segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Prefeitos eleitos em 1988– (Capinzal - Ouro e microrregião da AMMOC)

 



       Em 15 de novembro de 1988 fui eleito Prefeito Municipal em Ouro, aos 35 anos. Fiz 57% dos votos válidos. Gastei duas semanas de meu primeiro ordenado para pagar toda a campanha. Com adversário, sem ser em eleição com candidato único, fui o mais jovem eleito prefeito daquele Município. Eleito no ano de promulgação da Constituição Cidadã, fizemos parte da transição para uma nova edição desta, devidamente aprovada e sancionada. Ainda, a Constituição Estadual e a Lei Orgânica do Município. Uma grande mudança na vida dos cidadãos, em todos os níveis.

       Um deputado me dizia: “Vocês vão ter muito dinheiro para administrar!” Só não falou que iriamos receber muitos encargos que antes eram de competência dos governos estadual e federal. Principalmente na Educação e na Saúde. Para quem gosta do Poder, de dominar pessoas e orçamentos, maravilha! Mas para quem gosta de situações de normalidade, uma fardo. Porém, quem se candidata e é eleito, não adianta reclamar nem choramingar. Tem que mostrar capacidade de gestão, de liderança, de articulação.

        Tive, oito anos antes de o início de minha gestão, a experiência de atuar como “secretário do prefeito”, único. Era nomeado como Diretor da Divisão Administrativa. Tinha muitas responsabilidades e adicionei a minha experiência como gerente de filial de concessionária de caminhões e administrador de empresa industrial, num universo de 550 funcionários, algo muito forte para a década de 1970. Professor em escolas particulares e estaduais, muita experiência em lidar com o ser humano.

       Trabalhando desde criança, na roça, em engenho de cana e em alambique, na adolescência fui balconista de armazém, lavador e lubrificador de veículos, ajudante de açougueiro, servente de pedreiro, auxiliar de lavanderia, e outras coisinhas mais. Não perdi nenhum pedaço de mim...Listar aqui as entidades que dirigi antes de ser eleito prefeito soaria como prepotência.

       Nas eleições municiais de 1988, na microrregião da Ammoc, tivemos grande mudança na política. Figuras tradicionais, as velhas raposas, deram lugar a uma outra geração de políticos. O mesmo aconteceu com as câmaras de vereadores. Posso classificar nossa geração de prefeitos em degraus. No primeiro, os mais jovens, em idades entre 34 e 36 anos: Euclides Riquetti (PDS) , em Ouro; Ari Ferrari (MDB), em Ibicaré; Euclides Miazzi (MDB), em Lacerdópolis; Rudi Ohlwailer (PDS), Treze Tílias; Noveli Sganzerla (MDB), em Água Doce. Depois, um degrau acima (em idade): Nelson Primo (MDB), Herval d´Oeste; Saul Leovegildo de Souza (PDS), Catanduvas; Faustino Panceri (PDS), Tangará; Ozires Randon (PFL), Pinheiro Preto. Um terceiro time, com Raul Furlan (MDB), Joaçaba; Agenor Piovezan (MDB), Erval Velho; Iirineu Maestri (MDB), Capinzal.  Um ano depois, em Abdon  Batista, elegeu-se Santin Palavro Júnior, pelo MDB.

          Administrar há quase quatro décadas, e hoje, tem diferença? – Tem e não tem! – Em nossa época, um prefeito precisava ter a sorte de pertencer ao partido do Governador. As verbas eram garantidas, os deputados da base governista traziam recursos. Os dois primeiros anos, com Pedro Ivo Campos e Casildo Maldaner (MDB). Dos dois subsequentes, com Vilson Kleinubing (PFL). Em Brasília, José Sarney (MDB), que seus companheiros diziam “O povo não esquece, Sarney é PDS!”. Depois Fernando Collor e Itamar Franco. Os deputados federais e senadores não tinham os privilégios que os atuais têm. Mas, as tetas da viúva davam muito pouco leite!

       Os prefeitos se viravam como podiam. O dinheiro era mais curto, mas não havia tantos compromissos com a Educação e a Saúde, nem com o social. Havia quem comprasse caminhão caçamba com dinheiro da Educação e quem construísse os ginásios de esportes com recursos daquela pasta. Caminhão com caçamba para transportar merenda escolar, ponte para os alunos chegarem até as escolas, etc, etc...

       Agora, os compromissos são maiores, as despesas aumentaram, mas o dinheiro também. Administrar uma cidade é fácil, pois o dinheiro entra nos cofres públicos, mais facilmente do que entra nas empresas.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

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