Veio-me à mente, depois de muitos anos "doando" escritos aos outros, pesquisar sobre o valor do trabalho intelectual. Pesquisei no "Doctor Google" e encontrei respostas estapafúrdias. Pura viagem!
Então, permiti-me refletir sobre isso. Fechei-me em meus pensamentos e naveguei pelas minhas horas, dias, meses, anos de vivência. Comecei a analisar as coisas que eu fiz, minha vida profissional, minha vida literária. Então, algumas lembranças ( e constatações) me autorizo a aqui revelar:
1. De certa feita, comentei num site de um poderoso veículo de comunicação de Santa Catarina, sobre a ideia de uma pessoa que defendia, "ardorosamente", quem a empregava: o Poder Público, naturalmente! E ela postou uma resposta em que me desancava. Pois busquei informações: Ocupava um cargo público, "de confiança", que nada tinha a ver com a sua formação em nível de Ensino Superior. Então, analisei o texto que ela postou e verifiquei que havia um incontável número de erros na expressão de nossa Língua. Não me segurei: Fiz minha réplica ( ou já seria tréplica?...), e disse-lhe que, sendo ela uma "bem agarrada à teta em que mamava", tinha mesmo que defender o patrão. Mas que, trabalhando junto a tantos aspones, deveria, antes de postar qualquer comentário, pedir-lhes que a ajudassem a revisar o seu recado. A conversa parou por aí mesmo!
2. Em todas as situações que pessoas procuram profissionais para lhe prestarem serviços, já vão preparadas com o dinheiro, o talonário de cheques ou o cartão de crédito para fazer a paga. É assim na área médica, no advogado, no engenheiro, etc, etc. Mas, quando precisam de uma orientação de um professor, educador enfim, buscam a informação, não perguntam pelo valor do trabalho prestado, e nem sempre se lembram de agradecer pelo favor. Aliás, professor é o único ser que precisa dar atenção aos pais dos alunos ali defronte à gôndola ou ao caixa do supermercado.
3. Determinados "palestrantes" ganham dinheiro falando as palavras que as pessoas gostam de ouvir. E ganham os aplausos, o dinheiro, a glória e o respeito. Por exemplo, se eu fosse falar a um grupo de empresários eu os encantaria se lhes dissesse que eles são bem explorados pelos governos, que cobram, deles, impostos exorbitantes. Tenho certeza de que eu seria muito apludido e até fariam uma "rodinha" ao redor de mim para me bajular, após o evento. Porém, se dissesse que o custo tributário é transferido para o consumidor final, não me vaiariam, mas as palmas seriam escassas. Duvida? Mas claro que jamais vão me contratar para dar palestras. Até porque todas as que proferi, em toda a minha vida, foram gratuitas.
4. O cidadão, homem ou mulher, formam seu capital intelectual através da vivência: no estudo, no trabalho, com a leitura, com a convivência e interrelação com seres que se movimentam e pensam. E, ainda, muitos detêm grandes habilidades manuais, as quais aliam às habilidades intelectuais e, com isso, conseguem criar coisas maravilhosas.
5. Escrevo. Gosto de escrever. Tenho material para publicar livros de poemas, crônicas, histórias e até mesmo artigos e resenhas. Mas eu ficaria muito triste se editasse um livro e alguém dissesse que iria ao lançamento para "colaborar comigo"! Eu ficaria com vergonha pela pessoa...
6. Então, tenho minhas constatações e convicções de que o trabalho intelectual só tem valor se é vinculado a coisas materiais, infelizmente. A música ao disco. O escrito ao papel. A artesanato ao material de que é feito. E assim vai...E, então, dizer o que do trabalho cultural?
Leitores: O texto veio a minha mente, como poderia ter vindo à minha mente, porque, de vez em quando, tenho que me indignar com algumas situações que surgem em meu caminho. E que me mostram o quanto é difícil medir-se o trabalho intelectual. Um texto como este vale alguma coisa?
Euclides Riquetti
11-04-2014
É verdade. Professor é o profissional mais mal remunerado. Temos que ensinar o povo a valorizar este profissional. E como?! Todo professor deve ensinar "CIDADANIA", DAR EXEMPLO E COBRAR, meu amigo Riquetti. Um abração a todos.
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