Dois assuntos
que, normalmente, ocupam as manchetes nos meios de comunicação são o futebol e
a política. Neste ano, ambos não têm motivado os brasileiros ao interesse. De
fato, são assuntos em “estado desinteressante”.
Nós, os
brasileiros, tivemos uma forte decepção em 2014, quando a Copa do Mundo de
Futebol foi realizada aqui no Brasil. Além de uma vexatória derrota por 7 a 1
diante da Alemanha, vimos as notícias que foram se sucedendo, mencionando os
casos de superfaturamento nos valores das construções dos estádios e a
corrupção reinante na administração
pública. Costuma-se dizer que as derrotas são pedagógicas mais do que as
vitórias. Sou obrigado a concordar com quem afirma isso.
Se dermos uma
observada nas vitrines das lojas de nossas cidades, ou mesmo nas fachadas das
casas, pouco ou nada vemos em termos de motivos alusivos à Copa. E não é apenas
pelos 7 a 1 de há 4 anos, mas é que há uma maturidade crescente nas pessoas que
gostam de futebol. Sabem que os jogadores de futebol ganham fortunas e não
devolvem aos torcedores a contrapartida esperada em termos de rendimento.
O futebol está
nivelado, não existe mais clube bobinho, nem seleção bobinha. As facilidades de
comunicação possibilitam que todos vejam muitos jogos, em todas as partes do
mundo. Joguei bola até meus 55 anos, fui de presidente a treinador no âmbito
amador. Embora muito se fale, não houve evolução tática, mas apenas algumas
invencionices. Os treinadores têm muitas teorias em mente, os jogadores são
mais preparados para dar entrevistas, mas os erros cometidos são os mesmos de
sempre.
Observei bem as
seleções nos jogos da primeira rodada. As equipes ficam tocando a bola atrás,
esperando uma oportunidade para atacar. Vão para um lado, voltam para o outro,
falta-lhes arrojo e acabam perdendo a bola sem sequer terem tentado o chute a
gol. Na bola parada, não temos um batedor que nos dê grandes esperanças. Pra
quem já teve Didi, Rivelino, Nelinho, Éder Aleixo, Zico, Roberto Dinamite,
Branco, Roberto Carlos e outros, é decepcionante ver a capacidade de chute dos
atuais jogadores. E tem mais: sempre tive treinadores que diziam: “a bola dentro da área pequena é sempre do
goleiro”, que normalmente tem considerável estatura e ainda conta com os braços
para alcançar a bola. Outra: “Quando a bola está em nossa área, dá-se um bico e
manda-se pra longe, evitando perdê-la e tomar gol”. No jogo do empate da nossa
seleção diante da Suíça, primeiro a zaga deu toquinhos dentro da área, em vez
de afastar a bola, gerando um escanteio. Depois, na cobrança, o goleiro não deu o grito: “É minhaaaaa”!, costumeiro
em arqueiros que mandam em sua área e saem para pegar os soquear a bola. Ainda,
falta ousadia aos atacantes, joga-se com um meio-campo inflacionado de
jogadores e deixa-se um atacante escondido em meio a grandalhões adversários. E
ainda temos alguns torcedores fiasquentos fazendo asneiras por lá. Criados num
país em que impera a indisciplina, pensam que em todos os lugres do mundo há
bagunça e desrespeito como há aqui. Na segunda rodada, o Brasil venceu a Costa Rica por 2 a 0. Mas os gols de Philippe Coutinho e Neymar Jr foram anotados nos acréscimos do jogo.
Na política não
é muito diferente: escala-se para os cargos pessoas que a população quer ver de
costas, mas vota neles. E se compõem equipes de assessoria muito
desqualificadas, que pouco ajudam a quem as emprega. A decepção é tão grande
quanto é com o futebol. Então, aguardar que tudo passe logo e que o ano não
seja perdido... E ficar de olho nos projetos em votação nas esferas da
administração pública, para não sermos enganados, como já o fomos outras vezes.
Euclides Riquetti – escritor – membro da ALB/SC
26-06-2018
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