As pessoas têm suas histórias
Todas as pessoas têm sua história
pessoal, convivem com personagens com as quais entrelaçam sua vida, com quem
dividem momentos significativos, por mais simples que sejam, tanto estes quanto
as pessoas. Cada um de nós é agente de sua própria história, de sua vivência no
contexto comunitário. O mundo é uma grande tenda e esta tenda global abriga
seres com diferentes raças e costumes. Adaptam-se ao meio em que vivem,
assimilam hábitos, agem conforme sua condição cultural. Assim, compreender o
outro ser faz parte da condição humana para a sobrevivência, num mundo em que
as coisas acontecem em grande velocidade, os conflitos se multiplicam, o
entendimento fica cada vez mais difícil. Estou aqui para trazer a todos os
presentes um pouco de minha história, que também é parecida com a de cada um
das senhoras e senhores.
Assim, quero saudar a todos os
convidados e autoridades mencionadas no protocolo, em especial ao Prefeito Neri
Luiz Miqueloto e seus familiares, à Secretária de Educação, Cultura e Desporto,
Sirlei Almeida, ao animador do cerimonial, Amarildo Lago e ao prefaciador de
meu livro “Crônicas do Vale do Rio do Peixe e outros lugares”, escritor Dr.
Alexandre Dittrich Buhr, e a todos os presentes. Ainda,
carinhosamente, a todos os meus familiares aqui presentes, à Miriam, à Caroline,
à Júlia, aos meus irmãos Hiroito, Iradi e Edimar, cunhadas Lurdes e Isolete, e
sobrinhos Graziela ( e Fabiano), Gabriela, Naiana (e Everton) , sobrinho neto
Pedro Miguel, genro Daniel Tesser aos primos em todos os graus, e seus agregados.
E registrar que a Michele, (filha), o
Fabrício, (filho), a Luana, nora, e o Ângelo (neto), não puderam estar aqui
presentes mas, assim como o Vilmar, estão recebendo o livro com dedicatórias.
Quantas pessoas
passaram pela vida de cada um de nós, deixando-nos bons ou maus exemplos,
ensinamentos, lições que nos levam a amadurecer, ganhar energia pela força da
experiência vivida, mas sempre nos voltando à memória em dados momentos de
nossa existência? Pessoas muito simples, andantes das ruas ou comerciantes
estabelecidos com suas lojas físicas, trabalhadores, desportistas, artistas,
filósofos, ou mesmo bons pais ou bons filhos. Pessoas que viveram na sua
humildade ou outras que ocuparam os cenários televisivos, as matérias nos
jornais, nos sites, as reportagens nas revistas...
Na observação do
cotidiano, na áudio-visão dos noticiários, nas milhares de horas de leitura, no
banco da praça, na rua com as calçadas defeituosas ou barrentas, na fila do
banco ou do posto médico, em todos os lugares, enfim, tomo conhecimento de
fatos, aprendo a analisar o comportamento das pessoas, as suas reações diante
dos acontecimentos, a alegria e o entusiasmo que estes lhes causam, ou as
decepções diante de expectativas frustradas. A vida é assim mesmo, as coisas
vão acontecendo, o novo vai substituindo o velho!
Foi no sentido
de dar espaço a pessoas que viveram no anonimato, e a outras muito conhecidas
do público, que coloquei na mesma pista
de dança seres das mais diversas origens:
do Pelé à Tia Bena, companheira do Sapeca; do Sinaleira à Doutora Zilda
Arns; do Alberi das bombas injetoras ao atleta Urco; do Padre Albino Baretta ao noviço Guerino
Richetti; do Paulo César Caju ao Chascove; da Neve de 1965 à Enchente de 1983;
do cineasta Rogério Sganzerla ao escultor Godofredo Thaler; da Nona Ézide à Vó
Preta; de Mister Safik a Nelson Sicuro; do Maurício Dambrós ao Edimar
Riquetti; do Pedro Camomila ao Tchule;
do Túlio Dassi ao Nando Spessatto; do “Véio Borges”, de padeiros, de gorros de lã confeccionados por
madrinhas, do Monge João Maria, do 38
Smith & Wesson, de José Valdomiro Silva, e de tantos outros, que
reuni 43 crônicas, basicamente escritas em 2012, e coloquei todas essas
personagens e fatos ligados a elas a se apresentarem no mesmo palco, em meu livro “Crônicas do Vale do Rio do
Peixe e outros lugares”, que estou lançando hoje neste salão de festas do Clube
Esportivo Floresta, em Ouro, neste evento da Comissão Central Organizadora das
festividades dos 55 anos de emancipação deste município.
Alguns extratos dos textos de minhas crônicas:
Futebol no Céu: ”O Táti olhou tudo, curiosamente, e procurava
por algo. Caminhou por entre as árvores e em meio a muitas roseiras e cravos,
lavou a cabeçona numa fonte de água, passou a mão nos olhos e, ao abri-los,
deparou-se com um monte de conhecidos. Lá estava o Bailarino, com algumas
sacolas, cheias de camisas, calções e meias:
Havia as azuis e brancas, da São José; as pretas e amarelas,
do Penharol; as verdes e amarelas, do Grêmio Lírio; as brancas e pretas, do
Vasco da Gama; e, finalmente, as brancas e vermelhas, do Arabutã. Sentiu-se em
casa.”
Em: Lembranças de uma Cidade Bucólica:
“Muito
interessante é que na rua XV de Novembro, na quadra que vai do Bradesco e prédio
do Constantino Mência, e até o prédio Sanalma, do Saul Parizotto e o da família
de Arlindo Henrique, (o do antigo Hotel Imperial...) havia argolas de aço
fixadas ao chão, nos meio-fios, dobráveis ao chão, para que não tropeçássemos
nelas, onde se podiam amarrar os animais de montaria, ou mesmo os bois que
arrastavam as carroças, ou os animais de puxavam as charretes. Isso para que
não fugissem, enquanto seus donos faziam negócios, entregando mercadorias no
comércio, bebidas, ou vendendo pão”.
Em Nossa Geração Jovem Guarda:
“No Padre Anchieta, estudavam somente
rapazes, camisa branca e calça azul. E a onda, na época, era ouvir "iê,
iê, iê". No ginasial, os rapazes no Anchieta e as garotas no Mater
Dolorum. É, não podia misturar menino com menina. E, no primário, quando alguém
fazia bagunça, a primeira pena para o menino era ser colocado a sentar-se ao
lado de uma menina. (Que humilhação, que vergonha...). E, os casos mais graves,
eram levados para terem seu nome registrado no "Livro Negro" (Que
medo!...). E diziam que os mais "fortes e disciplinados", iriam
assinar o "Livro de Ouro". Nunca vi nem um nem outro, mas acho que
existiam, não sei se sob as chaves da Irmã Marinela, da Irmã Fermina, da Irmã
Terezinha. Esta, diziam que iria dirigir a caçamba Ford, amarela, comprada para
o transporte do material da construção do novo prédio. Mas o motorista acabou
sendo, mesmo, o Lóide Viecelli”.
Em: Neve de 1965 – Uma paisagem europeia:
“De manhã, meu pai, Guerino,
acordou-nos cedo para vermos e espetáculo que se desenhava à nossa frente: Ali
onde hoje há o Posto de Combustíveis da Família Dambrós, havia uns gramados e
umas plantinhas sobre as terras que eram jogadas para formar um aterro, e tudo
estava coberto de neve. A Ponte Nova, de nome Irineu Bornhausen, estava
recoberta por um manto alvo, e o mesmo era contemplado nos telhados das casas,
a maioria delas de madeira. Até os cabos de aço de sustentação da ponte pênsil
acumulavam camadas de neve. As ruas de Ouro e Capinzal pareciam aqueles caminhos
que se veem em filmes, numa autêntica paisagem europeia”.
Em: Caio Zortéa – homenagem ao saudoso amigo:
“Na Primavera de 1994, Caio coloca
uma placa num terreno dos Miqueloto, bem defronte a minha casa, no Ouro, com a
seguinte frase: "Vera, Tibi, Deka, Manu e Greta - amo vocês mais do que
ontem e menos do que amanhã! E, no
primeiro dia do Verão, o acidente.
Recordo-me de que eu estava na
Coordenadoria Regional de Educação, em
Joaçaba, conversando com o Professor Sérgio Durigon, quando entrou um
telefonema, do Valcir Moretto, dizendo-me que o Caio estava no Hospital São
Miguel, ali pertinho, mas nada mais havia a fazer, tinha se acidentado e
perdido a vida. Foi de cortar o coração! Ficamos muito chocados, abalados. E,
em seguida, toda aquela sequência triste, com o corpo levado para sua casa, em
Ouro, e depois para o Ginásio Municipal
de Esportes André Colombo, e para a definitiva morada ao lado da bela mãe, em
Capinzal...”
Escrever faz parte de minha vida com minha
família, com as pessoas com quem convivi, com os fatos que presenciei e o que
eu registrei em minha memória. Agora, deixo em livro minhas impressões sobre a
vida de pessoas de diversos níveis sociais e intelectuais. Você está convidado
a conhecer uma pequena parte de minha história, que poderá ter sido também
parte da sua. Está convidar a ler e a contar minhas histórias e seus amigos. As
histórias em que procuro eternizar pessoas e cenários que descrevo em “Crônicas
do Vale do Rio do Peixe e outros lugares”!
(A publicação de
meu livro teve a participação direta de minha família, a quem eu quero
agradecer. Em especial, agradecimentos à Michele Riquetti Tesser pela
coordenação da publicação. À Vanessa Schultz pela diagramação, capa e arte
final, ao Kléberson Brocardo pela fotografia, ao Dr. Alexandre por aceitar escrever o prefácio, ao Alvarito Baratieri,
pela catalogação gráfica, à Gráfica Blumen, pela impressão dos volumes.)
Obrigado ao Prefeito Neri Miqueloto, à Secretária Sirlei
Almeida e sua equipe, e ao Alex Sandro
Silva pelo apoio ao lançamento de meu livro, ao Amarildo Lago pela condução do
cerimonial, e a todas as senhoras e senhores, por terem vindo e dividirem
comigo e com minha família toda a alegria e a magia deste evento.
Euclides Riquetti – autor –
12-04-2019
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