quinta-feira, 4 de junho de 2020

É preciso dizer... e é preciso assustar-se! (Para continuar refletindo...)

 



Resultado de imagem para imagens alagamentos em Ouro e Capinzal 2018 10 outubro


Inundação no conhecido "Trevinho da Auto Elite",

confluências da Rua Presidente Nereu Ramos e

Luiz Dorini, em Capinzal - SC - 18-10-2018

Foto da Rádio Capinzal 

 

 

 

         Em 23 de fevereiro de 2011, em artigo meu que foi publicado na coluna do saudoso (e bota saudoso nisso!...) Ademir Pedro Beloto, no Jornal A Semana, de Capinzal, e em meu blog, no dia 16 de fevereiro de 2013, com o título "É preciso dizer... e é preciso assustar-se", com relação às catástrofes ocasionadas pelas inconstâncias climático- ambientais que acontecem no Brasil, mencionei sobre riscos ambientais em razão de eventos climáticos adversos.  Recentemente, vimos o caso de Mariana, em Minas Gerais, cidade que tinha programado visitar para a segunda quinzena de janeiro próximo, e isso ainda pretendo fazer, em que algumas vidas foram perdidas e que os sonhos dos moradores do distrito de Bento Rodrigues foram soterrados e levados pela lama até o mar junto com as agora barrentas águas do Rio Doce, causando danos incomensuráveis à flora e fauna de todo o seu vale e abalando a economia dos pequenos, principalmente dos que vivem da atividade pesqueira.

         Como resposta, os governos e seus órgãos ambientais estabeleceram multas pesadas à Vale do Rio Doce, que é controladora da mineradora SAMARCO. Mas... Bem, deixo isso para você, leitor, analisar com sua apurada condição  crítica. E minha pergunta é: "Até quando desastres do gênero vão continuar a acontecer no Brasil? O que tem sido feito e o que pode ser feito para mitigar e amenizar as situações de risco?" Vejam o que escrevi:

        "Vivemos em cidades charmosas, colonizadas por descendentes de italianos ou germânicos, com declives e aclives acentuados, numa topografia altamente irregular. É assim nosso Vale do Rio do Peixe. Matas exuberantes cobrem os morros e formam os cílios dos riachos e de nosso majestoso rio, outrora piscoso, cujas águas já foram muito cristalinas, depois tornaram-se turvas (e turbulentas).

         Ouro e Capinzal não fogem à regra. São belas e prósperas. Por aqui já aconteceu "de tudo", coisas boas e muitas barbaridades. São cidades onde acontecimentos tristes têm ocupado as notícias no âmbito microrregional ou até estadual. Tivemos perdas humanas que jamais serão compensadas, até porque a vida é irrecuperável. Coisas insignificantes, recorrentemente, ocupam os noticiários.

          Mas os temas verdadeiramente sérios e importantes não têm sido debatidos. Meio ambiente e mobilidade urbana têm ficado em plano secundário. Deveriam ser discutidos à exaustão. Nas conferências das cidades estiveram na pauta, mas a participação popular não foi expressiva."

          Então, vejamos as fotos publicadas nos portais da região nesta semana. Inundações e enchente no Rio Capinzal. Muita confusão também aqui em Joaçaba, com a população reclamando através das emissoras de rádio, por causa da falta de um sistema de macrodrenagem que possa dar conta das águas que descem dos morros e vão inundar o centro da cidade. Muitas fotos e nenhuma análise crítica, nem um "mea culpa".

         Ora, desde 1983 tenho observado, analisado  e avaliado todos os eventos climáticos adversos e suas consequências, bem como parte de suas causas. No nosso caso, não é o desmatamento, uma vez que todo o vale do Rio do Peixe melhorou em termos de cobertura verde,  não pelo amor mas pela dor que a Lei impõe, mas acontecem as cheias do Rio do Peixe e do Rio Capinzal, bem como do Leão, no interior de Campos Novos, do Tigre, em Joaçaba, do Nair, em Lacerdópolis, do Leãozinho e do Ribeirão Doze Passos, em Ouro, e outros. Não, não é isso! Atribuo, em grande parte, à ocupação dos seus vales, principalmente nos que cortam as áreas urbanas, onde se construíram  casas e se pavimentaram as ruas, estas na maioria das vezes com drenagem insuficiente para comportar as precipitações irregulares de chuvas. Se, na área rural temos mais florestas e preservação, nas cidades, DEVASTAÇÃO!

         É só olhar a ocupação dos morros em Capinzal, com todos os loteamentos dos quais as águas originadas desaguam no Rio Capinzal. Uma bacia de um rio assoreado por construções, galerias e pontes, tudo sem vazão suficiente para o deságue. E isso que o Rio do Peixe nem está tão cheio a ponto de represar suas águas.

           A ocupação gananciosa das margens do Rio Capinzal, (ou seria por ignorância, mesmo?...), levaram ao assoreamento do mesmo em diversos pontos, e há os milhares de lotes urbanos que foram vendidos nos diversos loteamentos no âmbito de sua bacia, com acentuada impermeabilização do solo. Há algumas soluções que podem ser implementadas, mas que custarão bastante dinheiro, e que passam por abertura de alguns canais, aumento da vazão sob as pontes e nas galerias, alargamento e possivelmente construção de muros nas margens e até retiradas de algumas construções de edificações comerciais e residenciais. Tenho tudo bem claro na cabeça, a começar pela água que vem de um pequeno vale situado  nas proximidades do ginásio Dileto Bertaioli, que tem causado muitos transtornos. Há duas décadas, nossa família deixou de adquirir um imóvel no local porque consideramos que haveria risco de inundações no futuro, devido à uma sanga canalizada, o que vem se confirmando atualmente.

         O debate precisa ser trazido à pauta. A sociedade deve propor e cobrar soluções, tanto do Poder Público como dela mesma!

Euclides Riquetti



Lacerdópolis - transbordamento do Rio Nair, na noite de
09 de outubro de 2018 - causou a morte de uma pessoa e
atingiu a área central. Imagens da Prefeitura Municipal, onde
a água atingiu o andar térreo, onde funciona a Secretaria Muni-
cipal de Educação e a Epagri.

Um comentário:

  1. Interessante essa foto, apesar de trágica me deu saudades.Nasci quase ali, na beira do rio Capinzal, mais ou menos 1,5 km acima, próximo ao moinho do Cadorin. Os mais antigos hão de lembrar
    Sapateie essa área por 18 anos, nas décadas de 1950 e 1960 quando saí para continuar meus estudos.
    Exatamente neste local da foto, funcionava o "moinho do Crivelatti".
    Durante esse período aconteceram outras enxurradas muito grandes que também assustaram, mas logo foram esquecidas. A população era infinitamente menor, a comunicação mais difícil.. hoje não, a população é muito maior , o desrespeito ao rio aumentou e a comunicação instantânea faz o resto.
    A linguagem do rio é essa, ele invade mesmo, pois, normalmente, a área invadida deveria ser somente sua. O homem é que nunca respeitou o rio, então paga o preço. A reclamação é puro cinismo quando sabemos que o Códio florestal diz que a mata ciliar, neste caso, deveria ser no mínimo de 15 m em cada margem, evitando-se também a construção nessas áreas.
    A equação ganância + desrespeito + falta de educação ambiental produz esse resultado indesejado.
    A região aí tem que agradecer a Deus pelo seu relevo acidentado, do contrário, seria muito pior. É só observar o que essa gente do Sul, da qual eu também faço parte, fizeram e fazem no Paraná, Mato grosso e Brasil afora onde o relevo é mais favorável Onde entraram, progrediram, sim, mas sem a mínima visão de sustentação futura. O ônus será dos filhos e netos...
    Não há Código ou Lei que segure a cobiça do capital, que entende a natureza como bem próprio, só para gerar lucros. O dinheiro compra, corrompe e esmaga a grande maioria que ficam sempre a margem de tudo. Normalmente usam um eufemismo para tentar justificar o injustificável: é a tal da flexibilidade, que cansamos de ler pela mídia. Fizeram isso quando alteraram o Código florestal, que achavam rígido demais.
    Quem não lembra dos discursos do es-governador e ex-senador por SC, Luiz Henrique da Silveira, ele que foi um dos fiadores do novo código. É a força do dinheiro a serviço, grosseiramente, de 10% da população em prejuízo dos demais.
    Sobre isso basta entender aquilo que bolsonaro, Sales e o agronegocio estão fazendo com a pobre Amazônia. é de doer. E pensar que esses energúmenos não vivem mais que 100 anos, quando muito.
    Para finalizar um provérbio indígena.
    "Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come"

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