Promessa feita, promessa cumprida! O amigo Amílcar, companheiro de festanças na nossa juventude em Porto União da Vitória, finalmente veio me visitar. Foi com o genro fazer uma entrega de erva-mate em Erechim e passarm por aqui na volta. Vieram no furgãozinho do genro. Enquanto o marido da filha foi fazer um conserto na bomba injetora do veículo, veio almoçar conosco. Como o serviço ia demorar, tomamos um chima. Ofereci-lhe mate e ele aprovou, disse que é muito bom, que ele entende bem de mate. Sei disso também...
Resolvi levar o cara para dar uma banda na city. Mostrei nosso novo cartão postal, a "nova rodoviária de Joaçaba", apontei para o imponente monumento de Frei Bruno, uma espécie de "Cristo Redentor" aqui na cidade, localizado no alto de um morro, abençoando, ele e seu cajado, nossas cidades de Joaçaba e Herval D ´Oeste. Conheceu nosso teatro, o Alfredo Sigwalt, achou muito bonita a majestosa edificação. Falei-lhe que tenho alguns amigos que fazem parte da Direção do teatro, que são grandes animadores de seus eventos, o Bolinha Pereira e o Jaime Telles. Depois andamos pelo centro, tomamos sorvete. Mas o que mais frustrou o amigo foi uma passagem por uma bodeguinha, onde resolveu comprar umas balinhas para levar para a netinha, lá de General.
Perguntou o preço, três reais cada pacotinho. Remexeu no bolso, tirou uma nota de dez e pediu dois, ia dar um pra nena e outro pra neta, que mora no Bode, em General Carneiro. Disse que lá, por alguma razão, chamam a cidade de "Bode"! Acho que está bem evidente isso. Passou a nota para a bela atendente, uma moça de cabelo claro, aparelho nos dentes, que lhe conferia um certo charme. E foi dizendo: "Trêis com trêis, seis!" Ela não falou nada, retirou da gaveta uma calculadora, somou R$ 3,00 mais R$ 3,00 e disse: "Está certo, são seis reais". Depois, numa nova operação, diminuiu os seis da nota de dez, e devolveu-lhe 4 moedas de um real. Perguntou-lhe se não era mais fácil dar-lhe duas notas de dois e ela assim o fez.
Saímos de lá e fomos tomar sorvete e ele manifestou sua indignação: "Veza só, Riquetto, ela teve que fazê as conta na máquina pra sabê quanto dava a despesinha e ainda devolveu nas moeda". Depois dizem que o loco é o Amílcar!!!
Tive que dar razão para ele. Falei que uma vez uma senhora bem empregada, com carrão, muito charme e carteira cheia de reais, foi num salão de uma cidade aqui perto e teve que pegar a calculadora para ver quanto dava o custo de arrumar o cabelo e pintar as unhas, que nem todo mundo é prático como a gente, que as pessoas estão muito dependentes de tudo o que é geringonça eletrônica...
Depois, começamos a falar de novelas. Falei que sempre fui noveleiro, desde o tempo da Novela "Estúpido Cupido", quando a Elisabete Savala fez o papel de Irmã Angélica, em 1976. Ela era uma freira muito bonita, que deixava os jovens da novela muito doidos. Agora ela é a Márcia, de "Amor à Vida", vendedora de hot-dogs, a ex-"Tetê-parachoque-e-paralama" vovó da Mary Jane. . Eu acho que ela e o Mateus Solano, o Félix, são os dois melhores intérpretes de seus personagens. Salvaram a novela, que até há um mês era muito chata.
Ele concordou comigo e também fez algumas considerações: "Aquele Dr. César deveria ser samado de Dotor Corno, isso que sim. Porque só ele que num vê as coisa que a Aline apronta". Falei que é apenas o papel do Antônio fagundes que o torna assim, que é exigência de quem escreve e de quem dirige a novela, embora que eu também ache o César um babacão. E o Amílcar emendou: "Como dizem os taliani lá de Bituruna, é um poro pintcho!"
O celular dele tocou, era o genro que tinha terminado de arrumar o caminhão. Marcamos de nos encontrarmos perto da Lanchonete Trevo, do Batatinha. É lá onde a gente come polenta com tilápia e o atendimento é nota dez. Dele, da Kiara e dos meninos e cozinheiras. No trevo da Rodoviária Nova.
O Amílcar foi embora quando o céu ensaiava mais uma chuvinha. Uma daquelas muito agradáveis destas tardes de verão. Sempre bom reencontrá-lo. E, como dizia o Faé: "Obrigado, volte sempre"!
Euclides Riquetti
Pra vc vê Riquetti, hoje em dia parece que não ensinam mais a taboada. No nosso tempo ai se a gente não soubesse de "trais pra frente e de frente pra trais" o pau comia. Já pensou se der um pane nas engenhocas o que essa gente vai fazer? Viva os nossos professores e ensino daquela época.
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