As situações de
emergência e os estados de calamidade pública são a pior coisa que pode
acontecer no Brasil, muito embora os decretos que as formalizam sejam relevantes
e necessários. Ocorrem em momentos de muitas dificuldades para uns e muito
oportunismo para outros, que usam das crises causantes como oportunidades para
se aproveitar da situação, quando não para roubar. É muito vergonhoso, mas é
uma realidade.
A dor das
pessoas que estão sofrendo pela perda de seus entes queridos, vitimados pela
Covid 19, torna-se ainda maior quando não conseguem nem se despedir deles ou
mesmo dar-lhes um funeral decente. Mas, mesmo em tempos de pandemia, as
intrigas entre os políticos e, agora, também com relação ao STF, continuam em
mares de tempestade. Parece que a perda de vidas humanas tem importância
secundária, infelizmente.
O sempre
recorrido “Estado Democrático de Direito” vem sendo ameaçado em muitas formas e
não é privilégio de um Poder, mas praticamente dos três que se situam em
Brasília, onde deveria haver harmonia entre eles. Em âmbito de estados e
municípios, todas as querelas de Brasília são rejeitadas. Aqui em Santa
Catarina, além de vivermos a harmonia, a imprensa não é futriqueira como em
Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, felizmente!
Causam-nos
indignação saber de tantas falcatruas que estão acontecendo Brasil afora, onde
o dinheiro sagrado que deveria ser empregado em sagradas ações para salvar
vidas é empregado inadequadamente, dando vantagens para aproveitadores. Aqui
mesmo em nosso Estado, corre uma CPI na Assembleia Legislativa para apurar
possíveis irregularidades na aquisição de 200 respiradores para UTIs, ao valor
de R$ 33 milhões de reais, em valores que são, no mínimo, o dobro que que os
mais caros do mercado.
Enquanto isso, acompanhamos, curiosos, os
fatos e os teatros do cenário nacional. Ministros do STF, como aquele que é
primo de Fernando Collor, e o outro, que é amigo de Michel Temer, têm
protagonizado espetaculismos em razão de decisões que tomam, contestadas por um
lado aplaudidas por outro. As coisas eram bem diferentes quando não havia
televisionamento de sessões dos tribunais. Pessoas públicas usam as redes
sociais para falarem o que pensam e cada vez mais se afundam e são contestadas.
Bolsonaro e seus
filhos, Celso de Mello e Sérgio Moro, são três péssimos exemplos na área, tanto
no que dizem quanto no que escrevem. Comedido, o General Hamilton Mourão é bem
melhor do que eles, pois coloca suas posições sem ofender ninguém. Ao
presidente cabe dar bons exemplos, mas faz o contrário. Celso de Mello está
ainda ali por um casuísmo que alterou a idade para aposentadoria compulsória de
65 para 70 anos. Sérgio Moro mostrou que não é confiável e agora enche de razão
os advogados que defendem Lula. Nas entrevistas à televisão, alguns ministros
do Supremo falam uma linguagem tão chique, que a maioria dos cidadãos não
entende nada do que querem dizer e, em situação de leitura, pior ainda. Temos
vivido o confronto entre a linguagem chula e a linguagem chique.
No último fim de
semana, ocorreram muitos conflitos na rua, principalmente em São Paulo. Aqueles
que foram lá para se confrontar na Avenida Paulista contra os bolsonaristas,
são os mesmos que aprontam após a realização
do futebol, que armam confusão na saída do metrô e nos pontos de ônibus.
Aliás, como o brasileiro sempre precisou de pão e circo, a volta do futebol,
sem público, seria uma maneira de fazer com que as pessoas ficassem em casa vendo
jogos e as notícias, agora escassas, sobre a maior paixão dos brasileiros. Enquanto
isso, a imprensa brasileira mira as manifestações que estão ocorrendo nos
Estados Unidos, em razão de um policial branco ter sufocado até a morte um
cidadão negro, George Floyd. As
desgraças, lá, como aqui, continuam ocorrendo. E, paralelamente, os
oportunistas fazem saques no comércio na Califórnia, com atos de vandalismo
criminoso. A segregação racial, lá, ainda e um problema visível e muito
preocupante. Em Curitiba, e em outros lugares do mundo, manifestações antirrascistas
já ocorreram na segunda-feira à noite.
O respeito para
com o semelhante e com a forma diferente que há no pensar entre um ser e outro,
o equilíbrio do ser humano, e a valorização da vida, precisam estar em primeiro
plano para que haja a harmonia entre os cidadãos. E as intrigas tornadas
públicas por quem deveria dar o bom exemplo, são plenamente condenáveis. Em seu
oportunismo e na politicagem, todos eles se igualam.
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
Richetti, me perdoe, hoje está difícil de concordar com o teu comentário.
ResponderExcluirVocê faz um bailado estranho para defender o indefensável. Fica claro a defesa do genocida mor aquele que, em live recente, chamou de "terroristas" os que criticam seu governo.
Pelo jeito estamos de volta a 64, de onde, penso, nunca saímos, com as milicias, os generais do Haiti e o capitão cloroqina.
A Lei da Anistia a todos perdoou e mandou esquecer todos os seus males, diferente dos países vizinhos que faziam parte da famigerada Operação Condor (Chile, Uruguai, Argentina...). Eles puniram seus algozes. Aqui, 0 mal não foi curado, por isso Ustras, Helenos, bolsonaros.. atropelam a todos e dão as cartas nesta democracia de mentiras.
Trata-se da eterna capatazia do império, que não pensa o Brasil, só as vantagens da corrupta elite do dinheiro, digamos 1%, 2% da população, no máximo. Muitos os seguem por puro interesse pessoal, pelo dinheiro, outros por pura ignorância mesmo, porque não têm acesso à verdade. Os demais são os "terroristas", como quer bolsonaro.
O STF, me parece, se perdeu em contradições, desde prá la 2012, quando ao invés de apenas interpretar a Constituição assumiu claramente um viés político: primeiro no mensalão, depois na Operação Lava Jato, com exposição escandalosa na mídia. Era um circo, um espetáculo que hoje cobra o preço. Ao fazer e permitir isso a Suprema corte perdeu sua credibilidade. Não esqueçamos que o STF foi a mãe de todas as maldades: Destituiu Dilma sem motivos, prendeu Lula sem provas, autorizou temer e pariu bolsonaro. Quando pressionada, por tentar enquadrar o capitão e sua turma dentro da Constituição, veio a dificuldade justamente pelo comportamento passado . Naquele momento valia tudo para afastar os intrusos do PT (Lula, Dilma...) que ousaram dar aos "terroristas" nais um prato de comida, permitindo o acesso às universidades... Esse foi o problema. É da gênese deste país escravocrata espantar o bando de "terroristas". Sempre foi assim, e de tanto ver isso, muitas vezes, acabamos fazendo coro com os bolsonaros.
É só pensar um pouco o Brasil para mudar de opinião.
Eu até sugiro, tenham coragem, vale a pena, leiam as obras de Jessé Sousa - (sociólogo, professor, pesquisador...), por exemplo:
- Subcidadania brasileira: para entender o país além do jeitinho
brasileiro.
- A elite do atraso.
- A tolice da inteligência brasileira: ou como o país se deixa
manipular pela elite.