Carro da Escola de Samba Aliança, a pentacampeã do Carnaval de Joaçaba e Herval
Carnaval de Joaçaba e Herval
sobreviveu, apesar de...
Nosso carnaval
sobreviveu, mesmo com muita gente torcendo contra. E o Governo do Estado,
através da SOL, fez tudo direitinho para não gastar seu rico dinheirinho,
abrindo prazos ridículos para a habilitação dos entes, realização de
licitações, etc, etc. Se, por um lado isso foi muito ruim, por outro,
mostrou-nos que temos que ter o evento feito às nossas próprias custas e
contas.
Há de se
considerar ainda que, nos anos anteriores, estava lá sempre o Filipe Melo,
dando uma mãozona. Agora, com ação política menor, ficaram nos devendo. Salvos,
mais uma vez, por Jorginho Melo, que se desdobrou, em Brasília, para que os
recursos da Lei Rouanet pudessem ser captados. Aqui, louve-se a ação do jovem
presidente da LIESJHO, Dihego Joe Muller, que não deixou a peteca cair, mesmo
diante de tantas dificuldades. Mas nosso carnaval precisa ser repensado
seriamente, pois corremos o risco de, em pouquíssimos anos, ficarmos sem nossa
já tradicional festa.
Nesta época,
costumo observar e ouvir muito, analisar os prós e os contras do evento. E
tenho minhas considerações pessoais a fazer, como resultado disso:
a)
A
grande maioria das pessoas da área central da cidade está de saco cheio com o
carnaval. O comércio perde muito, não pela existência das arquibancadas, mas
porque já há um pensamento generalizado na microrregião de que é impossível
andar por Joaçaba nesta época. Não perdem apenas os comerciantes da Avenida XV
de Novembro, mas de todas as cercanias. E
muita gente quer paz e não bagunça, pois a idade está avançando para todos.
b)
Sempre
que se fala em sambódromo, há os que defendem a permanência da festa onde hoje
é realizada. Dizem que o carnaval morre se sair do centro. Eu penso ao
contrário: é preciso fazer, ao menos, uma experiência. E garantir que o evento
seja bem aceito pelos joaçabenses. Se construirmos uma estrutura bem projetada
e organizada, com extrema segurança e conforto para quem vai assistir, não
haverá riscos. Temos lugares com no máximo 3 Km de distância do centro que
podem sediar o desfile. Se permanecer no centro, o risco de morrer é maior.
c)
A
cidade recebeu muitos turistas, que salvaram nosso carnaval. O Carnafolia atrai
mais gente de fora do que o próprio desfile. Os jovens que aqui vêm para se
divertir, de todo o Sul do Brasil, ficam 4 ou 5 noites na cidade. Os demais,
ficam uma ou duas. E gastam bem. Movimentam mercados, restaurantes, hotéis e
táxis. Pela ação da Lola Heberle, quando de uma visita que fizemos a Bituruna e
Faxinal do Céu, Paraná, recebemos mais de 50 pessoas daquela cidade: Prefeito Claudinei
de Paula Castilhos; Vice Rodrigo Marcante; Presidente da Câmara João Marcel
Nhoatto; Presidente do Conselho de Turismo Jairo Ravanello, com as esposas. E
um ônibus com mais 46 mulheres que desfilaram pela Aliança, lideradas pela primeira
dama Adriana Dalmas. Gente de outro estado que se fez presente para compor uma
ala.
d)
A
Vale Samba precisa voltar. Acho que seus simpatizantes devem aproveitar as
festas do Centenário de Joaçaba para produzirem eventos ou comércio que lhes
permitam ganhar dinheiro e pagar as dívidas. A marca “Vale Samba” é forte e
pode render dinheiro. A rivalidade entre ela e a Aliança era benéfica para o
Carnaval. Neste ano, muitos vazios nas arquibancadas.
e)
A
organização deixou generosos espaços para quem não quisesse pagar ingresso.
Isso diminuiu um pouco o número de pessoas nas arquibancadas. Como há dinheiro
público investido, muito justo. Foi um ponto positivo. Mas, mesmo assim, muito
menos gente na cidade nas noites de desfile. Estava fácil para estacionar carros
a menos de 500 metros do local deste.
f)
As
escolas tiveram número de participantes menor do que nos anos anteriores, tanto
que Unidos e Acadêmicos perderam pontos por não cumprirem requisitos de
obrigatoriedade. Falta de motivação, simples desinteresse dos antigos
simpatizantes, ou mesmo falta de dinheiro para bancar fantasias?
g)
As
escolas estão-se adequando à realidade financeira. Seus dirigentes fizeram o
máximo que puderam. Tiveram contra si as indecisões quanto à liberação ou não
de recursos de Brasília e de Florianópolis. Isso atrapalha, sensivelmente, o
planejamento delas. Seus dirigentes estão de parabéns, pois mesmo com todas as
adversidades conseguiram fazer com que nosso principal evento fosse realizado.
Agora, cabe a todas as lideranças públicas, empresariais e culturais fazerem
uma avaliação bem apurada sobre tudo. E decidirem, juntos, que rumo tomar.
Pois, ao contrário, estamos com sério risco de perdermos uma festa muito bonita
e que é a que mais projeta as cidades nos cenários estadual e nacional.
Euclides Riquetti – Técnico em Contabilidade
Professor Aposentado e escritor
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