Fortes ondas de
calor atingem o território brasileiro neste ano. As temperaturas elevadas são o
estopim para os incêndios que pipocam em diversas regiões brasileiras, mesmo
aqui em Santa Catarina. A imprensa brasileira, em especial a chamada “ grande”,
sente orgasmos ao noticiar as desgraças ambientais. Os europeus e os
americanos, que já ajudaram a destruir o planeta e são os que mais promoveram o
aquecimento global, vivem a imputar culpas ao Brasil. Agora, é o candidato
Biden, do Democratas, que está “preocupado” com nossa situação...
Alemanha infestou o mundo com seus Volkswagen,
Mercedes e BMW. OS Estados Unidos com seus Ford e Chevrolet. A França com seus
Peugeot e Citroen, e a Itália com seus Fiat. E, assim, foram expelidores de
monóxido de carbono, promoveram a queima de combustíveis fósseis, suas fábricas
encheram o mundo de fumaça, sem contar como o lançamento de poluentes nas águas
dos rios, e agora estão ali a apontar o
dedo contra o Brasil. China, Estados Unidos, União Europeia, Índia, Rússia e Japão são os
principais poluidores do mundo. Depois deles vem o Brasil, em sétimo lugar.
Então, eles que olhem mais para si mesmo!
As queimadas em
nosso território ocorrem desde que me entendo por gente. Aqui na região Sul,
nossos colonizadores de origem italiana e alemã, em especial, usaram do fogo
para a limpeza das áreas de que necessitavam para o plantio, era a maneira mais
prática e mais barata de preparação da mesma. Porém, tinham métodos de manejo herdados,
tinham o senso comum em seu favor, os pais iam passando aos filhos como se
deveria trabalhar a terra. Assim, no início, há um século atrás, iam derrubando
matas com seus machados e foices, deixavam tudo secar, as madeiras eram
retiradas para serragem , as mais finas para as lenhas, e as ramagens e folhas
eram consumidas pelo fago, ateado após a construção de aceiros, que impediam
que o fogo se alastrasse para outras propriedades e mesmo para outras partes na
propriedade. Ali, plantavam o milho, depois o feijão, e no inverno o trigo.
Passados alguns
anos, outra parte da propriedade era desmatada, e a área que vinha sendo
plantada era deixada para descansar por alguns anos, onde crescia nova
vegetação. Depois, eram roçadas a foice, e novo fogo, nova terra já recomposta,
nutrientes para produzir sem a adição de fertilizantes químicos. Com a entrada
dos chiqueirões e dos aviários, material orgânico para a recomposição do solo,
as adubações verdes, a inteligência do homem levando-o a aprender a lidar com a
natureza. Veio o plantio direto, menos aragem da terra, formas de se preservar
o solo.
A existência de
Epagri em Santa Catarina e a Emater no Paraná foram de grande importância para
se alastrar o uso de tecnologias, para amparar a produtividade nas propriedades
que praticaram a agricultura familiar. Hoje, nossos morros estão verdejantes,
Os agricultores abandonaram as áreas com declives acentuados, passaram a usar
áreas menores, mas mais planas, a aplicar matéria orgânica na adubação. Foi
muito conhecimento passado ao agricultor e, aqui no Sul, não podemos dizer que
tenha havido o descaso para com a natureza. Mesmo assim, mais de 5.000 focos de
incêndio foram verificados pelos bombeiros aqui em Santa Catarina neste
ano. Bitucas de cigarros lançadas às
margens das rodovias estão entre as maiores causas dos incêndios. Ainda, o
descuido de pessoas que buscam as matas para seu lazer durante a pandemia,
fazendo fogos para aquecer comida, muitas vezes sem os necessários cuidados,
bem como a reflexo do sol propagado por vidros. Em material seco, tudo leva à
combustão.
O Brasil é muito
grande, o controle de tudo é muito difícil, a impunidade desleixada e outros
interesses levam à ocorrência dos incêndios. Porém, não é justo culpar a
agricultura sobre tudo o que acontece, em especial na Amazônia. Há
agropecuaristas, há oportunistas, como há pessoas descuidadas, aproveitadores,
cada um com seu interesse e, propositalmente ou não, acabam gerando os focos de
incêndio. Apesar de todas as opiniões divergentes e das diferentes posições
sobre a preservação da natureza, o mundo continua a girar. E, se quisermos
respirar ar puro e consumir água potável, temos que ter nossos cuidados e
cobrar das autoridades e da sociedade o respeito para com a natureza.
Aqui em Joaçaba
e região, o Meio Ambiente não chega a ser foco de debates, mas sim o que se fez
o que se deixou de fazer e o que pode ser feito. Uma das deficiências de nossa
cidade é a habitação popular. Nossos projetos, desde os tempos do Prefeito
Evandro SANTOS Magalhães de Freitas, há quatro décadas, foram muito tímidos.
Nos últimos 20 anos, fraquíssimos. Pouca preocupação real com uma questão muito
séria. Muita gente se ferrando com os preços dos aluguéis, outros morando em
casas sem o mínimo de infraestrutura sanitária e urbanista. Então, senhores
candidatos, o que vocês responderão para os eleitores que lhes perguntarem
sobre seus planos de habitação, se apoiam a implantação de loteamentos
populares, a construção de conjuntos habitacionais com prédios, as casinhas
populares, ou se têm alguma nova ideia para resolver o problema. E, para as
áreas de risco social, onde as pessoas moram em casas com pouco conforto e nada
de infraestrutura sanitária e urbanística, o que pretendem fazer?
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
Richetti, gostei da tua crônica, ela é muito oportuna.
ResponderExcluirO momento que vivemos e deveras preocupante.
Somos a espécie mais perigosa da história. A atividade humana está destruindo a natureza, causando uma aceleração alarmante na extinção das espécies da flora e da fauna.
Vivemos o que os cientistas chamam de a "Era do Antropoceno", onde as atividades humanas alteram drasticamente o funcionamento e os fluxos naturais.
Desgraçadamente, o capitalismo está nos levando a breca. Líderes negacionistas, terraplanistas (trump, bolsonaro, guedes, salles...)em suas insanidades agravam ainda mais o quadro.
Tem razão o Papa Francisco quando, em suas encíclicas, pede para cuidarmos de nossa casa comum. Ele sabe o que está dizendo, por isso é tão criticado e perseguido..
Essa aceleração, com foco especialmente no lucro, tirou do prumo a humanidade, axacerbando a competição e o individualismo.
Esse comportamento, desrespeitoso para com o semelhante e a natureza gera concentração de riquezas para poucos e miséria para a grande maioria.
Eu nasci na beira do ria capinzal, na década de 1950. Quando visito esse local tenho vontade de chorar. A propriedade de meus avós paternos era um verdadeiro paraíso: O Rio Capinzal, dos Dorini para cima, era limpo, piscoso , dava gosto banhar-se em suas águas, tinha muita fruta, floresta e pouca gente. Hoje a cidade invadiu tudo, emporcalhou tudo. Perdeu a graça...
Eu sempre digo, que regiões como o vale do Rio do Peixe, têm a graça de ter um relevo que dificulta a atividade agrícola intensiva. Ali a preservação é "forçada", não porque o homem seja melhor, mais consciente, visto que aquele que destrói o Pantanal e a Amazônia... muitos são oriundos dali...
Quando em minhas viagens observo a monocultura (soja, milho, cana, eucalipto, pinus...) não me canso de repetir que essa roça do tamanho do Mato Grosso é o principal motivo de nossas desgraças.
Eles, - os "donos da Terra", não preservam nada, somente o maldito lucro.