Liguei para o Amílcar. Eu estava preocupado com as enchentes em Porto União e União da Vitória, onde tenho familiares e convivi com ele na juventude. O Celular da Tim está uma calamidade. Mais calamidade do que nas cidades onde choveu e os rios transbordaram. Então ele me retornou ligação por um telefone convencional. Disse-lhe que estava preocupado com a situação calamitosa, que vi fotos no facebook dos amigos de lá. O Bairro São Cristóvão totalmente coberto por águas. Assim o Rio da Areia, o São Bernardo, o Santa Rosa e os arredores da "Ponte do Arco". Na Manoel Ribas, havia água num longo trecho, bem depois do Túlio de França. Eu morei no número 1.000, em frente ao Posto do Zeca Ravanello e dos irmãos dele. A água estava uma quadra abaixo do Posto Ipiranga.
O Amílcar falou-me que até desistiram de entregar erva-mate nos mercados de lá. Muitos deles estão invadidos pelas águas. "Sabe, Riquetto, a Avenida Bento Munhoz, aquela que nóis costumava andá de bicicleta, tá tudo alagada. Mais de um metro de água. Lá onde tinha o campo do São Bernardo, tudo debaxo da água. As oficina mecânica, posto de gasolina, escolas, capela, madereras, tudo feio. Até o Governo anda por lá de alicópitro. Mais nóis sabemo, vai sê sempre assim. O rio vem sempre buscá o que é dele, o cisco que deixô na otra inchente."
Falei-lhe que tenho comunicação na internet com amigos que me relatam, a todo o momento, sobre a situação. E que aqui, graças a Deus, não aconteceu nada de grave, que o Rio do Peixe é violento, mas que, comparado com o Iguaçu, onde as águas andam lentas, não houve elevação em níveis preocupantes. Perguntei-lhe como está sua Nena, a neta, a filha, o genro, o pessoal de General Carneiro e de Palmas.
"Óia, Riquetto, tirando que o precio da erva baxô um poquinho, o resto a zente resolve. A netinha tá que é uma lindinha. A Nena tá grudada naquele zapezape do telefone que se iscuta e se vê gente. Otro dia, por causo desse zapezape fiquei sem gasolina no Gól. A bateria tava fraca porque tava frio e dexei o auto ligado e disse que era pra ela cuidá inquanto eu ia busca um Melhoral na farmácia e um pacote de Rinso no armazém. Lá eu incontrei o amigo Albino e ficamos falando de futebol. Quando cheguei in casa o motor do carro tava parado cum a save ligada. Funcionô mais de uma hora e ela num se alembrô de desligá. Resultado: foi-se a gasolina... Tudo por causa daquele zape-zape que ela num larga de mexê."
Tive que rir muito da indignação dele. Perguntei o que estava achando da Copa, do time brasileiro. Disse-me: "O Filipon percisa dá de "reio ou de soitera" nos jogador. Cambada de medroso. Contra o Méssico, ficarum o primero tempo lá atráis cum medo dos otro. E despois, só quando o zogo tava no fim é que foro pra cima deles. Bem feito que num ganharum. Mais asso que vamo ficá im primero no nosso grupo. Veza bem o que tá aconteceno quá Ispanha: ganharum a mala de vorta antes do tempo!"
Convidei-o a nos visitarem. Disse que é difícil porque a Nena, se é pra sair de Palmas, só pra General ver a neta ou para fazer umas compras em União da Vitória. Agora, com a situação tão anormal, nem isso.
Despedimo-nos combinando que, certamente, vamo nos encontrar em Canasvierias lá por setembro ou outubro. É sempre bom reencontrar amigos, não importa como são. Mas amigos de verdade, são verdadeiros mesmo em sua simplicidade.
Abração, amigão Amílcar!
Euclides Rquetti
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