terça-feira, 29 de junho de 2021

Navegando no Velho Chico - bom relembrar!

 



          Passamos um belíssimo dia na Praia do Gunga, em Maceió, onde tomamos sol  e vivemos muita alegria. Um lugar aprazível ao Sul da cidade.  Andamos de buggy e conhecemos as falésias, formações geológicas à beira do Oceano Atlântico. Ficamos na "Barraca da Véinha". Entre ela e o mar, os guarda-sóis e  cadeiras.  Cervejinha, isca de peixe e música agradável.

          Ali,  um cantor single, conhecido como "Força da Terra", animava toda a galera com seu vocal apurado e habilidades nos teclados. Lembrei-me de Laírton e seus Teclados, que muito sucesso fez aqui no Sul do Brasil com o hit "Morando do Nordeste", no início do presente milênio. Pois,  em poucos instantes,  o cantor puxava exatamente esta canção, para nossa alegria. E, em seguida, vieram muitas canções pop e românticas. O rapaz era bom mesmo.

          Um magrelo, cinquentão talvez, nativo do lugar, muito simpático e divertido, vendia cocadas. Dava par perceber que tinha tomado umas. Quando saiu um forrozinho, largou a bandeja e começou a dançar. E, dentro de uma filosofia bem peculiar ali, perguntado se não estava preocupado em vender as cocadas, falou: "Primeiro a diversão e depois o trabalho". Animou e envolveu as pessoas, puxando um trenzinho. E formou-se aquela fila,  serpenteando ao redor dos quiosques.

          Disse-lhe que tinha interesse num CD do Força da Terra. Ele foi lá, buscou um e me vendeu. Chamei os amigos para que também comprassem, pois nele havia uma canção muito bonita que descreve Maceió....

          Nossa colega de viagem, Cândida, irmã das amigas Joana e Lourdes, que descobrimos morar aqui no Clara Adélia, ajudou-o a vender CDs e cocadas. Ela ia com ele às barracas e incentivava as pessoas a comprarem aquilo que ele vendia. Achei muito bonito de parte dela fazer isso. E o senhor ganhou uma boa graninha.

          Recomendo a Praia do Gunga a quem for a Maceió. Fica ao lado de uma fazenda que possui um imenso coqueiral. Mais de um milhão de coqueiros ativos. Cerva de 500 milhões de cocos por ano são ali retirados, com uma produção de 360 unidades em cada planta. Comida boa também.

          No sábado, fomos a Piaçabuçu, 134  Km ao Sul de Maceió, onde o Rio São Francisco separa o estado de Alagoas e o de Sergipe. Duas horas e meia de viagem até o portinho. Lá, tomamos uma embarcação até a Foz do Velho Chico. Uma guia muito simpática e competente, Deisy, estudante de Engenharia Naval, nos passava informações precisas e preciosas sobre o lugar, seu povo e seus costumes.

          Seu Manoel,  o marinheiro que pilotava a barca, nos contava que trabalhou muito na vida e que, agora, bem idoso, aposentado, comprou-a. Quer comprar uma ainda maior, mais forte e ágil, que possa ir além da pororoca, que é o ponto onde as águas do São Francisco se encontram com a do Atlântico, um fenômeno bonito e interessante, até porque estudei sobre isso nos meus tempos de primário, no Mater Dolorum, em Capinzal, na adolescência.

          A menos de 1.000 metros da pororoca, no local de atracação, com belíssimas dunas, uma feirinha dos nativos. A maioria deles  vem de bote provindos da outra margem do rio, de Sergipe. Vendem cocadas deliciosíssimas, com muitos sabores. Um bolo de macaxeira (nosso aipim), com coco, inesquecível. Artesanato em cerâmica e em folhas de coqueiros belíssimos, tudo confeccionado com maestria. Tudo muito barato, fazendo com que os turistas comprassem o que seria possível trazer no avião dentro da cota de peso mas malas e nas valises de mão.

          Cerca de 500 metros da feira, um quilombo onde vivem cerca de 100 quilombolas. Retiram do mar e da natureza o que precisam para viver e não precisam de energia elétrica e nada do que os outros precisam. Vivem a vida simples, reclusos, não se misturam aos outros, nada mais querem do que aquele pequeno pedacinho de terra cercada de dunas e de mar.

         Conhecer o Velho Chico foi uma verdadeira alegria. Pelotas, Uruguai, Das Antas, Itajaí-açu, Rio do Peixe, Iguaçu, Peperi, Chapecó, Canoas, Paraná, Tietê ... Agora, quem sabe, o Amazonas, num futuro próximo. Sentir as pessoas, conhecer seus costumes, suas histórias. Ver, com os olhos e sentir com o coração, ouvir as narrativas dos guias e dos nativos, vivenciar aquilo que s livros nos trouxeram em minha vida.

Euclides Riquetti
13-06-2015

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