domingo, 29 de setembro de 2024

Musicista Inoldes Setti - Adeus, amigão!

 



       O segundo domingo primaveril, depois de uma semana muito conturbada, me parecia um dia muito auspicioso. A temperatura estava agradável, havia sol e o céu que deveria ser azul estava com uma coloração um tanto acinzentada. Deveria ser por causa dos incêndios que estão ocorrendo na Amazônia e no Pantanal Matogrossense. Com visita da Michele e do Daniel, que vieram de Curitiba, organizamos nosso almoço dentro do padrão costumeiro. Parte da família reunida, gente feliz!

       No início da tarde, uma notícia que me entristeceu. Soube do falecimento de meu amigão Inoldes Antônio Setti, gaitista, meu colega dos tempos de terceira e quarta série de ginásio, no Ginásio Normal Juçá Barbosa Callado, em 1967 e 1968. Tínhamos laços relevantes, uma vez que uma irmã dele era nora de  meu tio Marcelino Richetti, cujos descendentes foram morar em Cascavel depois que este faleceu. 

       Ao final daquela década, meu pai ingressou, por concurso, como professor do Ensino Primário, no Grupo Escolar Joaquim D´Agostini, no recém criado município de Lacerdópolis. E, pelos laços de amizade com Abel Setti e sua família, foi morar na casa deles, até mais adiante, quando foi tornar-se Diretor do Grupo Escolar André Rebouças, na Barra do Leão. Minha amizade com o Inoldes iniciou-se ainda antes de sermos colegas de escola, quando ele trabalhava na empresa D ´Agostini, em Ouro. Nós apelidamos ele de "Barboleta!". Poucos conseguiram passar pela escola sem ganhar um apelido. 

        Na nossa turma de escola tínhamos colegas cujo amizade se estendeu por longos anos: Osvaldino D ´Agostini, Ludovino Baretta (o Chascove) os irmãos Nelsi, José Carlos e Terezinha Andrioni, Ivan Ramos e outros. Comigo e o Ivan manteve contato nos anos seguintes. Ele costumava passar no Posto Ipiranga depois do almoço, quando ia para o serviço. Lembro muito bem dele daquela época. Aliás, na última vez que o encontrei, ali no Ouro, ele me relatou uma passagem dos tempos de escola; uma vez, incomodado com um professor, ou professora, dirigiu-se à Diretora Holga Brancher, e disse que estava bravo e que ia explodir o prédio da escola no dia seguinte.  

       No outro dia, pegou uma vela de cera e enrolou nela uns panos e plásticos, como se uma bomba fosse. Entrou na sala de aula e disse que ia explodir tudo. Acendeu a vela e deixou o objeto sobre uma carteira e saiu correndo. Foi um alvoroço danado, todo mundo correu. E ele também sumiu da escola. Como se passou um bom espaço de tempo e a vela gastou, não ocorrendo nenhuma explosão, foram lá e viram que não passava de um trote, uma brincadeira. Com isso, arrumou um monte de inimigos na ocasião. Prometeram que iam pegar ele. Por precaução, ficou uns dias sem ir pra escola, indo apenas de casa ao serviço e com muito cuidado para não ser visto. 

       Quando do falecimento de seu irmão Adauto, na hora da condução do funeral, fui à casa dele e fiquei lá tentando consolá-lo. Uma tarefa dificílima. No instante em que o sino da Matriz São Paulo Apóstolo repicava os acordes do luto, e seu corpo chegava lá para a derradeira celebração, ele se desesperou. Era a mensagem de que ele nunca mais veria seu amado irmão.  

    Tenho muitas lembranças dele e de sua família, pois a Karen foi minha aluna e o Cássio colega de minhas filhas. Uma vez comprei um carro dele, negócio bom para ambas as partes. A primeira esposa foi minha amiga e a segunda minha aluna. 

       Há poucos anos ele esteve aqui no Bairro São Braz, onde veio com suas harmônicas para uma execução musical durante um jantar. Autodidata, aprendeu a executar clássicos e modernos com maestria. Há, na  internet, vídeos no YouTube em que ele executa algumas músicas, dentre elas o "Mississipi". apresentava-se em eventos sociais e culturais e animava o ambiente com alegria, sempre arrancando aplausos. 

       Sua partida deixa enlutadas as cidades de Ouro, Capinzal e Lacerdópolis, cidades onde viveu e construiu uma legião de amigos. 

       Aos familiares, todos, e aos amigos, as mais sentidas condolências.


Euclides Riquetti e Família

20-09-2024

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