segunda-feira, 24 de março de 2014

O Bom Humor do Amílcar

          Numa das minhas incursões pelas ruas de Canasvieras lembrei-me do Amílcar e de sua Nena. Meu colega de juventude lá do Porto alterna momentos de bom e de mau humor. Mas, até quando fica mal humorado ele é engraçado. Numa dessas, ele foi ao  Beiramar Shopping, na Ilha da Magia, a capital dos catarinenses, que muito nos orgulha.

         Lá,  ele comprou uma garrafinha de coca-cola zero, porque está preocupado com a sua protuberância abdominal. Tomou uns goles e restava, no contêiner, pelo menos um terço, ainda. A Nena estava ansiosa em "passar o cartão" nas Lojas Americanas. (Isso assusta meu amigo). Não queria dispensar o vasilhame e o "escondeu" em meio a uma folhagem de uma das floreiras dali. E foi assessorar sua Nena.

          Reclamou muito dos preços. Não é mais aquela beleza de antigamente. Quando ia a Curitiba, antes da era dos shoppings, comprava na Americanas da Emiliano Perneta. Chocolates muito baratos. Diamante Negro era de sua predileção. Vendiam fitas cassette com preço muito em conta. Também lâminas de barbear Gillette Azul. E tinha uma grande variedade de ofertas. Agora, vendem o que as outras vendem. Que pena!...

          E foi-se o tempo em que se pagava com cheque. Agora é no cartão. E é aí que mora o perigo. Tinha que cuidar bem de que a patroa não detonasse o limite. Aprendeu, com o pai, que a gente deve economizar desde novo e assim o fez. É por isso que tem uma situação financeira estabilizada e tranquila. Hoje, diz, "as pessoa gastum mais do que ganhum."  Concordo com ele.

          A Nena comprou pouco chocolate, mas levou pelo menos meia dúzia de CDs. Estão vendendo-os a "preços módicos." Do Matinho da Vila, do Roberto Carlos, do Reginaldo Rossi, do Vanderlei Cardoso e do Timóteo. Um da Vanderléa.  Não encontrou nenhum do Jerry Adriani, nem do Ronnie Von... Tudo de R$7,99 até R$ 14,99. Barato mesmo!

          Na saída, direto para a floreira. E nada da coquinha. A bonitona da limpeza deve ter levado. Queria ir reclamar, mas a Nena disse que isso é feio, que eles iam ficar sabendo que anda colocando garrafinhas em lugar indevido. Há, poém, os que fumam e jogam, disfarçados, tocos de cigarros nas floreiras. Mas as câmeras de segurança registram tudo. E, ademais, não se deve fazer isso. Plantas querem água, adubo e carinho. Só isso!

          De tarde,  foram para a praia, pouco abaixo do trapiche de Canasvieiras, de onde saem os barcos piratas para os passeios. A Nena colocou um maiô bonito que tinha comprado na Havan. Estava bem disposta e bonita, mas desconfiada. Aquela desconfiança que toda a descendente de italianos costuma ter. Sabe que o Amílcar é de aprontar em público, estava receosa. Reuniram-se  com um casal de argentinos, um maradona e uma maradoneta: estatura mediana, entroncados, falantes, mas, ao contrário do futebolista, humildes e simpáticos. Até os convidaram para visitá-los em Palmas. E iriam ver a neta em General Carneiro, também. Entumaram-se fácil.

          "Nena, venha mais cá pro fundo que dá pé!", disse meu amigo. E ela, de pronto: "Tu sabes que não sei nadar e não vejo nenhum salva-vidas aqui por perto. Tem só mais lá pra cima". E o Amílcar: "Óia, Nena, todos os que tón sem camisa são os salva-vida". E a Nena: "Pensei que fossem turistas!"

          O Amílcar olhou para o Argentino, como que se pedindo apoio para emplacar uma mentira, e devolveu: "Nena, os que tón cum camisa são os turista. Os otros, sem camisa, são todos salva-vida."

          A Nena, educada, não queria fazer feio diante dos argentinos e fez que acreditou... Sabe muito bem com quem se casou!

Euclides Riquetti
24-03-2014

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