terça-feira, 12 de outubro de 2021

Demagogia, ativismo político e memorial às vítimas da Covid

 


Havan de Joaçaba - 500 metros de minha casa

       A CPI da Covid está em sua reta final. Poderia ter sido um instrumento de busca de quem realmente tirou proveito da catástrofe em razão da pandemia, com a punição a quem realmente lucrou com ela. No entanto, a Comissão que trata do assunto começou e continuou sendo um palco para a promoção política de alguns Senadores, principalmente Renan Calheiros e Omar Aziz,  relator e presidente da mesma. Se não houvesse transmissão direta por tv e internet, provavelmente a teatralização seria bem menor e os objetivos seriam melhor atingidos. Tem sido assim no presente milênio.

       O interrogatório de Luciano Hang, empresário catarinense da cidade de Brusque, foi uma lástima. De saída, Renan Calheiros se mostrava muito atrapalhado, pois não conseguia se posicionar direito em suas perguntas. Desenvolto, Hang se mostrava à vontade diante dos inquisidores. Só quem o conhece sabe da habilidade que ele tem em comunicar-se, à sua maneira, e segundo seus objetivos. Calheiros tremeu porque estava diante de um empresário muito influente, cotado para ser candidato a Senador em 2022 com recorde de votos em Santa Catarina. Luciano Hang é um ativista político, atualmente governista. E o seria mesmo que o presidente fosse outro, de centro ou de direita. Em sua carreira empresarial, construiu a Havan, loja cujo nome é a junção de Ha, as duas letras iniciais de seu nome, e van, a sílaba inicial de Vanderlei, seu sócio no início da empresa.

       Conheço relativamente a História da Havan, cuja loja de Brusque era frequentada por comerciantes de minha cidade, que ali compravam para revender em suas lojas. Depois veio aquela localizada na Avenida Expressa, que liga a BR 101 a Florianópólis. As pessoas compravam tapetes, cobertores, louças e cristais. Eu mesmo fiz muitas compras ali. A arquitetura do prédio e a Estátua da Liberdade era chamativas e inspiravam a muitas especulações. E os boatos vinham: O dono é um judeu que está investindo no Brasil. É um norte-americano, tem como sócio o Senador Jorge Borhnausen. Também: é dos filhos do Lula. O dono  é sócio de familiares de Dilma Rousseff, etc.

       Luciano Hang era simpatizante e filiado do PMDB em Brusque. De tanto ver bobagens sendo ditas pelas pessoas, resolveu vir a público para apresentar-se como dono da Havan. Desfiliou-se de seu partido. Estava realizando novos investimentos. A possibilidade da presença de uma loja da Havan numa cidade era uma conquista para qualquer prefeito. Conheci-o e parabenizei-o no dia da inauguração de sua loja em Joaçaba. Deu ares positivos ao Baixo Vale do Rio do Peixe e Meio-Oeste, pois nos trouxe 3 salas de cinema e uma boa praça de alimentação. Sempre encontro conhecidos meus das cidades vizinhas ali. Mas tudo isso é o que menos importa diante do quadro de ele ter perdido sua mãe. A CPI foi horrivelmente mal ao expor a situação da morte de sua querida mãe. Invasão e exposição de privacidade é pouco para o que fizeram com ele.

       Por mais uns dias teremos que suportar a arrogância de Aziz e Calheiros. Que os relatórios, submetidos à aprovação do plenário do Senado, cheguem ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e ao Tribunal de Contas da União. Mas ressalto que a CPI poderia ter sido mais útil se tivesse atuado mais tecnicamente do que politicamente. Neste aspecto, ela foi bem na tarefa de desgastar o Governo Federal. No outro, ficou com a foto queimada diante dos brasileiros.

O Memorial às Vítimas da Covid – Ainda no ano passado, imaginei que as vítimas da Covid 19 em Capinzal, Ouro e Zortéa  fossem imortalizadas  com a projeção e instalação de um memorial. Também vi a possibilidade de cada uma das cidades construir o seu. Então, conversei com o ex-prefeito de Ouro, Sérgio Durigon, e o ex-professor de Diretor da Unoesc da Capinzal, José Mauro Lehmkhul sobre isso. Chegamos à conclusão de que deveríamos deixar passar a pandemia para conversar com as igrejas, as entidades civis  e as autoridades locais para definirmos se cada uma das cidades deveria ter o seu ou se apenas um seria conveniente. Ouviríamos os familiares das pessoas que perderam a vida e abriríamos uma campanha, humilde mas autêntica, para a elaboração dos projetos do memorial ou memoriais. Com outras pessoas que conversei, tive a sugestão de locais. Se fosse único, poderia ser instalado em área próxima do Centro de Eventos e do Oratório de Nossa Senhora do Caravággio. Se cada cidade tivesse o seu, a população é que deveria definir qual. Para Capinzal houve a sugestão da Área de Lazer Doutor Arnaldo Favorito e para Zortéa a Praça central da Cidade. Nenhum local é definitivo, lideranças, ouvidas as populações, deverão definir.

       Além de nós três, convidaríamos algumas pessoas de cada uma das três cidades para formar o grupo de trabalho. Seriam convidados arquitetos, engenheiros e agentes culturais e pessoas com habilidades para realizar o projeto executivo e a construção do memorial. Todas as pessoas envolvidas seriam parentes ou amigos das pessoas que foram vitimadas pela Covid. Não queremos que ninguém tire proveito da situação. Quem for trabalhar, que seja como voluntário e sem nenhuma remuneração. A ação precisa prioritariamente ser social e ecumênica. Nosso propósito era nos manifestar apenas depois que toda a pandemia passasse. Agora, diante da manifestação daquele relator da CPI, estou me manifestando através desta coluna. O objetivo não é construir um atrativo turístico, mas uma forma de registrar a perda das pessoas.

Euclides Riquetti – www.blogdoriquetti.blogspot.com

Um comentário:

  1. Esse cidadão Luciano Hang, carismático, sempre vestido de papagaio, que encanta a classe média como nos tempos de Hitler, é o típico representante desse novo neoliberalismo que destrói qualquer sentido de nação.
    Eles se apossaram do Estado, e pelo dinheiro negociam até a mãe. É o jeitão Prevent de viver, que a propaganda se encarrega de manter.
    Esse delírio, essa tremenda bebedeira, vai cobrar o preço, na ressaca do dia seguinte com muita dor de cabeça, é claro.
    Pobre nação onde o offshore é naturalizado e o povo, para matar a fome, cata ossos no lixo.
    Defender isso é o cúmulo da hipocrisia...ora, tenha paciência, ou melhor consciência. Não é preciso ser de esquerda para entender essas barbaridades.
    Nada que uma bela poesia não acalente, não é mesmo?
    Cada um com seu pensamento, digo pensamento.

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