segunda-feira, 2 de março de 2020

Algumas considerações do pós-carnaval: Quem ajuda e quem atrapalha?



Prédio da Prefeitura de Joaçaba...


       Quando o ministro Augusto Heleno disse que os parlamentares estão chantageando o Governo, não disse nenhuma mentira. Até as pedras em que as pessoas tropeçam sabem que boa parte dos parlamentares, em todos os níveis, costumam chantagear os prefeitos, governadores e até os presidentes da república. Foi assim e continua assim, mesmo com os sustos que têm levado nas eleições. No pleito de 2018, em nível federal, muitos deles foram banidos e estão sumidos do mapa. A maioria dos que restaram perdeu espaço e anda desaparecida também. Os brasileiros não sentem falta deles. Agora, há um forte movimento de convocação para que ocorra um ato em favor de Bolsonaro, dos militares, e contra os que dificultam as ações do Governo, incluindo ali, além dos parlamentares, os ministros do STF.

       Sempre ouvi falarem que o Brasil começa a andar depois do carnaval. Isso quer dizer que, nos primeiros 50 dias do ano, as coisas andam meio que no arrasto com a barriga, que decisões importantes deixam de ser tomadas, que iniciativas vão sendo proteladas, e assim por diante. Na verdade, a enforcação do serviço público começa lá pelo fim da terceira semana de dezembro e só para, mesmo, na semana seguinte à do carnaval. Recentemente, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, falou em parasitas no serviço público e houve uma chiadeira geral. Nunca nada deve ser generalizado, mas sabemos muito bem quem desempenha suas obrigações funcionais e vão além delas, e quem mal dá conta de cumprir com suas obrigações perante o empregador, seja o Município, o Estado ou a Nação.

       Mas agora, quando tudo deve voltar à normalidade, é hora de mostrarem serviço. E os servidores, em todos os níveis, eleitos, indicados ou concursados, precisam mostrar a quem os sustenta de que estão ali para trabalhar, cuidar com muito zelo do patrimônio público, seja ele material ou imaterial. Aos eleitos, sobram poucos meses para que mostrem aos seus eleitores o que fizeram, porque é muito fácil para os cidadãos comuns perceberem em que foram atendidos e em que tiveram suas expectativas frustradas.

       Agora é hora de o eleitor cobrar a conta de seu candidato, pegar o programa de governo deste e verificar o que fez e o que deixou de fazer. Não vale justificar as omissões por causa do dinheiro curto. Quem se candidata, precisa saber como é o orçamento que vai administrar, devendo considerar que sempre ocorrem oscilações, para mais ou para menos! E, por falar nisso, o pessoal anda indagando sobre aquela carta que a ACIOC apresentou aos candidatos a Prefeito, há três anos e meio atrás e que havia um pacote de sugestões para serem implementadas e que grande parte delas não aconteceram e dificilmente vão acontecer. Os dirigentes da ACIOC, ainda antes do período eleitoral, deveriam promover um debate entre seus associados, preferencialmente aberto à participação da Sociedade, (pois sem sociedade não haveriam as empresas e consequentemente as entidades), e avaliar o que foi feito até agora. Aliás, a “carta” elaborada não colocou a agricultura e a pecuária como itens a serem contemplados com ações de Governo... E o contorno viário não foi defendido com a importância que deveria ter, ficando apenas na voz do vereador Chico Lopes, que defende isso desde seu mandato anterior. Muitos neo-parlamentares não têm defendido a causa como deveriam. Aliás, muitas causas defendidas em campanha não estão sendo defendidas!

       Tenho dedicado um tempo maior a ouvir as pessoas que gostam de política e mesmo os cidadãos e cidadãs mais comuns. Pessoas simples têm opinião própria e, embora não se manifestem publicamente, quando abordadas sabem muito bem fazer suas reclamações. Tenho ouvido muitas críticas no âmbito local, muitas queixas por conta de promessas que não estão sendo cumpridas. De minha parte, tenho meus elogios e também minhas discordâncias.        É muito verdadeira aquela máxima em que se diz: “Quem não ajuda, que não atrapalhe”. Vale muito para os parlamentos, em todos os níveis. Gosto de política, conheço alguns caminhos para o êxito eleitoral e também para o fracasso. A gente só é dono do voto da gente mesmo.  Os outros precisam ser conquistados com alto poder de persuasão e de convencimento. E é mais fácil perder do que ganhar votos. Prestar sempre muita atenção nos recados das urnas. Os meios digitais ajudam, mas o mesmo voto que brota do coração pode ser negado pela razão. Vamos pensar nisso e estar mais presentes “no meio do povo” para sentir de fato o que este sente!

Euclides Riquetti – autor de “Crônicas dos Antigos Rio Capinzal, Abelardo Luz/Ouro e arredores.

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