segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

É preciso dizer... e é preciso assustar-se, de novo!

 

 


Porque insistir com o óbvio e o previsível é pedagógico. Então...

        Em 23 de fevereiro de 2011, em artigo meu que foi publicado na coluna do saudoso  Ademir Pedro Beloto, no Jornal A Semana, de Capinzal,  com o título "É preciso dizer... e é preciso assustar-se", referi-me às catástrofes ocasionadas pelas inconstâncias climático- ambientais que acontecem no Brasil, e mencionei sobre riscos ambientais em razão de eventos climáticos adversos. Escrevi:   

        "Vivemos em cidades charmosas, colonizadas por descendentes de italianos ou germânicos, com declives e aclives acentuados, numa topografia altamente irregular. É assim nosso Vale do Rio do Peixe. Matas exuberantes cobrem os morros e formam os cílios dos riachos e de nosso majestoso rio, outrora piscoso, cujas águas já foram muito cristalinas, depois tornaram-se turvas (e turbulentas).
       Ouro e Capinzal não fogem à regra. São belas e prósperas. Por aqui já aconteceu "de tudo", coisas boas e muitas barbaridades. São cidades onde acontecimentos tristes têm ocupado as notícias no âmbito microrregional ou até estadual. Tivemos perdas humanas que jamais serão compensadas, até porque a vida é irrecuperável. Coisas insignificantes, recorrentemente, ocupam os noticiários.
       Mas os temas verdadeiramente sérios e importantes não têm sido debatidos. Meio ambiente e mobilidade urbana têm ficado em plano secundário. Deveriam ser discutidos à exaustão. Nas conferências das cidades estiveram na pauta, mas a participação popular não foi expressiva."
          Desde 1983, quando tivemos a devastadora Enchente de Sete de Julho,  tenho observado, analisado  e avaliado todos os eventos climáticos adversos e suas consequências, bem como parte de suas causas. No nosso caso, não é o desmatamento, uma vez que todo o vale do Rio do Peixe melhorou em termos de cobertura verde,  não pelo amor mas pela dor que a Lei impõe, mas acontecem as cheias do Rio do Peixe e do Rio Capinzal, bem como do Leão, no interior de Campos Novos, do Tigre, em Joaçaba, do Nair, em Lacerdópolis, do Leãozinho e do Ribeirão Doze Passos, em Ouro, e outros. Não, não é isso! Atribuo, em grande parte, à ocupação dos seus vales, principalmente nos que cortam as áreas urbanas, onde se construíram  casas e se pavimentaram as ruas, estas na maioria das vezes com drenagem insuficiente para comportar as precipitações irregulares de chuvas. Se, na área rural temos mais florestas e preservação, nas cidades, devastação!

       Os morros de nossas cidades vinham sendo ocupados gradativamente. A Legislação era frouxa e os loteadores realizavam projetos de partilhamento do solo em locais com alta declividade, pouca proteção vegetal ciliar, onde de faziam escavações à rodo e com as chuvas as terras eram levadas para o leito dos riachos que se iam assoreando. A ocupação de grandes frações dos terrenos com as edificações e pavimentações  foram reduzindo a capacidade de permeabilização, e isso ocasiona que as águas busquem seu caminho até o Rio do Peixe em velocidade, carregando entulhos, obstruindo bueiros e galerias, e assim por diante. E as inundações causando prejuízos mesmo a quem mora em lugares em que, teoricamente, estariam livres da fúria das águas pluviais e fluviais.

       A ocupação irregular ou inadequada pode ter acontecido por ganância ou por ignorância, mas os resultados disso podem ser os riscos a que as cidades e as pessoas ficam sujeitas. Então, por que preocupar-se? Por que assustar-se? Porque os exemplos da Bahia e de São Paulo nos sugerem isso. E precisamos ter sorte para que nada nos aconteça, pois a geografia e a geologia das cidades do vale do Rio do Peixe nos dizem isso. O debate precisa ser trazido à pauta. A sociedade deve propor e cobrar soluções, tanto do Poder Público como dela mesma!

       Ilhas de prosperidade mobiliária e mais sustentáveis – Até por conta da Legislação Ambiental, pelos Planos Diretores e mesmo em razão da concorrência do mercado imobiliário, nossas cidades estão sendo contempladas com formidáveis ilhas de prosperidade imobiliária, que também decorre da prosperidade social e econômica dos proprietários e dos empreendedores. Belíssimos loteamentos, com excelente infra-estrutura, contemplaram nossas cidades no presente milênio. Mais recentemente, Joaçaba e Herval d ´Oeste, Capinzal e Ouro, onde há excelentes opções para quem deseja ter seu imóvel próprio, fugindo do aluguel, e morar em lugares limpos e bem-organizadoss, com boa estrutura urbana. Parabéns pelas ações empreendedoras e pela criatividade!

Euclides Riquetti

Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC

em 04 de abril de 2022

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