Foto de 1930 - Presidente Getúlio Vargas chega à Estação de Rio Capinzal, seguindo depois para Porto União da Vitória
De vez em quando volta à baila o assunto
ferrovia, em especial nossa mais que centenária estrada-de-ferro, que nos
serviu por mais de 70 anos. Economicamente, serviu para transportarem bovinos e
suínos para Sorocaba e São Paulo, madeiras para os portos, grãos, frutas,
pessoas que viajavam. Nas conexões com São Paulo e Buenos Aires, fomos caminho
para a elite social e política brasileira. Hoje, está em nossas mais graciosas
lembranças, vista no aspecto cultural, romântico, bucólico.
A importância econômica dela é
indiscutível. Serviu e pode voltar a servir. É muito lero-lero em cima da
questão. Para o transporte regular da produção, pode servir de conexão do Oeste
para com os portos que se situam no Atlântico. Pode servir o Brasil e os países
à nosso Oeste. Sé não é economicamente viável, por que ninguém larga o osso?
Imaginem aquele leito ali existente, patrimônio consolidado,
que não precisa de indenização para ser aberto, nada de explosões, nem de toda
a burocracia institucional, nem de intermináveis conflitos jurídicos. Ora, se o
governo Federal quiser fazer valer seus direitos, pois os concessionários não
cumpriram com seus contratos, é pegar e usar. Ou largar. Nem precisa de muito
discussão, é apenas uma questão de praticidade e determinação. Podem ter
certeza, leitores, que empreendedores, não especuladores somente, nacionais ou
estrangeiros, podem fazer “chover pra
cima”, se forem desafiados.
Para o transporte da produção da América
do Sul, uma completa reestruturação. Aproveitam-se o leito e as artes
correntes, mesmo que precisem ser revisadas. Vendem-se os trilhos, os dormentes
viram lenha e colocam-se dormentes ecológicos, de matérias sintéticas,
duráveis, e trilhos de bitolagem adequada. E uma completa estrutura lindeira,
muitos empregos gerados e muita movimentação econômica. E a redução da
“encrenca rodoviária”, que já é grande. O grande capital da ferrovia é o seu
LEITO.
Vou mencionar, aqui, escritos de minha
autoria, que publiquei no Blog do Riquetti:
“Quase duas horas admirando os paredões
de pedras, os muros de contenção e as artes correntes que foram
confeccionadas pelos trabalhadores na primeira década do Século XX. Muitos
conflitos, mortes, desentendimentos e entendimentos. Uma obra com
derramamento de sangue e secundada pela Guerra do Contestado. Um ferrovia que
foi privatizada e que foi desativada. Uma estrada abandonada que corta todo o
Vale do Rio do Peixe, desde a divisa com o Rio Grande do Sul, em Marcelino
Ramos, para nos levar a União da Vitória. Uma ferrovia que originou
histórias e romances. Algo que marcou a vida de milhares, quem sabe de milhões
de pessoas que por ela transitaram nos mais de 70 anos em que esteve em
operação.
Agora, a pergunta: "Por quê? Por que, em tempos em que as BRs estão
apinhadas de veículos, não de recupera para finalidades turísticas ou
então se moderniza para o transporte da produção regional?"
Certamente que a resposta, alguma hora virá. É uma patrimônio histórico,
cultural e econômico fantástico.
Sabemos que já há decisão judicial irrecorrível de que os proprietários devem
recuperar a ferrovia e deixá-la em condições de operação comercial. Sim, porque
quando a adquiriam, essa era a condição legal. Se deixaram que chegasse à
condição atual, é problema deles que não cuidaram do que era seu de direito mas
também de dever. De nossa parte, estamos juntos para defender nossa história e
nossa cultura. Muitas vidas foram sacrificadas e muitos conflitos gerados para
sua implantação. Entendemos que, agora, não é justo que todo esse sacrifício
fique relegado a não ter importância".
Hoje, quando olhamos para aqueles trilhos
abandonados, e uma vegetação exuberante nas margens do leito, muitas flores e
árvores frutíferas nas áreas urbanas por onde passava a ferrovia, num cenário
totalmente bucólico e muito romântico, nos emocionamos. Boas e inesquecíveis
lembranças. Certamente que há muitas mentes se movimentando, fazendo cálculos.
Outras, movendo-se pelas lembranças românticas. Certamente que alguma coisa
ainda vai acontecer.
Euclides Riquetti
– Escritor – www.blogdoriquetti.blogpot.com
Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC
em 06-08-2021
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