sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Segunda Crônica do Antigamente

 


Segunda Crônica do Antigamente   (Reprisando: escrita e publicada no blog em 29-11-2011)


Vera Fisher - nossa conterrânea catarinense, em sua juventude.
A mesma, na idade bem adulta, mas sempre muito bonita e talentosa como atriz.
Sou antigo. Bem antigo, mais do que a Marjorie Estiano. Não mais que a Vera Fischer, que é um ano mais velha. Mas sou antigo. E isso me permite ter muitas lembranças. Lembranças do Cine Farroupilha, de Capinzal,  que amanheceu em cinzas, num domingo do final dos anos 60. Da desativada fábrica de refrigerantes da família Brambilla, ali onde é a Escola Sílvio Santos, no Ouro, que também amanheceu queimando, poucos dias depois. Já haviam queimado a Capela de Nossa Senhora dos Navegantes, ali na esquina da Formosa com a Pinheiro Machado...

Lembro do Zeca Gomes, que concorreu a Prefeito contra o Gravata e levou, numa eleição satirizando o eleito Cacareco, em São Paulo. Zeca Gomes bebia e fazia gestos, resmungava coisas quase que ininteligíveis:  "Cê tá abusando c´o deputado! Num vai mais abusá c ´o Deputado! E vinha, cambaleando, pela Ponte Nova, dirigindo-se à casa do Laurindo Biarzi, uma boa alma que lhe dava pouso e comida. Na manhã seguinte ele era outro!

Mas sou antigo. Do tempo em que as pessoas matavam  passarinho, armavam arapucas, prendiam eles na gaiola.  Do tempo em que alguns iam para a escola e outros iam trabalhar.  Só os que tinham "boa  idéia" eram escolhidos para a escola, os outros tinham que se virar. E outros iam para o Seminário...

Sou do tempo em que o Estádio Municipal, em Capinzal, era ali onde fica a Rodoviária. Nem sobrava tempo para a grama vingar. E quando não era o futebol era o Circo Robattini, com a bela Valéria Robattini) ao trapézio. Ah, quantas saudades.

Sou do tempo em que o Mater Dolorum era um casarão de madeira e diziam que no sótão tinha assombração de uma freira que havia morrido antigamente. Uma não, duas. E do tempo em que nas calçadas da Quinze havia argolas de ferro presas ao meio-fio para amarrar os cavalos. E que, na Rádio Sulina o jovem Celso Farina fazia sucesso como locutor. E que a Maria Fumaça passava pelo menos umas quatro  vezes ao dia pela estrada de ferro, buzinhando e trazendo aqueles vagões cheios de gente faceira. E outras tantas com os vagões de carga trazendo areia de Porto União, ou belíssimos automóveis importados que vinham de São Paulo e iam para Caxias do Sul e Porto Alegre.

Sou antigo, sim, e minha antiguidade me permite dizer coisas que meu coração registrou e que minha mente reproduz, com muita saudade... Sou antigo, sim, mas não tão antigo quanto a Vera Fischer.

Euclides Riquetti
(De quando comecei...)

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