domingo, 22 de janeiro de 2023

Vandalismo e crime, não “terrorismo”!

 




       A “grande imprensa” brasileira tem-se referido aos atos ocorridos em Brasília, no dia 08 de janeiro, um domingo, como atos de terrorismo, golpismo, vandalismo ou atos criminosos. Vou escolher o termo “criminosos”, pois quem invade e agride  com violência pessoas ou patrimônio, seja este público ou privado, está cometendo um crime. Mas está muito longe da classificação de terrorismo. Este termo é falácia, é construção de narrativa política. Muita gente presa, alguns usados pelos da direita, bem como a esquerda fez lá atrás. Como dizia uma gentil senhora: “A companhia faz a folia!” E, claro, quando há gente mal intencionada manipulando e direcionando a mente de alguns, as consequências são imprevisíveis. No caso de Brasília, era bem sabido pelas autoridades do novo Governo, que um grande protesto estava sendo organizado e as pessoas sendo convidadas a participar, originárias de vários pontos do país. Mas elas não imaginavam que a situação ficasse tão grave. Descuidaram-se nas medidas de proteção. Tivessem programado um aparato material e humano como o da posse de Lula, ter-se-iam defendido com mais segurança. Há quem diga que o descuido foi proposital.

       Tem sido divulgado que neste início de ano já foram presas mais pessoas, em razão de manifestações populares com cunho político,  do que em todo o tempo de exceção, de 1964 a 1980. A realidade é que se há de avaliar bem o nível de comprometimento de quem estava lá e foi detido. A Polícia Federal é o órgão mais indicado para fazer a investigação. As postagens nas redes sociais têm sido as provas para justificar a manutenção de pessoas presas. Mas é preciso verificar o que é bravatismo e o que é verdadeiro. E o verdadeiro pode ser facilmente comprovado pelas filmagens que estão disponíveis nas casas invadidas e mesmo pelas postadas pelos que foram lá para protestar, mas que invadiram Congresso, Planalto e STF. E, quem depredou, quem causou quebradeiras nas instalações, destruiu documentos e danificou obras de arte e outras peças de importância histórica e cultural, esses sim devem ser considerados criminosos e severamente punidos.

      Terrorismo nós tivemos no passado remoto e no recente em todo o mundo. Ainda há poucos dias, houve atos em que foram mortas quase 50 pessoas no Peru e nem a imprensa de lá, nem a brasileira, ficaram propagando isso como terrorismo. Sempre que se distorcem e se politizam fatos graves, tudo passa a ser mentalizado no campo político, quando deveriam ser encarados como crimes e os criminosos sujeitos à punição pela infração às leis. Que os incautos sejam enquadrados segundo o que praticaram e os criminosos devidamente punidos, de acordo com a gravidade. Com relação à omissão das forças de segurança, do Governador do Distrito Federal  (afastado)e do Secretário de Segurança de Brasília (em férias?? E agora preso), há o campo jurídico e o político a ser acompanhado. Com relação ao Ministro da Justiça, o campo político.  Aguardemos e veremos!

       O Censo do IBGE – as contestações dos resultados e a falta de projetos de desenvolvimento industrial e programas básicos de habitações populares –

       Fui agente censitário do IBGE em setembro de 1980 na cidade de Ouro. Lecionava pela manhã e em quatro noites. Utilizei as tardes, a noite livre e  os sábados para visitar os domicílios. Visitei todos os da área urbana, composta pela área central e dois bairros então pequenos. Na noite do primeiro dia, marquei plantão na Cadeia Pública e num dormitório. Entrevistei uma pessoa que havia sido presa uma hora antes da meia-noite. No dormitório, não houve movimentação, apenas meia dúzia de “não moradores presentes”. Nosso coordenador para Ouro e Capinzal, Rogério Baretta, passou a noite no Hotel Beviláqua, em Capinzal, com um recenseador, cadastrando os hóspedes. Recebeu todo o apoio de Euclides Beviláqua, um dos proprietários, que se dispôs a ajudar. Em Ouro, tive o total apoio de Ivo Luiz Bazzo, então prefeito. Em Capinzal, Dileto Bertaiolli também apoiou todo o pessoal contratado pelo IBGE. Havia um extremo interesse de que todos fossem recenseados. Os filhos dos moradores que estudavam em outras cidades eram cadastrados como “moradores ausentes”. Era tudo no formulário de papel, preenchido com caneta. Alguma informação que ainda precisava ser checada, era provisoriamente marca a lápis. Uma jovem que poderia ser moradora de Capinzal estava na casa da irmã dela, em Ouro, onde trabalhava em cuidar de uma criança. Como não fora cadastrada  em Capinzal, fizemos os ajustes e ela ficou cadastrada em Ouro, onde dormia e trabalhava. No resultado final, houve uma mulher a mais que um homem na contagem. Justamente esta.

       O IBGE estabelece normas e tem métodos para calcular crescimento por estimativas. Se num período de dez anos há um determinado crescimento populacional, e no subsequente uma pequena desaceleração, os números registrados no censo que estiver sendo contabilizado será menor do que o estimado. Em Joaçaba houve crescimento, porém num ritmo menor. É natural a chiadeira, pois vamos perder arrecadação. Maas vejamos e consideremos que não houve uma expansão industrial, nem a construção de moradias populares. Treze Tílias e Capinzal cresceram em razão de incremento industrial. Zortéa em razão de ser próximo da BRF de Capinzal e as pessoas construindo ali, onde os terrenos são mais baratos e planos. E as prefeituras das duas cidades criaram programas de habitações populares bem acima da média.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

 

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