quinta-feira, 4 de abril de 2024

Uma semana de tristes despedidas - Élis Dambrós - Moacir Richetti e Joce Pereira

 

       A semana foi de muita turbulência para minha alma e de grandes e sentidas  perdas para as comunidades de Capinzal, Ouro, Joaçaba e Herval d ´Oeste. Perdemos, já no domingo, a "Tia Élis", Dambrós Baretta, e na quarta, Moacir Richetti e Joce Pereira. Todas pessoas de muito carisma, por quem nutri afeto e grande amizade.

                                            Tia Élis, coma sobrinha Aldete (Boaretto)

        A Tia Élis, assim era conhecida por todos nós, seus muitos sobrinhos, das famílias Riquetti, Baretta, Dambrós e Boaretto, esteve internada na UTI do HUST por mais de um mês. Faleceu aos 87 anos. Muito querida e amada por todos, sua partida foi comovente e muito sentida. Mãe do Marcos Antônio (Marquinhos da Prefeitura), e do Marcel Luiz, foi casada com Juventino Baretta, irmão de minha saudosa mãe Dorvalina. Ele foi vice-Prefeito em Ouro e tinha como profissão a alfaiataria. A tia era costureira e trabalhou com ele logo depois do casamento. Com o tempo, tornou-se professora de Arte Aplicada e Corte e Costura, na Escola Profissional Feminina Madre Fabiana de Fabiani, em Capinzal. Também confeccionava artesanato e produzia pintura em telas e bordados. Muito prendada, marcou época em Ouro e Capinzal. 

       Minhas lembranças vão desde as festas de aniversário de seus filhos gêmeos, nascidos em 1962, quando reunia meus irmãos Hiroito, Vilmar e Edimar, os primos Aldete, Leonir e os outros filhos do Hercílio Boaretto, seu cunhado, os vizinhos Bazzo, Dambrós e Zanini, e realizava festinhas rigorosamente organizadas, com bela decoração e deliciosos docinhos e salgadinhos. Tinha as mãos mágicas para tudo o que fosse fazer. Dedicação, amor, cainho, capricho.

       Lembro bem de uma feita, em 1965, quando morávamos na Felip Schmidt, perto da Praça Pio XII, em que ela e o tio Juventino apareceram lá em casa para um jantar em que estavam conosco os tios Elza (Dambrós) e Arlindo Baretta. Minha mãe caprichava num jantar e a parte melhor era a conversa agradável em que aqueles cunhados e cunhadas costumavam entabular. Tia Élis sempre usava um penteado bem elaborado, igual aos que as misses nos mostravam em suas fotos nas revistas Manchete,  O Cruzeiro e Capricho. Na Escola Profissional, trabalhou coma a Mirian e elas cultivaram uma grande amizade. 


                                                   Joce com sua idolatrada mãe!

       A Jocirlei Pereira, conhecida como Joce Pereira, foi uma jornalista muito ativa aqui no Vale do Rio do Peixe por mais de 30 anos. Conheci-a em 1989, quando fui Prefeito em Ouro. Ela trabalhava na Televisão, era repórter de campo, fazia externas tendo seu irmão Osmar como cinegrafista. 

       Sempre muito competente, simpática e bonita, a a loirinha do cabelo com corte surfista e de olhos claros chamava muito a atenção por onde atuasse. Corajosa, buscava as notícias que relatava com precisão e fidelidade, na TV Barriga-Verde, e redigia para o Jornal A Notícia, de Joinville. Como assessora de imprensa da AMMOC, também mantivemos uma bela relação de amizade. Como falei para os presentes na cerimônia de despedida, foi sempre uma cidadã muito respeitosa e respeitada, digna, dedicada ao trabalho e à família. Preocupações com a mãe, com o irmão Osmar, com a filha Fernanda, que se formaria Engenheira Química, que precisava de lugar para seu estágio, que  queria ver bem sucedida como profissional.

       Também atuou nos jornais Expresso e Pauta, na agência Nativa, como assessora de Imprensa da Câmara de Vereadores de Herval d ´Oeste,  da Ammoc e do Sebrae. Seu falecimento deixou um rastro de tristeza em todos os lugares por onde passou e, com sua simpatia, conseguiu angariar muotas e grandes amizades. 

       A Joce nos deixou aos 60 anos, vitimada por doença grave. Fica no registro da história das cidades, em especial as que fazem parte da microrregião da AMMOC, os trabalhos que realizou como repórter de televisão, a lealdade para com os colegas de profissão, sua apurada ética e a torcida que fazia para que todos ficassem bem. Aos seus familiares, meu afeto e o de minha família.



       O Moacir Richetti, filho do Tio Vitório e da tia Gelmina (Muraro), foi o primo e amigo que mais marcou minha infância e adolescência. Perfeu a mãe num incêndio quando era bem pequeno, quando sua casa queimou em Linha Bonita, Ouro. Ficaram ele e o Cosme, que acabaram criados pela Tia Maria (Lucietti), com que meu tio se casou. Foi uma festa grande e memorável, em Linha Bonita, com banquete na casa nova da propriedade. Lembro de que eu e ele brincamos muito no dia do casamento do pai. Marcou-me também o fato de que comemos deliciosa maionese preparada pela Tia Maria. 

        Quando eles vieram morar na cidade, em Ouro, na área central, e depois no casarão que ainda hoje é de sua família, e tiveram ali a Indústria de Bebidas Prima, e depois restaurante, continuamos nossa amizade, jogando bola nos campinhos, andando na charrete que era pilotada pelo meu irmão Ironi ou pelo Cosme, com a qual íamos a pescarias. Alguns fatos relembrei e relatei ontem na sua despedida:

a) No Mater Doloum, comprou uma briga em meu favor com a professora e a direção do Colégio, porque eles deram merenda (uma banana e uma bolacha) para um colega nosso e não para mim. Argumentou que eu precisava mais do que o outro e que eu é que deveria ganhar a merenda. b) Quando fui hospitalizado no Nossa Senhora das Dores, ele me emprestou seu boné de couro de Jacaré para que eu não sentisse fio. c) No dia 19 de agosto de 1965, por ocasião da neve, ele me me emprestou sua chuteira para eu ir fazem compras para a mãe dele, porque eu só tinha um par de sapatos e este estava molhado. d) Sonhava ser baterista e eu seria o guitarrista quando tivéssemos nossa banda. e) Só queria chogar com a camisa número 9 e de centro-avante, porque queria fazer gols. f) Arrumou-me emprego de lavador de carros nos Posto Dambrós, onde ele trabalhava, porque eu ganharia o salário mínimo, seria registrado e ainda aprenderia a dirigir. 

       São muitas as histórias por nós compartilhadas. Registro o seu casamento com a Blandina, na Catedral de Joaçaba, quando usava um terno bege, confeccionado pelo primo Sérgio Riquetti. Sempre nutrimos grane amizade e trocamos ideias sobre mecânica. Era, como eu, vascaíno e palmeirense. Jogamos juntos no Palmeirinhas, em Ouro na nossa adolescência. Guardarei sempre as melhores lembranças dele e sentirei saudades...

Euclides Riquetti

04-04-2024


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