Colégio Mater Dolorum aos fundos na Matriz São Paulo Apóstolo - Capinzal - SC
A emoção de receber um prêmio, uma honraria, um reconhecimento, sempre melhora nossa autoestima. Minhas primeiras emoções, nesse sentido, vieram em 1962, no Colégio Mater Dolorum, quando fui chamado ao palco para receber uma lembrança, acho que um estojo, que mais adiante descobri, em União da Vitória, que a isso chamavam de penal. Uma caixinha de madeira, com uma gravura na tampa, e um papel datilografado, com o dizer: "Segundo ano A - terceiro lugar: Euclides Riquetti"
Eu não estava eufórico por ter conquistado o "terceiro Lugar", mas por ver meu nome escrito em máquina, uma Olivetti, talvez uma Remington. Entrei para a escola com 8 anos, mas já sabia alguma coisa de letramento. No "Primeiro Ano Fraco", fiquei uns três meses, e depois me passaram para o "Primeiro Ano Forte", esses eram os termos usados pelos alunos de minha idade. Passei ao final do ano. Em 1963 fui para o terceiro ano. Meu pai cursava o "Normal", também no terceiro ano. Terminou o curso "com mérito", tinha estudado até o primeiro ano de Filosofia, no Seminário São Camilo, na Vila Pompeia, em São Paulo, durante a segunda guerra mundial, fugiu de lá, veio para Rio Capinzal, onde conheceu Dorvalina Adélia Baretta, foi conquistado pelos olhos verdes claros dela e... aqui estamos nós, os seus filhos!
No terceiro ano, em 1963, eu era muito relaxado. Mordia as ponteiras das canetas esferográficas que comprava nas lojas dos turcos, ou apertava as borrachas das canetas-tinteiro e sempre estavas com os dedos ou a boca suja de tinha azul. Era um tanto bagunceiro. Colocaram-me, junto com uma colega, que mais tarde viria a tornar-se médica em Florianópolis, na fileira da direita da sala de aula, eu o primeiro na entrada pela porta e ela arás de mim. Não satisfeitos, me mandaram de volta para o segundo ano... Faziam e desfaziam , nem sei se isso era legal ou não.
Na volta ao segundo ano, eu era rápido no gatilho. Lia livros de umas 140 páginas, sabia quais os estados e as respectivas capitais, já estava aprendendo a fazer "contas de juros" e de empreitadas de roçadas, capinas e lavrados. Eu sabia que um alqueire tinha 24.200 metros quadrados, e uma quarta 6.050. Na segunda metade do ano voltei ao terceiro e, ao final dele, mais uma alegria, mais um papelzinho datilografado: "Terceiro Ano A, primeiro lugar: Euclides Riquetti". E um embrulho om um presente, concedido pela minha querida professora Marli Sartori, com uma camisa de mesclas marrom, bege e branco, de marca Mafisa...
No Terceiro Ano B, o primeiro coube ao meu amigão, meu vizinho Vitalino Buselatto, do Novo Porto Alegre, mas que morava de pensão na casa dos pais do Adilson Montanari. O Tigrão ganhou uma camisa igual à minha, mas com tonalidades em azul. Foram nossos primeiros "óscares". Falar mais sobre isso pareceria ostentação, mas não poderia deixar de registrar. Naquele ano, Ouro conquistava sua emancipação político-administrativa, pela Lei Estadual número 870, de 23 de janeiro de 1963, com instalação no dia 07 de abril. Vinte e cinco anos depois, eu era eleito Prefeito Municipal de Ouro e já não sujava as mãos nem a boca com tinta de caneta...
Euclides Riquetti
03-03-2025
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