A vida dos brasileiros anda muito
difícil. Vivemos em brasis diferentes. Temos as diferenças regionais e as
sociais. Estas, são muito maiores do que aquelas. Numa ou noutra região,
independente de seu nível ou grau de desenvolvimento, sempre há os dois
extremos: a vida fácil dos abastados e a vida miserável dos pobres. E o pior é
que não se alinham no horizonte perspectivas de que tudo vá melhorar, nem em
curto e nem em médio prazo.
Os meios televisivos não cansam de nos
mostrar a situação de dificuldade de muitas pessoas, que moram em locais de
condição de vida sub-humana. Aqui mesmo em Santa Catarina, onde somos altamente
privilegiados e nos acostumamos a ver carros de som e anúncios no rádio chamando gente para
trabalhar, ainda temos gente morando em habitações degradadas e alimentando-se
de restos de comida dispensados pelos que têm as geladeiras e prateleiras
cheias.
Os meios de comunicação, que deveriam
praticar o autêntico jornalismo, preferem dar espaço a picaretas da política,
gente que já se aproveitou que chega da população, a mostrar as verdades e a
realidade que assusta. Um mundo fantasioso é mostrado através das novelas,
cantores, atores e jogadores de futebol que são colocados como semideuses, a
indução a pensar-se que há vida fácil, que basta que nos mexamos.
Dia desses vi uma matéria originada em
Joinville, uma das mais ricas e a mais populosa cidade catarinense. Pessoas que
não têm o que comer, que moram em meio ao lixo, em casebres montados com restos
de latões, madeiras e chapas velhas de zinco ou compensados de cobertura. Nas
grandes cidades, como Rio, São Paulo, Salvador, Recife e outras, os problemas
são ainda maiores. Isso já vem de muito tempo e não aparecem perspectivas que
nos deem ao menos esperanças.
Não
tenho inveja de quem tem bastante, até parabenizo e admiro quem consegue, com
esforço, continuar a progredir, a aumentar seu capital de maneira limpa e
honesta. Conheço muitas pessoas cuja família precisava de ajuda dos outros para
matar a fome e hoje são exitosas, tendo condições de formar seus filhos em
cursos como Medicina, Direito, Engenharia, mesmo que em universidades
particulares. Mas, no geral, falhamos! Falhamos como autoridades eleitas (ou
nomeadas) responsáveis para melhorar a vida das pessoas.
Precisaremos de duas ou três gerações
para recuperar o tempo perdido. Precisaremos de menos demagogia e mais
seriedade e responsabilidade das autoridades. Precisamos deixar de seguir a
toada das comunicações e dos políticos e cobrar que a realidade seja sempre
exposta, analisada e que se encontrem soluções. A concentração de recursos nas
altas esferas é um câncer. Envida a corrupção, o atraso e os desperdícios. E
somos levados a nublarmos nossos olhos em cortinas de fumaça, ao darmos muita atenção
a aproveitadores que se apresentam como salvadores da pátria.
A vida está cara! A comida está cara! A
gasolina, o diesel e o gás de cozinha estão caros. Os programas de habitação
são tímidos. As pessoas se endividam em cartões de crédito. Os homens batem nas
mulheres. Os carros ocupam os espaços das cidades que deveriam ser ocupados
pelos seres comuns, que andam a pé. Poucas praças, poucas áreas verdes, poucos
locais de lazer. Até os campinhos sumiram, os terrenos foram murados e aguardam
valorizar-se para a especulação imobiliária. A inflação está crescendo e não
podemos achar a desculpa de que o
cenário externo é que está azarando nossa vida. Governantes são eleitos e viram
donos do País, dos estados, das cidades. Há uma distância enorme, um largo
hiato entre Brasília e nossos bairros pobres. Quem mais tem acesso aos meios de
comunicação é quem mais se dá bem. Os que têm a voz abafada ou calada é que
sofrem.
Queimadas no Brasil – Estive no
Pantanal na semana anterior, à sudoeste de Cuiabá. Muitas áreas secas, cenários
marrons em vez de verde. Um raio numa árvore, um toco de cigarro na margem de
uma rodovia, um poste caído com os fios elétricos gerando fogo, um pequeno fogo
para assar uma carne em meio ao mato, a réstia de um vidro de carro estacionado,
ou a capina com fogo mal organizada, tudo pode gerar incêndios em áreas secas. Conversei
com os nativos, me interessam muito mais que os outros seres. Eles sabem das
coisas de sua região. Temos, lá, gente honesta que conhece tudo do comportamento
da natureza pantaneira. Mas também há os espertalhões que, sem escrúpulos,
danificam a natureza. Há ações sérias tanto por parte dos governos quanto de
algumas Ongs. Mas, também, há a malandragem em todos os lados.
Por isso mesmo, sou a favor de que as
ações públicas passem pelas prefeituras, com severa fiscalização. São as
instâncias públicas mais próximas do cidadão. Em todos os estados, precisamos
de menos lero-lero e mais planejamento. Em todos os lugares há pessoas bem
intencionadas e que podem ajudar!
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
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