quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Matemática, o Amílcar e o Gelo.

          Muitos leitores já me abordaram na rua, ou mesmo "in box", com relação ao comportamento do Amílcar. Ele é bonachão, mesmo não sendo obesão. É que, trabalhando muito e, de vez em quando jogando uma peladas, ele é um cara "em forma" para a idade dele. Está dento do padrão "terceira idade elegante". É um cara muito divertido, sempre foi. É difíicil tirá-lo do sério. Faz graça nas situações incômodas, gosta de crianças, de chimarrão, da Nena... Diz que gosta, mesmo, não é que tenha medo dela. É amor do muito antigo.

          Na semana passada, saí para dar uma banda no centro de Joaçaba. Joaçaba tem centro, na XV.   Florianópolis tem na Praça da Figueira,  Curitiba tem na Rua das Flores.  Erechim tem na Maurício Cardoso. Capinzal tem, na XV. Porto União tem, na Praça defronte à desativada estação Ferroviária. Em União da Vitória, na Manoel Ribas, entre o Clube Apollo e os trilhos. Em algumas cidades, "espalhadas", é difícil achar o centro. Antigamente, no centro das cidades tinha que ter, obrigatoriamente, "Casas Pernambucanas, Estação Rodoviária, Igreja e Bradesco" E, pouco adiante, uns 500, 800  metros do centro, uma "cadeia e uma zona de meretrício". Em Porto União, a Rodoviária e o Bradesco eram no centro, mas as Casas Pernambucanas estavam na cidade gêmea, União da Vitória. Bem no centro!

          Em Ouro, tínhamos uma cadeia, mas estava fechada por falta de detentos. Um que outro, quando havia, era alojado em Capinzal, não havia porque ter uma cadeia menos de 2 Km longe da outra. E o pessoal que precisava, usava o "Frestão", lá do outro lado do rio, indo pro Zortea.  Diziam que toda a cidade tinha que ter isso, senão não era considerada uma cidade. Até hoje Ouro não tem esses itens básicos, mas não fazem falta. Igrejas, só nos bairros. Exceção, né?!

          Na minha juventude, quando fui prefeito lá, estive em audiência com o Ênio Branco, que era Diretor do Deter, em Floripa, para pedir uma Estação Rodoviária para minha cidade. Argumentei que eu era prefeito de uma cidade que não tinha esses itens básicos. Que tínhamos que usar os da cidade geminada, Capinzal. Ele riu muito e me disse que não havia porque ter uma rodoviária que apenas ficasse longe da de Capinzal uns 200, 300 metros, que só o Rio do Peixe separava as duas cidades.  E deu-me uns abrigos pára passageiros de ônibus, uns cinco.

          Bem, mas voltando ao Amílcar e ao centro de Joaçaba, uma caixa de uma big loja da XV me falou: "Riquetti, li aquela sua crônica em que seu amigo veio visitar você e vocês foram comprar balas e a atendente usou a calculadora para somar R$ 3,00 + R$ 3,00. Achei um absurdo, mas tenha a certeza de que existe gente assim. Dia desses veio uma aqui e comprou dois produtos de R$ 11,00 cada um. Pediu que eu somasse e eu disse que dava R$ 22,00. Admirou-se que eu não usei calculadora. Queria parcelar em DUAS VEZES, porque aqui parcelamos em parcelas  a partir de R$ 9,90. Ela me pediu quando daria cada uma das duas prestações."

          Liguei para o Amílcar e contei a história para ele. Riu muito, disse que ia contar pra Nena.Pedi como é que ele estava se virando lá em Palmas com um calor desses. Disse que pra tudo há, sempre, uma solução. Que, outro dia, foi num hotelzinho no Porto e não tinha ar condicionado, só ventilador. Saiu, comprou dois saquinhos de gelo "da promoção", a R$ 2,99 cada, pôs em duas sacolas e levou para o quarto. Colocou as bolsas de gelo no chão, em cima de um jornal e ligou o ventilador. Foi uma delícia! O quarto ficou refrescado e dormiu como um anjo...

          Oras, não me surpreende a criatividade do Amílcar. Vocês não pensem que ele é louco. Ele é louco de esperto, isso sim!

Euclides Riquetti
20-02-2014

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