quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Aniversário de 60 anos da Câmara Municipal de Ouro.

 


       As Câmaras Municipais de Vereadores representam um dos Poderes constituídos no Brasil. Cada cidade tem a sua, e o número de seus componentes obedece a um critério de representatividade conforme o número de habitantes de uma cidade. Em Ouro, atualmente, é composta por nove vereadores. Mas, em seus primórdios, era composta por apenas com sete.

      A de nosso Município foi eleita em seis de outubro de 1963 e sua primeira sessão aconteceu em 17 de outubro do mesmo ano, e o mandato dos vereadores se estendeu até o início de 1969. Integraram o Legislativo Municipal os vereadores eleitos Antônio Maliska Sobrinho, Dioni Maestri, Edgar Lancini, Nilo Bassotto, Osvaldo D´Agostini, Severino Matiollo e Zitro Brum.

       Dez dias depois, em 27 de outubro,  Luiz Gonzaga Bonissoni foi empossado como Prefeito Municipal eleito, uma vez que de sete de abril até esse dia o prefeito Nelson de Souza Infeld, advogado, exerceu o cargo por nomeação do Governador do Estado. A partir das posses, uma nova História passou a ser contada e registrada.

       As atas da Câmara Municipal são o documento mais legítimo de registro da História da Câmara, pois em sua redação trazem as decisões dos edis na votação das Leis propostas pelo Executivo e outros registros importantes, como moções, cumprimentos, homenagens, elogios e até o descontentamento dos vereadores com situações que dizem respeito ao andamento de uma administração municipal, bem como sobre atos  e fatos dos governos Estadual e Federal.

       A primeira sessão foi realizada nas dependências da Prefeitura, no prédio histórico localizado ao lado do atual Paço Municipal, que fora adquirido pouco  tempo antes pelo Município de Capinzal, mas que, por localizar-se à margem direita do Rio do Peixe, naquela cidade, no então Distrito de Ouro, tornou-se sede deste. O cidadão Edgar Lancini, por ser o vereador eleito com mais idade, foi quem presidiu a primeira reunião, tendo solicitado que Antônio Maliska Sobrinho a secretariasse.

       Cumpridos os ritos legais e formais, houve eleição da Mesa Diretora, tendo sido eleito Osvaldo D´Agostini para Presidente, Nilo Bassoto para Vice; Antônio Maliska Sobrinho para Secretário; e Zitro Brum para Segundo Secretário. Os quatro receberam votos favoráveis de 4 vereadores, eles mesmos. Os outros três, opositores, votaram em branco. Aliás, a maioria dos  primeiros projetos de origem do próprio Legislativo,  foram aprovados por 4 vereadores e não apoiados pelos outros 3, que votavam em branco. Mas logo essa situação mudou e os projetos passaram a ser aprovados por unanimidade.  

            A segunda sessão da Câmara de Vereadores de Ouro, ocorrida em 21 de outubro, quatro dias depois da primeira, já  teve uma pauta bastante robusta: O Vereador Antônio Maliska Sobrinho apresentou proposição de votos de pezar, pelo falecimento dos cidadãos Albino Cervelin e Luiz Durigon. O Vereador Edgar Lancini propôs que fosse oficiado o casal Sílvio Vanzin e esposa, parabenizando-os pelo dia festivo de  comemoração de suas Bodas de Ouro. O Vereador Edgar Lancini propôs, em discurso, que fossem encaminhados ofícios solicitando aumento de verbas para financiamentos, pelo Banco do Brasil, agência de Joaçaba, em favor dos agricultores do novo Município, endereçados aos deputados catarinenses e ao Presidente da República. Lancini foi apoiado pelo Vereador Antônio Maliska Sobrinho. E o primeiro Projeto de Resolução, que recebeu o número 01/63, no sentido de utilizar-se o Regimento Interno da Câmara de Capinzal, a título precário, até que se tivesse o regimento próprio. Todas as proposições foram aprovadas por unanimidade.  E, assim, também foram eleitas as Comissões Permanentes da Casa. Todas por unanimidade.

      

       A terceira sessão ocorreu em 27 de outubro de 1963, quando foi empossado o Prefeito Municipal, eleito, Luiz Gonzaga Bonissoni. Foi um evento memorável, com a presença de pessoas muito ilustres. Presenças de Sílvio Santos, Prefeito do município-mãe, Capinzal; de  Nelson de Souza Infeld, Prefeito provisório de Ouro; Lauro Pereira de Oliveira, juiz de direito da Comarca de Capinzal; Ênio Gregório Bosnissoni, Presidente da Câmara de Capinzal;  e os Padres Frei Lourenço, Vigário da Paróquia, e Frei Gilberto, diretor do Ginásio Padre Anchieta.

       É importante lembrar que a sede administrativa, a Prefeitura Municipal de Capinzal, bem como a Câmara de Vereadores daquele Município, era localizada na margem direita do Rio do Peixe, ou seja, no Distrito de Ouro, e não no lado de lá, onde hoje se situa Capinzal. As instalações ocupavam a edificação antiga, ao lado do atual Paço Municipal, onde encontram-se instalados o Correio, a Secretaria Municipal de Agricultura e a da Educação. Antes, porém, a prefeitura de Capinzal ocupava um andar do prédio da empresa Santos Almeida, na esquina da Rua XV de Novembro com a Carmelo Zóccoli, no lado de Capinzal, que hoje pertence aos sucessores de Saul Parisotto.

       A instalação da Prefeitura no lado do Ouro, ocorreu num momento anterior, quatro anos antes, em que muitas personagens tiveram importância, como os udenistas Ivo Luiz Bazzo, Antônio Maliska Sobrinho e Marcos Fortunato Penso. O prédio pertencia à família Sartori, que seriam pessedistas. Marcos Fortunato Penso, empresário udenista,  o adquiriu como se fosse para si, e repassou-o ao município de Capinzal. Com a emancipação de Ouro, Capinzal locou uma sala que pertencia à Empresa Santos Almeida, ao lado do Cine Odete, e lá instalou sua prefeitura. E o novo município de Ouro passou a ser o detentor, legítimo proprietário do imóvel.

       Em 1980, inaugurado o novo prédio da Municipalidade, construído na Gestão Ivo Luiz Bazzo e Sérgio Riquetti, a Câmara Municipal passou a ter uma sala para seu funcionamento, aquela em que hoje está instalado o Gabinete do Prefeito. O Gabinete, na época, era instalado onde hoje se situa o Setor de Licitações, no andar térreo.

       Em 1997, a Câmara voltou  a ocupar o andar térreo do prédio antigo, que havia sido restaurado com recursos do Ministério da Cultura, do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, o IPHAN, com a finalidade de abrigar o Museu Professor Guerino Riquetti. No ano de 2012, foi inaugurado o prédio atual, que foi construído nas gestões dos vereadores Ivonei Dambrós e Fernando Zaleski (2009)2012) com recursos economizados pelos vereadores.

       Mas, voltando aos nossos primórdios históricos, ressalte-se que naquele ano de 1963, de 17 de outubro a 31 de dezembro, foram realizadas 11 (onze) sessões da nova Câmara, com muito trabalho na análise de projetos que foram transformados nas necessárias leis, para que o município passasse andar com as próprias pernas já no ano seguinte, em 1964. Registre-se a urbanidade e a ética que se fazia presente no trato elegante e educado entre os edis que compunham nossa Egrégia Casa.

       Podemos destacar, entre as importantes proposições votadas ainda em 1963, a aprovação para uso, a título precário, do Regimento Interno da Câmara de Vereadores de Capinzal, até que a de Ouro tivesse elaborado e aprovado o seu próprio regimento. E, os de maior repercussão, os projetos dando emancipação aos municípios de Lacerdópolis e Dois Irmãos, com atuação importante do Vereador Edgar Lancini, do PSD, e de Antônio Maliska Sobrinho, da UDN.

       Na sessão de número quatro, em 28 de outubro de 1963, apenas 11 dias depois de instalada a Câmara, o Vereador Zitro Brum solicitou uma licença de 30 dias, sendo empossado em seu lugar o suplente Ângelo Bernardino Perim, que já se encontrava na sala de sessões legislativas.

       É também importante ressaltar o árduo trabalho dos vereadores nos dias 28, 29 e 30 de outubro, quando três sessões foram realizadas, uma em cada dia, para ser aprovada a emancipação dos Distritos de Lacerdópolis e Dois Irmãos (hoje Presidente Castello Branco), cumprindo-se todas as formalidades legais, com os requerimentos assinados pelos vereadores e acompanhados de abaixo-assinados de mais de 300 eleitores de cada um desses. Assim, foi possível encaminhar-se, em tempo recorde, a documentação para que a Assembleia Legislativa Estadual aprovasse a criação dos dois novos municípios. Lá, o Deputado Nelson Pedrini, do PSD, e o Deputado Mário Orestes Brusa, da UDN, foram os grandes responsáveis para que tudo fosse concretizado. Nelson Pedrini era de Joaçaba e Mário Brusa de Ouro, tendo vindo de Getúlio Vargas e construído sua carreira política aqui.

       Nas sessões que se seguiram , naquele ano, toda a estruturação do município no tocante à arrecadação, orçamentos de receita e despesas, organização de departamentos e tomada de empréstimos bancários para aquisição de um jipe e máquinas de escrever para o setor de Contabilidade e tesouraria foram aprovados, bem como o Projeto de Lei apresentado pelo vereador Nilo Bassotto, que propôs alterar o nome da Rua do Comércio para Rua Presidente Kennedy. Todos os projetos foram aprovados e o município ficou com a configuração territorial que tem hoje, desmembrando-se e sendo instalados, em 11 de novembro de 1963, os dois novos municípios de Lacerdópolis e Dois Irmãos, hoje Presidente Castello Branco.

 

Euclides Riquetti

 Texto produzido para o evento comemorativo, utilizado pelo cerimonialista Marlo Matiello, 

da Rádio Capinzal e Jornal A Semana. Em 30 de outubro de 2023

 

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