segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Rindo da própria sorte

 



Replay:

          Na quarta-feira à tarde, em minha "aulinha"  no SESC de Joaçaba, uma de nossas professoras, a Priscila, abriu a mesma propondo-nos uma "dinâmica de grupo". Devo aqui dizer que muitas coisas que deixei de fazer na minha infância, tenho feito agora. Adoro sentir-me "criança" de novo. Por ocasião da Páscoa, pintamos ovos de galinhas, fizemos uma colagem de sementes num "ovão" que a profe Simone França havia desenhado. O ovão foi devidamente pendurado na porta da sala, fotografado pela Liliane e postado no facebook dela. Até gente "grande" gosta dessas coisas, né/ Ou vai dizer que você, leitor, leitora, não gostam disso também?...

          Bem, a dinâmica consistiu, primeiro, em tomar nosso café, que ninguém é de ferro. Depois, apareceram lá umas bolachas. Na aula anterior, o Waldemar trouxe um bolo de chocolate, que foi freneticamente devorado por todos, igualitariamente. Depois de nosso "Café com Risadas", a dinâmica:
Sentamos num círculo (na verdade nas cadeiras...) e cada um tinha que contar uma gafe por que passou. Minha cabeça, na gora, volveu seu pensamento para o passado e começaram a vir lembranças engraçadas. Como sou muito falador (será mesmo??...), solicitei ficar por último.

          A colega Zenaide Sganzerla relatou-nos que, numa dada vez, lecionando Filosofia, estava a imaginar um filósofo (seria daqueles que usam barba??...) e disse que este vivera há 25 Séculos. Uma aluna riu muito... outros se surpreenderam e, só depois, percebeu que, no entusiasmo da aula, nem sabe por que razão, dissera aquilo. O Waldemar contou sobre a noite que chegou em casa da missa com a chave do carro na mão e sem o mesmo, que deixara no estacionamento da Catedral. Voltou lá e o estacionamento já  estava fechado. teve que buscá-lo na manhã seguinte.   O Domingos Dassi pediu para "passar adiante", pois não lembrava de nenhuma gafe dele. Quando provoquei, perguntando se lá no INSS nunca lhe acontecera nada, ele se lembrou de uma e contou. Mas eu não entendi direito porque estava com meu pensamento distante. Vou pedir-lhe que me conte de novo. Priscila falou de uma vez que, ainda adolescente, tomou um ônibus num bairro para ir ao centro da cidade. Quando percebeu, distraída que fora, já estava lá em outro bairro. Era fim da linha.

          Ri muito coma história da colega Lurdes Bortolli. Dizia-nos que, quando saiu lá do Rancho Grande e foi morar na cidade, andava pela rua  meio distraída e deu com a cara e os óculos num poste. Ficou indignada porque o poste estava no caminho dela. Contava e ria! A história dela me fez lembrar de algumas de minhas gafes também. A primeira ligada em poste, como a dela: Foi lá por 1968 que a Celesc começou a trocar a rede de iluminação de Capinzal e Ouro. Começaram pela Rua Dona Linda Santos, a do Belisário Penna e do Juçá Barbosa Callado, em que estudávamos à noite. Trocaram os postes de madeira quadrada por uns redondões, de eucalipto tratado, com luminárias a vapor de mercúrio, que para nós era invenção nova. Retiraram as velhas luminárias com  lâmpadas incandescentes de 150 watts. E as noites viraram dias.

          Pois depois a empreitada chegou à Rua XV, bem no centro de Capinzal. Abriam uns buracões para assentarem os postes. Uma tarde, bem ali na frente da Livraria Central, pertinho do Hotel do Túlio Manfredini, estava eu a olhar para a fila de postes já alinhada no sentido "altos da XV" quando caí dentro de um daqueles buracos. Eu tinha 15 anos e o buraco era meio metro mais fundo do que a minha altura. Uns pequenos esfolões, dei um jeito de sair do buraco, não sem antes olhar para os lados conferindo se alguém vira meu infortúnio. Tive sorte, ninguém viu.

          E, de tombo em buraco para tombo em escadas, foi pra já: Doze anos depois, em setembro de 1980, estava eu fazendo o "Censo 80" em todo o perímetro urbano de Ouro. Quando cheguei na casa do João Tessaro, na Rua Senador Pinheiro Machado, a Jaci, sua esposa,  me atendeu. Deu-me as informações, agradeci e saí de lá. Ao descer uma escava que me levaria à rua, levei um tombo escandaloso. Minha primeira reação foi olhar para os lados para ver se ninguém vira meu fiasco. Depois, catei os óculos, a pasta do IBGE, passei um pouco de saliva nos esfolões dos cotovelos e fui-me embora.

          Alguns anos depois, uma senhora muito discreta, que era vizinha deles, contou-me, num evento público, que vira o tombo que eu levara muitos anos antes...

          Lembrar do passado, ah como é bom! Até nossos atrapalhos nos fazem rir. E, poder dividi-los com os amigos e os leitores me deixa muito contente. Divirto-me só de lembrar! E você, vai querer me dizer que nunca cometeu gafes?

Euclides Riquetti
15-05-2014

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