quinta-feira, 6 de junho de 2024

Belos pés desnudos

 


 



Sopram ventos ousados na primavera hostil

Sacodindo as folhas inquietas da caneleira

Teimam em derrubar as pétalas nas roseiras

Movem-se as nuvens, encobrindo o céu anil.


Nas areias as mulheres recolhem as esteiras

Os homens retiram e guardam os guarda-sóis

Nas pousadas lhes esperam brancos lençóis

Nas sacadas estendem-se agora suas cadeiras.


O poeta observa corpos morenos, esculturais

E descreve-os com a volúpia de sua inspiração

Adjetiva-os com as palavras doces e sensuais.


Perde-se nos desejos instintivos e profundos

Corre em suas veias o plasma da alta tensão

Como queimam nas areias belos pés desnudos. 


Euclides Riquetti

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