Porque insistir com o óbvio e o previsível é pedagógico. Então...
Em 23 de fevereiro de 2011, em artigo meu que foi publicado na coluna do
saudoso Ademir Pedro Beloto, no Jornal A
Semana, de Capinzal, com o título
"É preciso dizer... e é preciso assustar-se", referi-me às
catástrofes ocasionadas pelas inconstâncias climático- ambientais que
acontecem no Brasil, e mencionei sobre riscos ambientais em razão de eventos
climáticos adversos. Escrevi:
"Vivemos em cidades charmosas,
colonizadas por descendentes de italianos ou germânicos, com declives e aclives
acentuados, numa topografia altamente irregular. É assim nosso Vale do Rio do
Peixe. Matas exuberantes cobrem os morros e formam os cílios dos riachos e
de nosso majestoso rio, outrora piscoso, cujas águas já foram muito
cristalinas, depois tornaram-se turvas (e turbulentas).
Ouro
e Capinzal não fogem à regra. São belas e prósperas. Por aqui já aconteceu
"de tudo", coisas boas e muitas barbaridades. São cidades onde
acontecimentos tristes têm ocupado as notícias no âmbito microrregional ou até
estadual. Tivemos perdas humanas que jamais serão compensadas, até porque a
vida é irrecuperável. Coisas insignificantes, recorrentemente, ocupam os
noticiários.
Mas
os temas verdadeiramente sérios e importantes não têm sido debatidos. Meio
ambiente e mobilidade urbana têm ficado em plano secundário. Deveriam ser
discutidos à exaustão. Nas conferências das cidades estiveram na pauta, mas a
participação popular não foi expressiva."
Desde 1983, quando tivemos a devastadora Enchente de Sete de Julho, tenho observado, analisado e avaliado
todos os eventos climáticos adversos e suas consequências, bem como parte de
suas causas. No nosso caso, não é o desmatamento, uma vez que todo o vale do
Rio do Peixe melhorou em termos de cobertura verde, não pelo amor mas
pela dor que a Lei impõe, mas acontecem as cheias do Rio do Peixe e do Rio
Capinzal, bem como do Leão, no interior de Campos Novos, do Tigre, em Joaçaba,
do Nair, em Lacerdópolis, do Leãozinho e do Ribeirão Doze Passos, em Ouro, e
outros. Não, não é isso! Atribuo, em grande parte, à ocupação dos seus vales,
principalmente nos que cortam as áreas urbanas, onde se construíram casas
e se pavimentaram as ruas, estas na maioria das vezes com drenagem insuficiente
para comportar as precipitações irregulares de chuvas. Se, na área rural
temos mais florestas e preservação, nas cidades, devastação!
Os morros de
nossas cidades vinham sendo ocupados gradativamente. A Legislação era frouxa e
os loteadores realizavam projetos de partilhamento do solo em locais com alta
declividade, pouca proteção vegetal ciliar, onde de faziam escavações à rodo e
com as chuvas as terras eram levadas para o leito dos riachos que se iam
assoreando. A ocupação de grandes frações dos terrenos com as edificações e
pavimentações foram reduzindo a
capacidade de permeabilização, e isso ocasiona que as águas busquem seu caminho
até o Rio do Peixe em velocidade, carregando entulhos, obstruindo bueiros e
galerias, e assim por diante. E as inundações causando prejuízos mesmo a quem
mora em lugares em que, teoricamente, estariam livres da fúria das águas
pluviais e fluviais.
A ocupação
irregular ou inadequada pode ter acontecido por ganância ou por ignorância, mas
os resultados disso podem ser os riscos a que as cidades e as pessoas ficam
sujeitas. Então, por que preocupar-se? Por que assustar-se? Porque os exemplos
da Bahia e de São Paulo nos sugerem isso. E precisamos ter sorte para que nada
nos aconteça, pois a geografia e a geologia das cidades do vale do Rio do Peixe
nos dizem isso. O debate precisa ser trazido à pauta. A sociedade deve propor e
cobrar soluções, tanto do Poder Público como dela mesma!
Ilhas de
prosperidade mobiliária e mais sustentáveis – Até por conta da Legislação
Ambiental, pelos Planos Diretores e mesmo em razão da concorrência do mercado
imobiliário, nossas cidades estão sendo contempladas com formidáveis ilhas de
prosperidade imobiliária, que também decorre da prosperidade social e econômica
dos proprietários e dos empreendedores. Belíssimos loteamentos, com excelente
infra-estrutura, contemplaram nossas cidades no presente milênio. Mais
recentemente, Joaçaba e Herval d ´Oeste, Capinzal e Ouro, onde há excelentes
opções para quem deseja ter seu imóvel próprio, fugindo do aluguel, e morar em
lugares limpos e bem-organizadoss, com boa estrutura urbana. Parabéns pelas
ações empreendedoras e pela criatividade!
Euclides Riquetti
Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC
em 04 de abril de 2022
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