- 35 Kg de carne de pernil suíno, pura;
- 45 Kg de carne de coração de porco (retiras nervuras e gorduras);
- 3 litros de óleo comestível;
- 3 litros de vinho branco, seco;
- 3 Kg de sal fino;
- 3 pacotes de orégano;
- salsa, folhas de cebola, manjerona, hortelã -pimenta ou outros temperos verdes compatíveis.
Corte tudo e tempere. Com estas quantidades obterá um mínimo de 100 Kg de xixo, próprios para 1.000 espetinhos.
Lembrar das festas juninas de Ouro, Capinzal e Porto União me remetem aos tempos e isso às saudades. Era muito bom levar as crianças para se deliciarem com o xixo, o cachorro-quente, os pés-de-moleque, cocadinhas, doces de batata ou de abóbora, e ver as danças das quadrilhas.
Euclides Riquetti
28-10-2012
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