Os campeões catarinenses de 1977. Em pé: Bico Fino, DÉCIO, Carlos Alberto, Janga, Cosme, Luiz Carlos, Zé Carlos e o roupeiro Juarez. Agachados: Wilsinho, Jorge, Valdir, Sergio Santos e Eluzardo.
Nas décadas de 1980, 1990 e parte da de 2000, joguei na equipe de veteranos do Arabutã - FC, de Capinzal. Mandávamos nossos jogos no estádio da Baixada Rubra, no Bairro Parque e Jardim Ouro - em Ouro. Eu já jogara ali, pelo mesmo clube, em minha adolescência, em fins da década de 1960, nos juvenis do alvi-rubro.
Pois foi em meados da dos anos 80 que nosso time chegou ao seu auge, quando tínhamos um elenco com cerca de 30 atletas. Jogávamos na microrregião de Joaçaba, no norte do Rio Grande do Sul. Muitas vezes jogamos em Concórdia, com os veteranos do Concórdia, ex-profissionais. Sempre jogamos de igual para igual, em mesmo nível.
Também jogamos em União da Vitória, no estádio do Ferroviário, contra ex-jogadores a AA Iguaçu, do Ferroviário, do União e do São Bernardo. Em Florianópolis, contra o escrete da PM, em seu campo, na Trindade. Visitamos muitas cidades, algumas vezes de ônibus, outras com uma caravana de carros.
Mas um jogo que me leva a escrever esta pequena crônica é um que realizamos contra a Associação Chapecoense de Futebol, hoje conhecida como Chape, na categoria veteranos ou "máster". Os jogadores, em sua maioria, eram os remanescentes daquele timaço que foi campeão catarinense em 1977, portanto jogadores que foram profissionais. Nós, que tínhamos o estádio da Baixada Rubra iluminado, com excelente gramado, e as dimensões de 90 x 120 metros, (hoje os gramados oficiais são menores), que eram as mesmas do gramado do Maracanã. E, justamente o que nos favorecia era termos um campo amplo, onde treinávamos muito e conhecíamos todos os detalhes do mesmo.
Nossos treinos aconteciam nas noites de terça e quinta, entre 18 e 20 horas. Tínhamos treinadores, e naquela época nosso treinador era o Valdomiro Corrêa. Fazíamos exercício físicos, levávamos muito a sério a preparação física e técnica. Utilizávamos a estratégia da "linha burra", em que deixávamos nossos adversários constantemente em situação de impedimento. Tínhamos jogadores velozes e alguns muito habilidosos. Agnaldo de Souza, Henrique Pain, Vilmar Matté, Mídio (Sérgio Correa) e Pitchas (Antônio Gramázzio), certamente que eram os mais habilidosos. Amantino Garcia dos Anjos foi um dos melhores goleiros que tivemos. Irenito Miqueloto e Severino Dambrós eram muito raçudos. Pigmeu, Carlinhos Caregnato e Rubens Leal, o Binho, eram velozes e Miola e Chimia (Valdir Thomé) eram muito firmes. O Ademir Rech, o Zucco, o Neri Miqueloto, o Mazzo, Carlito Brandini, o Franke , o Custódio Crippa, o Elói Correa, Elizeu, Dorneles Lago, os Moretto (Valcir e Darci), o Marcon e eu, procurávamos garantir os resultados lá atrás. Vicente Gramázzio, Carmelinho Nora, Sérgio Scarton, Vilson Farias e Dario de Souza, (o Nílson Dias), tinham que dar conta no ataque. E muitos outros jogadores que vieram antes e depois destes.
Pois no jogo que teríamos contra a Chapecoense, o treinador olhou bem para todos nós, mediu nossa altura e me falou: "Riquetti, sempre que tiver escanteio contra nós, não vai ais ficar marcando no primeiro pau (primeira baliza)! Vai deixar que um dos zagueiros fique na sua posição e vai para o meio, com a única função de marcar o Décio, quando ele vem para cabecear O Décio era bem mais alto do que eu. O zagueiro era um "diabo loiro" de quase dois metros de altura, excelente jogador e bom cabeceador. Imagine a dificuldade que teríamos para neutralizar as cabeceadas do Décio sempre que vinha para a área.
Procurei fazer com afinco a minha nova função, seguindo as orientações do treinador. Mas o cara, além de alto, subia muito, tinha 30 e poucos anos, e craque nunca esquece de jogar. É como pedalar bicicleta, a gente não desaprende. Minha estratégia de marcação era subir junto com ele, tentando deslocar seu corpo, de forma que cabeceasse para fora. Fiz isso!
Acho que o placar final foi de 3 a 1 para eles. Nem podia ser diferente. Mas tivemos o orgulho de jogar, em nosso estádio, contra jogadores que foram campeões no primeiro título da Chape: 1977.
Na foto que ilustra este texto, o segundo homem em pé, da esquerda para a direita, o que se destaca em altura e elegância, é o Décio. Lamentavelmente, poucos anos depois, ele faleceu vítima de doença grave. Sempre que lembro do jogo, lembro-me dele e rezo para que esteja bem, na Glória Eterna. Que Deus o tenha e abençoe!
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