Participamos, nesta noite, de um evento no teatro Alfredo Sigwalt, aqui em Joaçaba, em que assistimos ao filme "O Bandido da Luz Vermelha", do joaçabense Rogério Sganzerla. Então, aqui reproduzo matéria que escrevi em 2012:
Rogério Sganzerla, cineasta
O evento teve como escopo enfocar o próprio Rogério Esganzerla, cineasta nascido em Joaçaba, sagitariano de 26 de novembro de 1946, ( e falecido em 2004), a apresentação do filme dirigido pela atriz Helena Ignez, que fora sua musa em toda a sua vida e ex do não menos renomado Glauber Rocha. No mais famoso filme de Sganzerla, "O Bandido da Luz Vermelha", de 1968, quando ele tinha apenas 22 anos, estrelaram, dentre outros, Paulo Villaça, Renato Consorte, Sônia Braga, Ítala Nandi, Sérgio mamberti e ela, sua musa Helena Ignez". O filme foi um sucesso na época, quando o jovem cineasta joaçabense, após 4 anos escrevendo sobre cinema no jornal O Estado de São Paulo, assumiu sua verdadeira vocação: a de dirigir filmes.
Honrosamente, acompanhei a vida de Sganzerla desde 1966, quando eu lia alguma coisa sobre ele no Jornal O Vale, que era produzido em Videira e circulava também em Capinzal e Ouro. Ainda, ouvia as polêmicas sobre ele nas Rádios Herval D´Oeste e Sociedade Catarinense, de Joaçaba.
Como todo o jovem contestador, uma declaração de arroubo do cineasta, quando devia ter cerca de 20 anos, causou a maior polêmica em sua cidade natal: teria dito que Joaçaba era o "ânus (mas usando aquela outra palavra horrorosa, de uma sílaba que a substitui), do mundo". Ser o "ânus do mundo" era um qualificativo horrível, e a classe política de Joaçaba se mobilizou, a Câmara Municipal de Vereadores queria que fosse considerada "persona non grata" de Joaçaba (não sei se conseguiram, mas ainda descobrirei bem isso...). Bem, isso o promoveu ainda mais, pois sendo bem conhecido no eixo Rio-São Paulo, por aqui era apenas o filho do comerciante Albino Sganzerla e de Dona Zenaide, uma senhora simpática que aqui vive. Aliás, conversei algumas vezes com o seu irmão, Angelo Clemente Sganzerla, que produziu o filme "Aos Espanhóis Conphinantes", e que me confessou que seu sonho é filmar "A Guerra do Contestado", que era um sonho do Rogério e do falecido ex-Governador/Senador Vilson Pedro Kleinubing, que queriam o Anthony Queen com ator principal, vivendo a personagem Monje João Maria. E ainda restam aí sua irmã e o irmão, Albininho, bem como a mãe. O pai, Albino, virou nome da Rua que passa ao lado de minha casa, em Joaçaba...
Mas, voltando ao cinema, Helena Ignez veio apresentar o filme cujo roteiro ganhou de presente do marido, quando ele estava doente, com um tumor no cérebro, e só agora foi possível colocá-lo no mercado brasileiro. A filha de Ignez e Rogério, Djin Sganzerla, contracena com seu marido, o ator André Guerreiro Lopes, e a fita está rodando no Rio e em São Paulo, sendo que em poucos dias deverá estar nas salas de cinema dos shopping-centers do Brasil.
Ah, para lembrar aos amigos leitores, o diretor Rogério Sganzerla (que chegou a correr automobilismo em Interlagos), foi marcante na geração pop brasileira dos anos 60. Produziu, mais adiante "O Signo do Caos" e quase duas dezenas de filmes. Veja parte da letra da música que foi o maior sucesso da cantora Gal Costa, gravada em 1969, em que ele é mencionado, juntamente com as feras da "Jovem Guarda" brasileira:
"Meu nome é Gal, tenho 24 anos
Nasci na Barra Avenida, Bahia
Todo dia eu sonho alguém pra mim
Acredito em Deus, gosto de baile, cinema
Admiro Caetano, Gil, Roberto, Erasmo, Macalé
Paulinho da Viola, Lanny, ROGÉRIO SGANZERLA,
Jorge Ben, Rogério Duprat, Wally,
Dircinho, Nando
E o pessoal da pesada.
E seu um dia em tiver alguém com bastante amor pra me dar
Não precisa sobrenome
Pois é o amor que faz o homem"
Rogério foi um de meus ídolos de juventude.
Euclides Riquetti
05-06-2012
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