Ouro do sol e dos trigais/ Ouro dos nossos laranjais - são os dois primeiros versos do Hino ao Ouro, composto e musicado pela Dona Vanda Faggion Bazzo e o Egídio Balduíno Bazzo, o Titi. Referem-se à abundância do trigo plantado, anualmente, naquele lugar do Baixo Vale do Rio do Peixe. E dos laranjais existentes nas propriedades rurais e quintais das casas da cidade. Os descendentes de italianos vindos da Serra Gaúcha, nas três primeiras décadas do século passado, trouxeram com eles as sementes de trigo e as mudas de laranjas e outros cítricos.
Com relação ao trigo, todas as 1.200 famílias ainda o cultivavam até a década de 1970. Depois, a atividade foi sendo substituída, por diversos motivos: As sementes não eram mais tão resistentes e férteis, o trigo importado da Argentina e da Rússia era muito barato, o trigo importado pelos moinhos era subsidiado pelo Governo Brasileiro para que o pão fosse barato, a mão-de-obra familiar já não era tão abundante, e as pequenas áreas, principalmente em Ouro e Lacerdópolis, não comportavam economicamente a atividade. Já as laranjeiras, que foram plantadas pelos colonizadores, estavam envelhecendo e as árvores precisavam ser substituídas.
Em 1989 intituímos dois programas oficiais em Ouro. O Ouro dos Trigais e o Ouro dos Laranjais. Dávamos um saco de sementes de trigo para cada um adquirido pelo agricultor. Na época ainda tínhamos 918 famílias trabalhando na agricultura e 680 voltaram a plantar o cereal nobre. Já havia melhores sementes e tínhamos parceria com uma empresa local que as produzia. Mas essa onda não durou muito nos anos adiante. Acho que as condições topográficas não estimulavam o produtor.
Com relação aos cítricos, passamos a adquirir mudas em Esteves Júnior, município de Piratuba, e em Laurentino, próximo a Rio do Sul. O caminhão da Prefeitura fazia a busca, a Epagri e a Secretaria Municipal de Agricultura compravam e organizavam a distribuição, e para cada 10 mudas adquiridas o produtor levava mais três de bonificação. Conseguimos obter as das bonificações porque realizamos uma grande quantidade de compras. Não tivemos custos para o Município. Depois organizamos o Programa Ouro dos Ervais em que, da mesma forma, o agricultor ganhava três mudas de erva-mate para cada dez que comprasse e plantasse. Com isso, hoje, a maioria das proprieades estão repletas de laranjas de diversas variedades, principalmente a Valência, além de Morgotas e Ponkans.
Mas o que me leva a voltar ao tempo são duas simples histórias que presenciei ali:
Contou-me o Moisés teixeira Andrade, morador da Linha Bonita, que em 1902, quando seus avôs chegaram ali plantaram duas laranjeiras que resistiram por 100 anos. E uma delas está lá, ainda hoje, com 110 anos, produzindo laranjas. Eu mesmo a vi carregada de belas laranjas comuns, recentemente. É motivo de muito orgulho para a família Teixeira Andrade, que chegou ali ainda antes dos italianos.
Outra quem me contou foi o Américo Faé, morador da Linha Carmelinda. Em sua propriedade, eles têm ainda muitos pinheiros, grande parte com de 50 anos de idade. É que, quando eram criança, ele e seus dois irmãos costumavam "fazer artes", como ele mesmo diz. E, quando o pai descobria, dava a cada um um vasilhame com um quilo de pinhão e mandava que fossem plantar em suas terras. Era o seu castigo. Foi o castigo mais ecológico de que tenho notícia.
Plantar árvores, ter filhos e escrever um livro, como citou o Ademir Belotto no lançamento de um livro da Dona Olga Maria Siviero Brancher, lá no Centro Educaional Celso Farina, em Capinzal, há alguns anos, são três realizações que todas as pessoas deveriam ter feito em sua vida. Não lembro quem é o autor da frase e nem se ela tem o texto dessa forma, mas é uma verdade incontestável. Se, pelo menos, todos puderem desenvolver duas dessas, terão feito sua parte e ajudado a construir, positivamente, a história da Humanidade. De minha parte, cumpri duas integralmente e uma delas parcialmente.
Euclides Riquetti
06-01-2013.
Com relação ao trigo, todas as 1.200 famílias ainda o cultivavam até a década de 1970. Depois, a atividade foi sendo substituída, por diversos motivos: As sementes não eram mais tão resistentes e férteis, o trigo importado da Argentina e da Rússia era muito barato, o trigo importado pelos moinhos era subsidiado pelo Governo Brasileiro para que o pão fosse barato, a mão-de-obra familiar já não era tão abundante, e as pequenas áreas, principalmente em Ouro e Lacerdópolis, não comportavam economicamente a atividade. Já as laranjeiras, que foram plantadas pelos colonizadores, estavam envelhecendo e as árvores precisavam ser substituídas.
Em 1989 intituímos dois programas oficiais em Ouro. O Ouro dos Trigais e o Ouro dos Laranjais. Dávamos um saco de sementes de trigo para cada um adquirido pelo agricultor. Na época ainda tínhamos 918 famílias trabalhando na agricultura e 680 voltaram a plantar o cereal nobre. Já havia melhores sementes e tínhamos parceria com uma empresa local que as produzia. Mas essa onda não durou muito nos anos adiante. Acho que as condições topográficas não estimulavam o produtor.
Com relação aos cítricos, passamos a adquirir mudas em Esteves Júnior, município de Piratuba, e em Laurentino, próximo a Rio do Sul. O caminhão da Prefeitura fazia a busca, a Epagri e a Secretaria Municipal de Agricultura compravam e organizavam a distribuição, e para cada 10 mudas adquiridas o produtor levava mais três de bonificação. Conseguimos obter as das bonificações porque realizamos uma grande quantidade de compras. Não tivemos custos para o Município. Depois organizamos o Programa Ouro dos Ervais em que, da mesma forma, o agricultor ganhava três mudas de erva-mate para cada dez que comprasse e plantasse. Com isso, hoje, a maioria das proprieades estão repletas de laranjas de diversas variedades, principalmente a Valência, além de Morgotas e Ponkans.
Mas o que me leva a voltar ao tempo são duas simples histórias que presenciei ali:
Contou-me o Moisés teixeira Andrade, morador da Linha Bonita, que em 1902, quando seus avôs chegaram ali plantaram duas laranjeiras que resistiram por 100 anos. E uma delas está lá, ainda hoje, com 110 anos, produzindo laranjas. Eu mesmo a vi carregada de belas laranjas comuns, recentemente. É motivo de muito orgulho para a família Teixeira Andrade, que chegou ali ainda antes dos italianos.
Outra quem me contou foi o Américo Faé, morador da Linha Carmelinda. Em sua propriedade, eles têm ainda muitos pinheiros, grande parte com de 50 anos de idade. É que, quando eram criança, ele e seus dois irmãos costumavam "fazer artes", como ele mesmo diz. E, quando o pai descobria, dava a cada um um vasilhame com um quilo de pinhão e mandava que fossem plantar em suas terras. Era o seu castigo. Foi o castigo mais ecológico de que tenho notícia.
Plantar árvores, ter filhos e escrever um livro, como citou o Ademir Belotto no lançamento de um livro da Dona Olga Maria Siviero Brancher, lá no Centro Educaional Celso Farina, em Capinzal, há alguns anos, são três realizações que todas as pessoas deveriam ter feito em sua vida. Não lembro quem é o autor da frase e nem se ela tem o texto dessa forma, mas é uma verdade incontestável. Se, pelo menos, todos puderem desenvolver duas dessas, terão feito sua parte e ajudado a construir, positivamente, a história da Humanidade. De minha parte, cumpri duas integralmente e uma delas parcialmente.
Euclides Riquetti
06-01-2013.
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