O Hospital São José, que funcionou durante 70 anos em Capinzal, no Meio-oeste Catarinense, fechou suas portas hoje, 30 de junho de 2014, às 18 horas. Já às 16 horas, os pacientes que se encontravam internados foram transferidos para o Hospital Nossa Senhora das Dores. Senti vontade de chorar. Foi como se, em minha cidade natal, tivéssemos perdido uma pessoa de bem, um amigo de muitos anos!
O São José foi, durante três décadas, conhecido como o "Hospital do Doutor Favorito". Depois passou a ser chamado de "Hospital do Doutor Celso". Adiante, já sob a tutela do Doutor Pedro Toaldo, passou a ser chamado de "São José". Hoje, com 50 leitos e atendendo 70% de seus pacientes internados através do SUS, com a realização de cerca de 500 procedimentos cirúrgicos diversos anualmente e uma média de 1.500 internamentos (por ano), paralisou, definitivamente, suas atividades. Vinha sendo dirigido pelo competente Dr. Pedro Lélis Panis.
Ouvimos duas entrevistas do Panis. Uma, há poucos dias, informando que o Hospital iria fechar suas portas. E, outra, agora há pouco, informando que o São José não está mais em atividade. Com a política de gestão da saúde atual, é tido como certo que os hospitais com menos de 50 leitos sejam desativados. E isso é uma realidade muito cruel. A Tabela do SUS - Sistema Único de Saúde, não é reajustada há 19 anos. A remuneração dos serviços que os hospitais particulares e filantrópicos recebe do Ministério da Saúde (SUS), é vergonhosa. Conheço o sistema, fui Prefeito em Ouro e fui Secretário da Saúde naquela cidade. Também fui membro do grupo Amigos do Hospital Nossa Senhora das Dores e sei das dificuldades que as instituições têm para se manter. Há três anos, para pagarmos o Décimo Terceiro Salário dos funcionários, fizemos uma rifa de uma Kombi reformada, doada pela família de uma jovem que havia sido internada e que se sensibilizou com o atendimento. Fizeram questão de doar a perua, que rifamos para cumprir esse compromisso.
O Nossa Senhora das Dores só foi salvo porque as comunidades de Capinzal, Ouro e Zortéa, ajudam o mesmo através de uma contribuição inclusa nas faturas de consumo de água do SIMAE. Esses municípios mantêm convênios com o Hospital, que é filantrópico, e pertence às Irmãs Servas de Maria Reparadoras. Pela sua condição institucional, pode receber recursos e equipamentos dos governos das três esferas. Mas o São José, particular, não tem toda a atenção e proteção necessária para sobreviver, embora tenha prestado serviços de relevância social.
Minha família utilizou os seus serviços. Meu filho, Fabrício, nasceu ali. Muitos de vocês, amigos e leitores, principalmente quem é originário do Baixo Vale do Rio do Peixe, foi atendido ou teve um familiar ali atendido. Agora, infelizmente, perdemos o São José. Capinzal está de luto. Assim como Ouro e Zortéa, e ainda 19 outros municípios da região de onde recebeu pacientes por sete décadas.
O time de funcionários, muito bem preparado, já está sendo encaminhado para trabalhar nas cidades vizinhas. Os médicos já vinham atuaando, paralelamente, no "Hospital de Cima". O São José, conhecido também como o "Hospital de Baixo", está fechado. Muito a lamentar.
Euclides Riquetti
30-06-2014
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