A “grande
imprensa” brasileira tem-se referido aos atos ocorridos em Brasília, no dia 08
de janeiro, um domingo, como atos de terrorismo, golpismo, vandalismo ou atos
criminosos. Vou escolher o termo “criminosos”, pois quem invade e agride com violência pessoas ou patrimônio, seja este
público ou privado, está cometendo um crime. Mas está muito longe da
classificação de terrorismo. Este termo é falácia, é construção de narrativa
política. Muita gente presa, alguns usados pelos da direita, bem como a
esquerda fez lá atrás. Como dizia uma gentil senhora: “A companhia faz a
folia!” E, claro, quando há gente mal intencionada manipulando e direcionando a
mente de alguns, as consequências são imprevisíveis. No caso de Brasília, era
bem sabido pelas autoridades do novo Governo, que um grande protesto estava
sendo organizado e as pessoas sendo convidadas a participar, originárias de
vários pontos do país. Mas elas não imaginavam que a situação ficasse tão
grave. Descuidaram-se nas medidas de proteção. Tivessem programado um aparato
material e humano como o da posse de Lula, ter-se-iam defendido com mais
segurança. Há quem diga que o descuido foi proposital.
Tem sido
divulgado que neste início de ano já foram presas mais pessoas, em razão de
manifestações populares com cunho político,
do que em todo o tempo de exceção, de 1964 a 1980. A realidade é que se
há de avaliar bem o nível de comprometimento de quem estava lá e foi detido. A
Polícia Federal é o órgão mais indicado para fazer a investigação. As postagens
nas redes sociais têm sido as provas para justificar a manutenção de pessoas
presas. Mas é preciso verificar o que é bravatismo e o que é verdadeiro. E o
verdadeiro pode ser facilmente comprovado pelas filmagens que estão disponíveis
nas casas invadidas e mesmo pelas postadas pelos que foram lá para protestar,
mas que invadiram Congresso, Planalto e STF. E, quem depredou, quem causou
quebradeiras nas instalações, destruiu documentos e danificou obras de arte e
outras peças de importância histórica e cultural, esses sim devem ser
considerados criminosos e severamente punidos.
Terrorismo nós
tivemos no passado remoto e no recente em todo o mundo. Ainda há poucos dias,
houve atos em que foram mortas quase 50 pessoas no Peru e nem a imprensa de lá,
nem a brasileira, ficaram propagando isso como terrorismo. Sempre que se
distorcem e se politizam fatos graves, tudo passa a ser mentalizado no campo
político, quando deveriam ser encarados como crimes e os criminosos sujeitos à
punição pela infração às leis. Que os incautos sejam enquadrados segundo o que
praticaram e os criminosos devidamente punidos, de acordo com a gravidade. Com
relação à omissão das forças de segurança, do Governador do Distrito
Federal (afastado)e do Secretário de
Segurança de Brasília (em férias?? E agora preso), há o campo jurídico e o
político a ser acompanhado. Com relação ao Ministro da Justiça, o campo
político. Aguardemos e veremos!
O Censo do IBGE
– as contestações dos resultados e a falta de projetos de desenvolvimento
industrial e programas básicos de habitações populares –
Fui agente censitário do IBGE em
setembro de 1980 na cidade de Ouro. Lecionava pela manhã e em quatro noites.
Utilizei as tardes, a noite livre e os
sábados para visitar os domicílios. Visitei todos os da área urbana, composta
pela área central e dois bairros então pequenos. Na noite do primeiro dia,
marquei plantão na Cadeia Pública e num dormitório. Entrevistei uma pessoa que
havia sido presa uma hora antes da meia-noite. No dormitório, não houve
movimentação, apenas meia dúzia de “não moradores presentes”. Nosso coordenador
para Ouro e Capinzal, Rogério Baretta, passou a noite no Hotel Beviláqua, em
Capinzal, com um recenseador, cadastrando os hóspedes. Recebeu todo o apoio de
Euclides Beviláqua, um dos proprietários, que se dispôs a ajudar. Em Ouro, tive
o total apoio de Ivo Luiz Bazzo, então prefeito. Em Capinzal, Dileto Bertaiolli
também apoiou todo o pessoal contratado pelo IBGE. Havia um extremo interesse
de que todos fossem recenseados. Os filhos dos moradores que estudavam em
outras cidades eram cadastrados como “moradores ausentes”. Era tudo no
formulário de papel, preenchido com caneta. Alguma informação que ainda precisava
ser checada, era provisoriamente marca a lápis. Uma jovem que poderia ser moradora
de Capinzal estava na casa da irmã dela, em Ouro, onde trabalhava em cuidar de
uma criança. Como não fora cadastrada em
Capinzal, fizemos os ajustes e ela ficou cadastrada em Ouro, onde dormia e
trabalhava. No resultado final, houve uma mulher a mais que um homem na
contagem. Justamente esta.
O IBGE
estabelece normas e tem métodos para calcular crescimento por estimativas. Se
num período de dez anos há um determinado crescimento populacional, e no
subsequente uma pequena desaceleração, os números registrados no censo que
estiver sendo contabilizado será menor do que o estimado. Em Joaçaba houve
crescimento, porém num ritmo menor. É natural a chiadeira, pois vamos perder
arrecadação. Maas vejamos e consideremos que não houve uma expansão industrial,
nem a construção de moradias populares. Treze Tílias e Capinzal cresceram em
razão de incremento industrial. Zortéa em razão de ser próximo da BRF de
Capinzal e as pessoas construindo ali, onde os terrenos são mais baratos e
planos. E as prefeituras das duas cidades criaram programas de habitações
populares bem acima da média.
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!