segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Realidade - A difícil vida dos brasileiros e a falta de perspectivas de melhora

 



       A vida dos brasileiros anda muito difícil. Vivemos em brasis diferentes. Temos as diferenças regionais e as sociais. Estas, são muito maiores do que aquelas. Numa ou noutra região, independente de seu nível ou grau de desenvolvimento, sempre há os dois extremos: a vida fácil dos abastados e a vida miserável dos pobres. E o pior é que não se alinham no horizonte perspectivas de que tudo vá melhorar, nem em curto e nem em médio prazo.

       Os meios televisivos não cansam de nos mostrar a situação de dificuldade de muitas pessoas, que moram em locais de condição de vida sub-humana. Aqui mesmo em Santa Catarina, onde somos altamente privilegiados e nos acostumamos a ver carros de som  e anúncios no rádio chamando gente para trabalhar, ainda temos gente morando em habitações degradadas e alimentando-se de restos de comida dispensados pelos que têm as geladeiras e prateleiras cheias.

       Os meios de comunicação, que deveriam praticar o autêntico jornalismo, preferem dar espaço a picaretas da política, gente que já se aproveitou que chega da população, a mostrar as verdades e a realidade que assusta. Um mundo fantasioso é mostrado através das novelas, cantores, atores e jogadores de futebol que são colocados como semideuses, a indução a pensar-se que há vida fácil, que basta que nos mexamos.

       Dia desses vi uma matéria originada em Joinville, uma das mais ricas e a mais populosa cidade catarinense. Pessoas que não têm o que comer, que moram em meio ao lixo, em casebres montados com restos de latões, madeiras e chapas velhas de zinco ou compensados de cobertura. Nas grandes cidades, como Rio, São Paulo, Salvador, Recife e outras, os problemas são ainda maiores. Isso já vem de muito tempo e não aparecem perspectivas que nos deem ao menos esperanças.

       Não tenho inveja de quem tem bastante, até parabenizo e admiro quem consegue, com esforço, continuar a progredir, a aumentar seu capital de maneira limpa e honesta. Conheço muitas pessoas cuja família precisava de ajuda dos outros para matar a fome e hoje são exitosas, tendo condições de formar seus filhos em cursos como Medicina, Direito, Engenharia, mesmo que em universidades particulares. Mas, no geral, falhamos! Falhamos como autoridades eleitas (ou nomeadas) responsáveis para melhorar a vida das pessoas.

       Precisaremos de duas ou três gerações para recuperar o tempo perdido. Precisaremos de menos demagogia e mais seriedade e responsabilidade das autoridades. Precisamos deixar de seguir a toada das comunicações e dos políticos e cobrar que a realidade seja sempre exposta, analisada e que se encontrem soluções. A concentração de recursos nas altas esferas é um câncer. Envida a corrupção, o atraso e os desperdícios. E somos levados a nublarmos nossos olhos em cortinas de fumaça, ao darmos muita atenção a aproveitadores que se apresentam como salvadores da pátria.

       A vida está cara! A comida está cara! A gasolina, o diesel e o gás de cozinha estão caros. Os programas de habitação são tímidos. As pessoas se endividam em cartões de crédito. Os homens batem nas mulheres. Os carros ocupam os espaços das cidades que deveriam ser ocupados pelos seres comuns, que andam a pé. Poucas praças, poucas áreas verdes, poucos locais de lazer. Até os campinhos sumiram, os terrenos foram murados e aguardam valorizar-se para a especulação imobiliária. A inflação está crescendo e não podemos achar a desculpa de  que o cenário externo é que está azarando nossa vida. Governantes são eleitos e viram donos do País, dos estados, das cidades. Há uma distância enorme, um largo hiato entre Brasília e nossos bairros pobres. Quem mais tem acesso aos meios de comunicação é quem mais se dá bem. Os que têm a voz abafada ou calada é que sofrem.

Queimadas no Brasil – Estive no Pantanal na semana anterior, à sudoeste de Cuiabá. Muitas áreas secas, cenários marrons em vez de verde. Um raio numa árvore, um toco de cigarro na margem de uma rodovia, um poste caído com os fios elétricos gerando fogo, um pequeno fogo para assar uma carne em meio ao mato, a réstia de um vidro de carro estacionado, ou a capina com fogo mal organizada, tudo pode gerar incêndios em áreas secas. Conversei com os nativos, me interessam muito mais que os outros seres. Eles sabem das coisas de sua região. Temos, lá, gente honesta que conhece tudo do comportamento da natureza pantaneira. Mas também há os espertalhões que, sem escrúpulos, danificam a natureza. Há ações sérias tanto por parte dos governos quanto de algumas Ongs. Mas, também, há a malandragem em todos os lados.

       Por isso mesmo, sou a favor de que as ações públicas passem pelas prefeituras, com severa fiscalização. São as instâncias públicas mais próximas do cidadão. Em todos os estados, precisamos de menos lero-lero e mais planejamento. Em todos os lugares há pessoas bem intencionadas e que podem ajudar!

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

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