Costumo dizer que
a democracia brasileira não segue padrões, é atípica. Então, estabeleço, para mim mesmo e
meus interlocutores um caminho, uma espécie de via ou estrada por onde os
políticos correm, cada um com sua opção partidária, com seus costumes e
vivências.
Assim, realizo-a
com um leito de seis metros de largura, em que traço cinco pistas, sendo quatro
de um metro e outra de dois metros de largura, por onde os políticos costumam
transitar. A de dois metros, ao centro, com duas de um metro em cada um de seus
lados. É uma estrada longa, sinuosa, confusa.
Na primeira, à
esquerda, situam-se os que são filiados aos partidos de esquerda, notadamente
os do PT, PCdoB, Psol. Na quinta pista, a da direita, alojo os recém-chegados,
alguns neo-políticos, onde se alojam os do PSL e afins. Na do meio, com dois
metros, a mais larga, transitam os de vários partidos, comportando PSDB, PMDB,
PP, PTB, PSD e DEM. De nosso amontoado de partidos, cujos filiados nem sequer
conhecem seus programas, sobram a segunda e a quarta pistas, de um metro de
largura cada uma. Alinhando-as, ficamos com raias enfileiradas onde os que
correm por elas buscam alguma direção, ou direção nenhuma. Isso lhe parece
controverso? Pois é isso mesmo! Para clarear ou para confundir de vez sua
cabeça.
Sempre digo que
a esquerda e a direita são necessárias ao País. A esquerda nos governou em 14
dos últimos 20 anos. A direita nos tem governado por 5 meses e uma semana. A
turma do centro, a que anda na larga raia do meio, “cuidou de nós” por umas
três décadas. Centro e esquerda sucederam os governos militares, ficaram o
tempo todo classificando a direita como incompetente e corrupta. Pois
conseguiram fazer pior do que eles, deixando campear a corrupção, a ladroagem,
o apadrinhamento aos incompetentes, a omissão em questões muito sérias e o
aparelhamento ideológico no funcionalismo público e nas universidades.
Temos uma
confusão política, uma certa incapacidade administrativa e, agora, uma direita
tentando impor sua ideologia. Há três décadas e pouco, li e escrevi uma
monografia sobre o educador Moacir Gadotti, que esteve em Capinzal recentemente
palestrando no Simpósio Pedagógico do Colégio Mater Dolorum, e tive o
entendimento de uma de suas linhas de pensamento onde diz que todo o ser
oprimido se torna um opressor em potencial. Trazendo isso à realidade, dá para
ver que a esquerda foi oprimida durante o período do Governo dos Generais,
surfou nas ondas acalentadoras dos governos do MDB e do PSDB, oprimiu a direita
por 14 anos e, agora, a direita dá o troco a partir do Governo de Jair
Bolsonaro.
E, nesses anos
todos, em mais de 30 anos de redemocratização, o centro, que não gosta de ser
chamado de Centrão, deu as cartas do jogo, aproveitou-se de todas as situações
possíveis, ajudou a quebrar o Brasil, derrubou Collor e Dilma, o primeiro por
causa de uma Fiat Elba e esta por causa de uma pedala fiscal. Fez como o agente
que joga droga no carro do malandro para incriminá-lo... E tem as rédeas da
condução do destino econômico e político do País, vai continuar dando as cartas
do jogo, aprovando, no Congresso apenas o que lhe convém.
E é aí que vem a
importância de que se ocupem a segunda e a quarta raia da estrada da
democracia. A esquerda, posicionando-se na número dois, fazendo a oposição
necessária e responsável, mas com um comportamento ético e lúcido. Enquadro
nesse caminho políticos do calibre do catarinense Neodi Saretta e do gaúcho
Paulo Paim. Os da direita, que transitem na raia número 4, deixem de ser
ridículos, pensem no Brasil com seriedade, sem tentar impor sua ideologia de
direita, que é tão nefasta como a da esquerda radical. Posso sugerir o
seguimento de pensamentos como os dos ex-Deputados Odacir Zonta, Otávio Gilson
dos Santos, Jorgelino Rosa e do atual Senador Jorginho Melo.
Já os que
ficarem se alojando no caminho do Centrão, continuarão ainda detendo forte e
considerável poder, mas cedo ou tarde vão acabar banidos da política como o
foram muitos de seus colegas nas eleições do ano passado. Precisamos de
políticos com responsabilidade!
Euclides Riquetti – Autor de Crônicas do Vale do Rio do Peixe
e outros lugares www.blogdoriquetti.blogspot.com
Richetti me perdoe, para mim, você conseguiu embolar ainda mais o meio campo político. Claro que a direita e a esquerda são necessárias para a harmonia, é como se fossem os dois pratos de um balança.
ResponderExcluirQualquer bobo vê aquilo que fizeram aqui, a partir de 2006, primeiro o "Mensalão", depois a 'Lava Jato", o trabalho sujo da mídia e a instrumentalização do Judiciário e das Forças Armadas a partir de Washington. Tudo isso visou recolocar em "seu lugar", aqueles que se perpetuaram por mais de 500 anos, ou melhor, desde que chamaram isso aqui de Brasil. Ou vocês entendem que Aécio, Serra, Temer, e agora a "Idiocracia" dos 'Bolsonada" querem o quê quando destroem e entregam tudo aquilo que nos permitiria a soberania? Querem corrupção maior que essa?
Aqui sempre foi assim: voltemos apenas à época de Vargas, depois Jango e agora o PT com Lula/Dilma. Bastou uma parte da sociedade mobilizar-se pela inclusão: (distribuição da terra, moradia, saúde, educação, segurança...que a turma que sempre mamou, a começar pelo Império, nossa elite tola e a classe média emburrecida desfraldassem a velha bandeira udenista da corrupção para, desmoralizando, desmobilizar os "intrusos".
Corrupção, para mim, é como se fosse a gripe. Ela está aí e você precisa conviver com ela, ou então, fazer como fazem os adoradores do "conge", achando que esse idiota acabará com A maldita corrupção.
Combater esse mal é necessário, mas quando ataca-se somente um dos lados fica muito difícil entender.
O que está nos matando é esse maldito neoliberalismo e a falta completa de um projeto de Nação, seja ele de esquerda, de direita ou de centro. Não importa em qual pista se ande, há que andar direito, com objetivos claros para todos, não apenas para os rentistas e os bancos...
Explicando Conge: é como Moro chama cônjuge. Ele também confunde sob com sobre, câmera com câmara. Como dizem: o seu forte é a língua inglesa...