sexta-feira, 28 de março de 2025

Há uma dor em mim...

 



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Há uma dor em mim:
Algo inimaginável, inconcebível
Mas que me faz sofrer e me aflige
Não sei por que isso tem que ser assim
Mas há uma dor em mim!

Há um desconforto em mim:
Algo que me incomoda e preocupa
E de que não tenho nenhuma culpa
Mas há essa dor assim
É uma dor que está dentro de mim!

E, se o tempo cura as nossas feridas
As mais consistentes, as mais doloridas
Pois que este passe!
E, que nas novas jornadas a serem vividas
Venha o vento que anima e que você me abrace!

Apenas isso!

Euclides Riquetti

Traz-me a voz do vento o teu sorriso




Traz-me a voz do vento o teu sorriso

De que eu preciso!
Traz-me teu rosto sorridente
Que perpassa portas, janelas, jardins
E que chega até a mim
Em  teu perfume envolvente.

Traz-me o barulho do vento o teu ninar
O teu sonho
O teu semblante risonho
Que vem me acalmar!

Traz-me o vento tuas palavras doces
Dizendo-me que fostes
Andar ao mar.

E  o sol te deixou mais morena
Com teus cabelos cacheados
E teus ombros bronzeados
Uma  mulher bonita, dócil, serena!

Traz-me  a voz do vento o teu sorriso
E é meu destino
Te esperar!

Euclides Riquetti

Nem a lua percebeu

 



Nem a lua percebeu

Que eu entrei em teu quarto

Que eu tirei os sapatos

Pra não te acordar.


Nem a lua percebeu

Que eu te levei a rosa

Branca, esplendorosa

Pra te entregar...


Nem a lua percebeu

Que eu te levei um cobertor

Estampado com uma flor

Para te abrigar...


Nem a lua percebeu

Que eu te amo faz tempo

E que neste momento

Eu só quero te amar!


Euclides Riquetti

28-03-2025





Zé da Barraquinha 0 MEMÓRIAS DE RIO CAPINZAL

 



          O Zé da Barraquinha era um sujeito muito simpático. Tinha uma... barraquinha!

          O seu Zé estava instalado com seu comércio ali em anexo ao Hotel Imperial, da Dona Clementina  Goelzer. Ele tinha um jeito meio diferenciado de falar, tinha um sotaque peculiar. Como nunca soube o seu sobrenome, também nunca conectei isso bem, não pude saber qual  sua origem.  Não sei se era germânica, mas possivelmente que sim. Tinha jeito de alemão! Na época, íamos lá comprar canetas, cadernos, revólveres de brinquedo e bolicas de vidro.  Mas essas coisas também vendiam na Livraria Central, do Alfredo Casagrande.

          Se uma senhora precisasse de um diadema para segurar os cabelos, encontrava lá no Zé. Lembro que minha prima,  Salete Baretta,  adorava diademas. Para segurar seus belos e bem tratados cabelos escuros. Aliás, foi ela que me disse, um dia, que os  lavava com shampoo. Shampoo tinha para vender na farmácia.  O Palmolive era o melhor. Nem sei se havia algum outro... Na barraquinha não vendiam shampoo, mas vendiam aqueles espelhos que em todas as varandas de casas e nos banheiros tinha, os com a moldura alaranjada. Nossos italianos chamavam aquilo de "soada", não sei  por quê. Ainda vou descobrir... E foi assim que eu aprendi que as mulheres já estavam usando shampoo, uma maravilha tcnológica para dar mais brilho e leveza aos cabelos.

          Tinha até uma propaganda na TV nas décadas  de 1960 e 70: "Você está vendo minha voz? -Continua a mesma. Mas meus cabelos... quanta diferença!"

          O seu Zé da Barraquinha era muito atencioso e educado. Uma vez uma Senhora me pediu para ir lá comprar-lhe  uns grampos para cabelos. Foi lá por 1966. O Zé me disse: "Crampos, só loiros." É que ele vendia uns grampos de cor dourada, uma inovação para a estética. mais uma revolução. Mas a senhora me fez levá-los de volta porque ela  era conservadora. Queria os pretos. Estes, sim, combinavam com a cor de seu cabelo.

          O Djair Pecinatto, que era meu colega de Colégio e amigo do Zé, fazia uma brincadeiras, imitava-o. Eles tinham sua loja de calçados defronte à Barraquinha, ali onde é a Churrascaria Riquetti, dos meus primos. Quando o Pecinatto foi embora pra Lages, o Gabriel Casagrande, que veio de Piratuba, montou ali uma loja. Comprou o estoque e colocou sapatos bem bonitos. Tinha aqueles com "couro de cobra" e os com "couro de crocodilo", tudo coisa artificial. E meias vermelhas, que estiveram no auge da moda na virada de década. Até eu tive um par delas.

          Pois o Zé sumiu de Capinzal. E ninguém nuca mais o viu. Você, litor (a) deve estar-se perguntando por que o Zé vendeu a sua barraquinha para o Arlindo Henrique e foi embora. Pois eu acho que ele queria mudar de cidade. Penso que as pessoas devam ter ficado com saudades dele. Era simpaticíssimo. Depois da hora e nos domingos, costumava estar ali na Rua XV, normalmente em  frente ao Sanalma. Pegava, no máximo, um cinema à noie.

          Mas, como o mundo é mesmo cheio de surpresas, eis que, em meados da década de 1990, eu estava em São Miguel D´Oeste visitando meu cunhado Nei. Passamos perto  da Estação Rodoviária e o Nei perguntou-me: "Conhece aquele cara lá? Ele era de Capinzal, tem uma barraquinha aqui! Fui lá. Era o nosso Zé da Barraquinha. Conversamos, relembramos coisas alegremente. Você também deve ter conhecido o Zé. Ele continua lá, com os seus óculos, sua bondade, sua simpatia. Se não conheceu, sabe agora que ele existiu. E não foi uma página em, branco em minha vida. Tomara que ainda esteja bem. Ah, em tempo: Ele ainda vendia "crampos loiros".

Euclides Riquetti
13-03-2013

   

Fervorosamente

 


 



Com um pedaço de carvão, escrevi seu nome

Dentro de um coração!

Cravado sobre a face plana da pedra branca

Na praia das águas mansas

Da ilha da magia!

E você foi lá, e escreveu o meu

Ao lado do seu...


Ficamos unidos, eu e você, nós

Que ficamos distantes e sós

Mas que registramos, em nossas vivas memórias

As desventuras, as agruras, êxitos e glórias!


Poderia ter sido com um pedaço de giz branco

Ou um lápis de cera amarelo

Mas, nisso tudo, o mais singelo

Foi-me ter sido franco e muito sincero:

Amo-a, quero-a, desejo-a, ardentemente

Fervorosamente!


Euclides Riquetti

Na beira do mar

 



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Praia de Canasvieiras...voltei!


Fui me pretear
Na beira do mar.
Preteei-me um pouco
Na beira do mar
Pois queria morenar.

Foram sete manhãs
Foram algumas tardes
Sem alardes
Apenas com saudades...

Apenas com a convicção
De que corpo e coração
Poderiam descansar
Na beira do mar.

E me morenei
Quase me preteei
Na beira do mar
Onde havia gavotas brancas
E algumas pardas dentre tantas
Voavam no mar.

Comiam o pão que lhes jogava aquela senhora
Que ali se soleou outrora
Mas que agora
Leva o neto
Esperto
Para ver o mar.

E eu, contemplativo
Fico olhando aquilo
Com a saudade a me  matar
Dos anos que se foram
Passados a sonhar
Vendo a vida passar.
(E melancolia a me judiar)
Na beira do mar.

Euclides Riquetti

Porque os nossos anos passam...

 


Porque os nossos anos passam...


Com nossas dores e limitações

Vamos levando a nossa vida...

Precisam de afagos os corações

De muita energia a gente precisa.

Afinal, o ser humano se move

Na direção de quem lhe acode

Onde possa reviver as emoções.


Se os anos nos maltrataram 

E os corpos pesados são fardos

Porque as décadas se passaram

O cupido já não lança dardos

Falta-nos um ombro onde chorar

E o lábio desejado para se beijar

Veja quantas vozes já silenciaram.


E quando andares pela estrada

Sem encontrares o que procuras

E teus alvos forem apenas o nada 

Em vez de sorrisos só amarguras

lembra dos melhores momentos

Em que exalavas os sentimentos

De uma jovem moça  enamorada!


Porque os nossos anos passam!


Euclides Riquetti

28-03-2025

www.blogdoriquetti.blogspot.com 








"A virtude está no meio" - o Epitáfio

 



          Quando, em minha juventude, entrei para o curso de Letras da Fafi, em União da Vitória, depois de ter vivido toda minha vida em Ouro e Capínzal (só fui conhecer Joaçaba aos 16 anos), fiquei deslumbrado por estar numa cidade maior que a minha, ter feito muitos novos amigos e colegas. Minha Lee,  meu  Samello e meus cabelos longos  me levavam para lugares que até então  eu não estava acostumado a frequentar. Era um mundo novo e poucas pessoas eu conhecia naquele lugar. Meus primeiros meses se resumiam a ir para a aula à noite, estudar um pouco durante o dia, assistir aos treinos do Iguaçu e, aos finais de semana, junto com o colega Samonek, irmos explorar alguns lugares e tirar umas fotografias, tipo ao lado de aviões  no Aeroporto José Cleto, no monte do Cristo, ou andar pelas redondezas do Iguaçu. Também algumas incursões em bailinhos nas cidades e comunidades dos arredores faziam parte de nossa agenda de final de semana. E, no domingo à tarde, dançar no "25".

          Como minha família não tinha telefone, minha comunicação com casa se dava por cartas, que eu escrevia semanalmente e obtinha resposta em no máximo 10 dias. Minha mãe aderira ao costume de escrever, tornou-se até hábito. Eu escrevia relatando minhas "façanhas", com o entusiasmo de quem via em tudo novidade. Meu pai ficou preocupado com o que eu escrevia e pensou que seu filho regrado poderia estar se enveredando por caminhos tortuosos e, na dúvida, escreveu-me uma cartinha, que carinhosamente veio no mesmo envelope que a de minha mãe. Poucas palavras, praticamente um bilhete, em que se sobressaía uma frase: "In medio virtus".

          Como vinha estudando Latim e até já havia comprado um dicionário, busquei entender aquilo. (Naquele tempo não existia google,  e  Barsa só algumas escolas tinham). Confesso que o Latim não era meu forte nem minha matéria preferida, apenas me esforçava para obter a média exata para ser aprovado sem Exame Final. E não entendi direito o que ele queria dizer, embora a tradução eu tivesse conseguido: "A virtude está no meio". Fiquei a matutar, matuto que eu era, com dificuldade para pronunciar os "erres" adequadamente e outras inconveniências fonéticas. Mas não cheguei ao objetivo do "meu velho".

          Com o tempo, numa de suas raras visitas, perguntei-lhe o que quisera dizer com aquilo e ele me respondeu: "Primeiro,  queria fazer você buscar respostas por si mesmo e, segundo, quis dizer-lhe que não é pra você ser muito "prafrentex", mas nem ficar atrás dos outros. Não queira ser um adiantado mas também não seja um atrasado, busque o meio termo".

          Somente os anos vieram a me elucidar bem isso que no princípio me pareceu uma muito enigmática afirmação do filósofo e pensador grego Sócrates, quatro séculos antes de Cristo. A virtude e a verdade  estão no equilíbrio, no meio termo, no desprezo do radicalismo. E entendi que muitos conflitos poderiam ter sido evitados entre os povos se isso tivesse sido levado em consideração. Realmente, nosso triunfo está em parar para ouvir e decidir com sabedoria, ter cuidado no que se diz e se faz, pois nossas verdades não são, necessariamente, as verdades dos outros. Poderia até metaforizar, dizendo que um time de futebol que só tem jogadores habilidosos, mas que pouco correm, não obtém  bons resultados. É preciso que haja nele também aqueles menos técnicos, mas que desenvolvem melhor sua condição física, que correm e se disciplinam taticamente, ajudando os outros, em equipe, a lograrem resultados favoráveis. Ah, também a mescla de jogadores mais experientes com outros mais jovens ajuda muito. E você obtém um futebol de bom padrão, com o time bem postado e organizado.

          Então, a afirmação socratiana é bem atual, revestida de muita  universalidade. E pode ser aplicada numa sala de aula, onde os indivíduos, professores e alunos, são diferentes, pensam diferente e, se bem articulados, podem obter sucesso na aprendizagem e na formação pessoal.

          Em 18 de junho de 1977 perdi meu pai. Tinha 55 anos. Era um professor bem informado, atualizado, inteligente. E, minha forma de eternizar minha homenagem a ele foi mandar produzir uma placa de bronze com sua foto em porcelana, assentada em granito, onde está gravado seu epitáfio: "In medio virtus".

Euclides Riquetti 
Escrito há 13 anos atrás
www.blogdoriquetti.blogspot.com 

quinta-feira, 27 de março de 2025

Nas ondas do sonho

 



Nas ondas do sonho
Ganhei  teu abraço
Um beijo gostoso
Um olhar carinhoso
Depois do cansaço...

Nas ondas do sonho
Enrolaste-me em laço
Entreguei-me de todo
A teu corpo cheiroso
Perdi-me em seus braços!

Mulher carinhosa
Na tarde de verão
Na tarde gostosa
Me atacas fogosa
Roubas meu coração.

E nas ondas do sonho
Me levas embora
Com teus beijos de fogo
De amor e de gozo
Me levas, senhora
Me levas embora.

E eu
Por minha própria vontade
Me deixo levar!

Leva-me
Para algum lugar
Onde possas me amar
E me fazer sonhar.
Leva-me
E não me deixes voltar!

Euclides Riquetti

Um poemeto qualquer

 




Você voltou

Está bem perto de mim

Deus ajudou

Nos abençoou, enfim!


O sol nascerá bonito

Iluminará o seu rosto

Vai brilhar para o azul infinito

Para meu gáudio e gosto!


A manhã vai ser prazerosa

Porque temos um ao outro

A tarde vai ser auspiciosa

Para nosso corpo-a-corpo...


Um poemeto qualquer

Na inspiração que busquei

E em seu sentimento de mulher

Eu mergulhei!


Euclides Riquetti

27-03-2025





Quando os primeiros frios chegarem...

 




Quando os primeiros frios  chegarem
Nas noites sedutoras  do mês de abril
Depois de um dia de sol e céu de anil
E nossos pensamentos se encontrarem...

Quando, depois da jornada cansativa
Estiver exausta, sentindo a dor no corpo
E se perder no seu pensamento absorto
Lembre de que, além de sua janela,  há vida.

Seja flexível com as coisas de seu coração
Inquieta, busque alivio para sua alma
Criativa para encontrar formas de solução.

Busque, incessantemente a sua felicidade
Conduza sua vida pela estrada calma
Viva com alegria e com intensa paixão.

Euclides Riquetti

www.blogdoriquetti.blogspot.com 

Vou ser o sol que você esperou

 




Vou ser o sol que você esperou 
Que desejava que viesse para bronzear  sua pele
Vou ser o sol que você desejou
Liberar o desejo que minha mente impele.

Vou ser o sol que energiza sua alma
Que dará a cor às flores nas plantinhas
Da rosa champagne à branca palma
Para levar a você a menssagem minha.

E se não for sol, então serei, ao certo
O romance vivido, a letra da canção
A estrofe do poema, a palavra do verso.

Mas se não for verso, e nem for romance
Quererei apenas sentir-me na ilusão
De ter sido seu sol, quando eu tive a chance!

Euclides Riquetti

quarta-feira, 26 de março de 2025

A Onda Guarani - um aquífero fabuloso

 



Reedição:
         Na década de 1960,  acompanhei pelo menos duas perfurações de poços artesianos em Capinzal, uma próxima ao Cine Glória e outra aos fundos do Banco do Brasil, a primeira das agências instaladas no Baixo Vale do Rio do Peixe, ali na Rua XV de Novembro. Os operadores das perfuratrizes, as pica-paus, como eram chamadas, viraram amigos meus e moravam numa pensão ali no Ouro. Curioso, acompanhei os demorados trabalhos para atingirem o "lençol d´água", de onde retirariam o precioso líquido.

          Em termos de abastecimento de água, era uma revolução para a época, uma vez que nossas cidades não tinham sistema de abastecimento de água tratado, o que só viria a acontecer na década seguinte, quando eram Prefeitos Apolônio Spadini e Adauto Colombo, respectivamente, de Capinzal e Ouro e, através da Fundação SESP,  implantaram o SIMAE Capinzal/Ouro. Hoje, a coordenação dos SAMAEs em Santa Catarina é efetuada pela Funasa.

          Foi, talvez, a maior conquista da história das duas cidades. Joaçaba, Herval D ´Oeste e Luzerna também têm as autarquias intermunicipais SIMAE.

         Os primeiros poços tubulares abertos nas duas cidades anteriormente mencionadas, buscavam captar água do Aquífero Fraturtado da Serra Geral, que no Vale do Rio do Peixe pode estar  até a 150 metros de profundidade. É  possível obter-se água facilmente entre 80 e 100 metros, os poços rasos. O primeiro geólogo com quem passei a conviver a partir de 1988 foi o Custódio Crippa, que me passou muitas valiosas informações a partir de 1989, quando fomos, juntos, localizar ponto ideal para implantar um poço no Distrito de Santa Lúcia. Ele me deu as descrições de características de lugares onde se poderia encontrar fendas subterrâneas, em convergênciuas de vales, e o levei para a Cascata de São Cristóvão. Achou que o lugar era o ideal e contratamos a abertura do poço, que deu água o suficiente para abastecer uma comunidade de mais de 100 famílias e está correspondendo positivamente há 23 anos.

          Na época, dizia-me o geólogo que já existiam máquinas no Brasil, as rotopneumáticas, que em apenas dois dias poderiam perfurar poços com 800 metros de profundidade, captando água do Aquífero Guarani, mas que custariam uma valor correspondfente a um ano de arrecadação do Município de Ouro.  E que poderia ser encontrada água igual à do Thermas de Piratuba, quentes e sulfurosas. E que até seria possível constuir-se um balneário em nossa cidade. Eu imaginava isso impossível, mas passei a ligar-me em assuntos relacionados ao Aquífero Guarani. Hoje, a situação mostra-se bem diferente.Obtém-se água com investimentos de menos de R$ 80.000,00.

          Posso asseverar que, nos últimos 20 anos, ouvi todas as barbaridades possíveis a respeito de poços artesianos tubulares, rasos ou profundos. Os rasos, do Fraturado da Serra Geral, e os profundos, do Guarani.  Mas também ouvi muitas preocupações verdadeiras e com lógica. Formei meu próprio senso e meu censo sobre isso. Em Ouro, onde mais acompanho, há quase que uma centena de poços razos já perfurados, muitos deles desativados. O perigo não é a abertura de um novo poço, que precisa estar licenciado junto à FATMA, ter ART assinada por Geólogo como responsável Técnico,  e outras convenções necessárias. O perigo reside nos chamados "poços secos", que foram abertos e não lacrados devidamente. Os outros, como receberam o encamisamento à altura do subsolo e do  solo, estão protegidos da invasão de águas contaminadas, dejetos de animais, ou venenos. Mas também há a preocupação com a contaminação das áreas de recarga, que é onde a água da chuva  penetra na terra e desce até os lençóis.  Os abertos nos últimos 10 ou 15 anos, foram bem monitorados, os secos lacrados.   A preocupação deve recair sobre os anteriores, quando não havia licenciamento e acompanhamento. E o cuidado em não poluir as águas superficiais deve persistir sempre, para que só se utilizem as águas dos poços na falta das superficiais.

          Mais recentemente, nos últimos 10 anos, o foco passou a ser a busca de captação no Aquífero Guarani, reserva que tem 45 trilhões de metros cúbicos de água e está localizado na América do Sul. No Brasil, atinge os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em tertmos de localização, o AG se distribui 70% em território brasileiro, 5% no Paraguai, 5% no Uruguai e 20% na Argentina.  E, em Santa Catarina, a recarca inicia-se na região de Lages. A preocupação é tanta, e as autoridades e técnicos ambientais estão muito atentos, que até uma pedreira em Lages foi fechada, há uma década, para que não ocorresse a poluição na recarga do Guarani.

          Posso até estar errado, e aceito contestações e observações, mas minhas estimativas são de que, se a água do Guarani sob o território nacional fosse utilizada apenas para o consumo dos lares brasileiros, à razão de 10 metros cúbicos por mês, que é o que eu gasto em minha casa, teríamos reservas para 5.250 anos aproximadamente, sem considerar a recarga ou reposição. Então, é muita água. Basta que cuidemos bem dela, não causemos contaminações nessas recargas e estaremos adequadamente servidos, bem como as  250 gerações que nos sucederem. E, com a reposição, infinitos tempos. É nosso grande capital. Temos águas superficiais em abundância, chuvas suficientes e luminosidade capazes de gerar alimentos como em nenhum lugar do mundo.

          Nas conversas que tenho tido  com os geólogos Custodio Crippa e Jorge Augusto da Silva, meus amigos e ambos residentes em Ouro, tenho conseguido informaões que me permitiram formar meus conceitos sobre isso. E, acompanhando as prospecções, constatei que as águas são localizadas sempre a cerca de 100 metros acima do nível do mar. Ou seja, se a altitude for de 400 metros,  o lençol poderá ser alcançado  uma profundidade de 300 metros. E pelo menos três poços existem em Ouro em que foi obtida a água do Guarani a menos de 300 metros. É um norte aproximado, não uma conclusão definitiva. Como Guarani é um platô inclionado e a composição geológica é irregular, é possível que se tenha que ir alguns metros mais ao fundo para encontrar o líquido. E, quanto mais você for para o Oeste, mais profundo será, sendo que em São Miguel D ´Oeste encontrou-se água com 1.410 metros de profundidade.

           No Balneário Thermas Leonense, da Barra do Leão, aqui próximo, com 280 metros chegou-se a ele num dos poços. Encontrados vestígios de petróleo, com mais uma pequena intervenção foi possível chegar-se a uma água límpida e com temperatura maior. E o poço foi revestido com tubos, isolando-se a área onde haveria o petróleo.

          Então, estão certos aqueles que têm preocupação com a grande quantidade de poços já perfurados. Mas a perfuração, em si, não é o problema. O problema reside em não se cuidar das águas superficiais e da erradicação dos possíveis locais de contaminação.

            Lembro a todos os leitores (as) que é nosso dever sugerir e exigir medidas e contenção da poluição em todas as suas modalidades de  geração. E que nós, potenciais poluidores, façamos nossa parte, não esperando que sejamos cobrados, pela natureza, a fazer isso. Quando ela cobra de nós, o seu preço é sempre muito alto. Preservemos!       
         

Euclides Riquetti
20-12-2012

Você tem um caminho a percorrer!

 

                                           Ator Denis Derkian em papel de Jesus Cristo


                                                      Maria O. Macedo - Curitiba - PR


Você tem um caminho a percorrer

Algumas turbulências para enfrentar

Mas, de fato,  tudo isso você vai superar

Porque há em você o desejo de vencer,


Deus às vezes nos coloca em provação

Coisas antes difíceis de se imaginar

Situações que não eram se se esperar

Que lhe fizeram agir com determinação.


Deus lhe mostrou os caminhos da Fé

E a esperança está inserida no seu ser

Acredite, e logo, logo, você vai ver

Tudo ficará pra trás porque Deus quer.


Então, virão os dias de comemoração

A alegria será conosco compartilhada 

O amor fez de seu corpo a sua morada

E ele ficou alojado em seu coração!


(Para Denis Derkian e Maria Olímpia Macedo)

Euclides Riquetti

26-03-2025





Conversa de ponto de ônibus

 

 




Replay: (ESCREVI HÁ DOZE ANOS ATRÁS)

             Escutar conversas através da porta ou das paredes é muito feio. Mas, quando você está num ônibus ou ponto de ônibus, cruz credo! Você escuta cada uma!...

          Pois que dias desses eu estava me abrigando num desses pontos de ônibus. Desses que os malandros picham, que têm apenas a parede traseira e, com sorte, o passageiro encontra um que tem as proteções nas laterais. Mas que as pessoas se obrigam a ficar ali, muitas vezes infinitamente, à espera de um coletivo. Há, porém,  uma coisa muito atraente em todos esses locais onde se reúnem pessoas, por força das circunstâncias, e acabam fazendo amizade. Assim como existem os amigos de escola, da mesma rua, do campinho, e até do facebook, existem os amigos dos pontos de ônibus.

          Idosos com suas carteirinhas que lhes permitem andar sem pagar as tarifas.  Mães que estão indo visitar familiares nas clínicas. Estudantes que voltam da aula. Diaristas que vão e voltam. E um monte de meninas penduradas nos  seus celulares. No tempo em que eu pegava ônibus, ali naquela Praça no Centro de União da Vitória, para ir trabalhar na Mercedes, nem se sonhava que um dia viessem a existir os celulares, os indispensáveis aparelhinhos que se grudam nos ouvidos das pessoas, desde Xangai até a Linha Maziero, ali no Ouro. Naquele tempo eu chegava cedo e ficava lendo romances, as joias da nossa literatura.

          Então, como eu dizia, o papo vai longe, ali no ponto. O assunto da hora é a dissimulação que, traduzida na conversinha coloquial da hora, é a falsidade. E, uma jovem, com sua frente única e alguns pneuzinhos, falava das novelas, inconformada com algumas que acontecem:

          "Você viu, amiga, quanto falsa é aquela Bárbara Helen, da novela das sete, na Globo! Imagine que até tá torcendo que seu filho adotivo seja desorientado só pra dizer que é uma mãe moderna e compreensiva... Quem não te conhece que te compre!"

          Sua amiga de ponto: "É, ela é muito falsa, vive aprontando. Até roubou o Natan da Verônica. Coitada da Verônica! E a Amora, igualzinha à mãe!"

          "Tudo bem! Só que a Amora ainda vai endireitar no fim da novela. Aposto que vai ficar com o Bento. E a Malu vai acabar ficando com o Maurício, estou torcendo por isso! O Maurício  é um baita menino. Mas o pai!... E,  na Flor do Caribe, você já viu o Hélio? Pura ambição! Ontem ele "desconvidou" a mãe dele para a sua festa de aniversário. Falso que só ele! É pura ambição e falsidade. Até deixou o pai um tempão na cadeia, inocente. Ele era o culpado, mas deixou o pai pagar em seu lugar"

          Então, um velhinho muito gente boa, aqui do Bairro Clara Adélia, se mete na conversa: "Concordo! Isso tudo é uma perdição. A Globo fica botando todos esses picaretas nas novelas e nós temos que assistir!  Tanto a Bárbara Helen como o Hélio são dois falsos. Piores que a Carminha, que enganava o Tufão! Mas o Hélio, esse, é mais falso do que nota de três reais...

          E você, amigo (a)  leitor (a), quantas histórias parecidas você já não ouviu? Aposto uma nota de seis reais que você já ouviu também...


Euclides Riquetti
13-06-2013