Viajar...passear...a vida que escolhi para minha pós-aposentadoria.
Penso que as pessoas, a maioria delas, têm comportamentos distintos em si mesmas. Sermos diferentes dos outros já é da conta, mas sermos diferentes em nós mesmos é algo para uma autoanálise. De repente que as pessoas não param para ver como é isso, mas neste início de ano percebo que desenvolvi alguns costumes habituais que se tornaram de meu efetivo comportamento. Tenho um lado "A" e um lado "B". E isso me assusta, pois, para minha paz, eu deveria ter somente o primeiro, o que me soa como algo tenro, suave. Porém uma parte de mim está robotizada e eu preciso superar isso. Por mim mesmo, sem ajuda profissional.
Segundo meus próprios entendimentos, advindos dos conceitos e opiniões da galera do ramo, para a cura dos males, o primeiro passo é reconhecer que se tem um mal. E o meu, pela minha avaliação, é esse algo que me impele a fazer alguma coisa, em todos os momentos.Não consigo ficar parado. Agora, por exemplo, enquanto escrevo ouço o noticiário no rádio e oriento minha netinha a colocar seus livrinhos numa caixinha.
Há algumas coisas que faço enquanto durmo: roncar, revirar-me e, sobretudo, sonhar, e esta é um grande ganho de tempo, pois quando se sonha dormindo podemos ter satisfações que a vida diária não nos oferece. Por exemplo, quando tinha uns 17 anos e lavava carros no Posto Dambrós, em Ouro, sonhei que meu pai tinha comprado o Aero Willys do Oscar Goulart, genro do amigo dele, o Luiz Gonzaga Bonissoni. Fiquei muito feliz, vivi meus quinze minutos de felicidade.
Quando acordei, fiquei decepcionado, ( a realidade é mais dura e só seis anos depois a família comprou seu primeiro carro), mas compensei isso colocando carros na rampa para lavar. Colocava a Kombi do Chascove, a Veraneio do Dr. Vicente e a do Apolônio Spadini, os fuscas do Breno Toaldo, da Celita Colombo, do Aílton Viel e do Meneghotto. (Acho que lembro bem destes porque eram os que me davam gorjetas). Tinha a F-100 do Doin, mas tinha também o Galaxie do Dr. Celso, o DKW do Olávio Dambrós, o caminhão do José Andrade, a pick up do Antônio Biarzi, a do Silvestre Godoy, e o caminhão do Zitro Brum, também alguns jipes, muitos jipes.
O mais enjoado era o Laurindo Biarzi, com seu jipe "54". Mas era a forma que eu tinha de materializar meus sonhos. Trabalhosa, é claro, que me resultou uma pneumonia, um ano depois, curada pelo mesmo Dr. Vicente da Veraneio, lá no Hospital Nossa Senhora das Dores, quando já havia passado no vestibular. Fiquei uma semana internado...sonhando!
E tem o "sonhar acordado", que também pratico muito. Quando meus filhos eram pequenos e percebiam que eu estava sonhando acordado, pediam-me algo e eu respondia "sim". Depois, vendo o que faziam, eu reclamava e eles diziam que eu tinha autorizado fazer aquilo. Eu não lembrava, mas certamente havia permitido. Fiz isso enquanto sonhava acordado.
Também tenho minha conduta romântica, as minhas inspirações, meu afeto, minha grande capacidade de sentir, amar, querer, querer proteger. Tudo no lado "light", o A.
Mas, o que me intriga, é esse meu lado "B". Acordo pensando no que vou fazer. Sinto culpa se não tiver algo de concreto para produzir. Quando em feriados, tenho que fazer algum reparo na casa (nova), cortar grama, ajeitar a rua, lavar um carro, lavar calçadas, a louça... Parece-me, sempre, que tenho que fazer algo material, braçal.
E, hoje, depois de 48 anos "batendo ponto" em alguma empresa, escola ou repartição, é o primeiro dia em que estou livre de vínculos profissionais. Sou apenas um professor aposentado. E isso me intriga. Vou ver quanto tempo levarei para migrar minha cabeça para uma nova situação. De repente que me livro desse lado "B". Escrever crônicas e poemas está no meu "A". Posso começar lavando um carro, organizando um monte de papéis, fazendo caminhadas, correndo... E ajeitar as malas para uma bela viagem. E avolumar muito o lado "A" para que ele ocupe todo o espaço que eu usava para praticar o meu lado robotizado. É, acho que é por aí: começar um novo ano com uma nova postura, um novo e mais agradável modo de viver. Não à autorrobotização!!!
E continuar escrevendo para que você leia!
Euclides Riquetti
Segundo meus próprios entendimentos, advindos dos conceitos e opiniões da galera do ramo, para a cura dos males, o primeiro passo é reconhecer que se tem um mal. E o meu, pela minha avaliação, é esse algo que me impele a fazer alguma coisa, em todos os momentos.Não consigo ficar parado. Agora, por exemplo, enquanto escrevo ouço o noticiário no rádio e oriento minha netinha a colocar seus livrinhos numa caixinha.
Há algumas coisas que faço enquanto durmo: roncar, revirar-me e, sobretudo, sonhar, e esta é um grande ganho de tempo, pois quando se sonha dormindo podemos ter satisfações que a vida diária não nos oferece. Por exemplo, quando tinha uns 17 anos e lavava carros no Posto Dambrós, em Ouro, sonhei que meu pai tinha comprado o Aero Willys do Oscar Goulart, genro do amigo dele, o Luiz Gonzaga Bonissoni. Fiquei muito feliz, vivi meus quinze minutos de felicidade.
Quando acordei, fiquei decepcionado, ( a realidade é mais dura e só seis anos depois a família comprou seu primeiro carro), mas compensei isso colocando carros na rampa para lavar. Colocava a Kombi do Chascove, a Veraneio do Dr. Vicente e a do Apolônio Spadini, os fuscas do Breno Toaldo, da Celita Colombo, do Aílton Viel e do Meneghotto. (Acho que lembro bem destes porque eram os que me davam gorjetas). Tinha a F-100 do Doin, mas tinha também o Galaxie do Dr. Celso, o DKW do Olávio Dambrós, o caminhão do José Andrade, a pick up do Antônio Biarzi, a do Silvestre Godoy, e o caminhão do Zitro Brum, também alguns jipes, muitos jipes.
O mais enjoado era o Laurindo Biarzi, com seu jipe "54". Mas era a forma que eu tinha de materializar meus sonhos. Trabalhosa, é claro, que me resultou uma pneumonia, um ano depois, curada pelo mesmo Dr. Vicente da Veraneio, lá no Hospital Nossa Senhora das Dores, quando já havia passado no vestibular. Fiquei uma semana internado...sonhando!
E tem o "sonhar acordado", que também pratico muito. Quando meus filhos eram pequenos e percebiam que eu estava sonhando acordado, pediam-me algo e eu respondia "sim". Depois, vendo o que faziam, eu reclamava e eles diziam que eu tinha autorizado fazer aquilo. Eu não lembrava, mas certamente havia permitido. Fiz isso enquanto sonhava acordado.
Também tenho minha conduta romântica, as minhas inspirações, meu afeto, minha grande capacidade de sentir, amar, querer, querer proteger. Tudo no lado "light", o A.
Mas, o que me intriga, é esse meu lado "B". Acordo pensando no que vou fazer. Sinto culpa se não tiver algo de concreto para produzir. Quando em feriados, tenho que fazer algum reparo na casa (nova), cortar grama, ajeitar a rua, lavar um carro, lavar calçadas, a louça... Parece-me, sempre, que tenho que fazer algo material, braçal.
E, hoje, depois de 48 anos "batendo ponto" em alguma empresa, escola ou repartição, é o primeiro dia em que estou livre de vínculos profissionais. Sou apenas um professor aposentado. E isso me intriga. Vou ver quanto tempo levarei para migrar minha cabeça para uma nova situação. De repente que me livro desse lado "B". Escrever crônicas e poemas está no meu "A". Posso começar lavando um carro, organizando um monte de papéis, fazendo caminhadas, correndo... E ajeitar as malas para uma bela viagem. E avolumar muito o lado "A" para que ele ocupe todo o espaço que eu usava para praticar o meu lado robotizado. É, acho que é por aí: começar um novo ano com uma nova postura, um novo e mais agradável modo de viver. Não à autorrobotização!!!
E continuar escrevendo para que você leia!
Euclides Riquetti
Escrito em 02-01-2013 - e a partir deste dia, nunca mais trabalhei! Apenas viajei, escrevi, vivi!
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