quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A questão delicada do fechamento do Ensino Noturno na Escola Sílvio Santos e outras

 


                                            Foto: Rádio Capinzal FM

       O Governo do Estado de Santa Catarina está empenhado em fechar cursos noturnos em Santa Catarina como forma de economizar. Gradativamente, isso vem acontecendo. Os recursos materiais e humanos, segundo ele,  precisam ser economizados. 

       Em Ouro, o caso da Escola de Educação Básica Prefeito Sílvio Santos, cujo curso de Ensino Médio noturno está prestes a ser fechado, a questão tomou forte discussão, saindo das raias internas do educandário para o campo político e dos meios de comunicação. Em rádios, sites noticiosos e em páginas de internet e whatsApp, facebook e outras mídias, a coisa está indo longe. O curso está com 47 alunos frequentando o noturno e isso justifica o seu fechamento, segundo aas autoridades regionais da Educação. 

      Mas esse tipo de coisa tem um jeito para ser resolvido: É a escola, por seus professores, direção, alunos e pais irem em busca de dezenas de jovens, e até adultos, que abandonaram a escola por uma ou outra razão.  Sabemos que o problema não ocorre apenas em Ouro. Em Luzerna, o curso funcionou apenas com a segunda e a terceira série no presente ano, vai funcionar apenas com a terceira em 2025 e depois estará extinto. Em Herval D ´Oeste, os alunos do noturno do Colégio São José deverão ser alocados para o Colégio Celso Ramos, de Joaçaba. Os do Sílvio Santos, para o Mater Dolorum.

       Estive em contato direto com professores e o Diretor do educandário, e com alguns amigos da classe política local. A preocupação existe e eu tenho dito que, quando eventos assim ocorrem, a sensação de perda é tão grande que, quem perde, tem acentuada baixa no nível de autoestima. E quem recebe, nem percebe se teve ganhos.

       Para alunos que estão naquela escola há cerca de uma década, a sensação de impotência e perda é enorme. Para os professores, representa risco de dificuldade em cumprirem sua carga de trabalho numa mesma escola. Fechar escolas, ninguém quer. Mas os cálculos matemáticos são realizados e, quem pensa apenas pela ótica econômica, a solução é esta. Porém, há forte contestação. Tudo precisa ser bem analisado. 

       Na toada, veio à tona um fato que ocorreu no final da década de 1990, quando houve sensível mudança no sistema municipal de ensino em Ouro. Na administração de Sérgio Durigon, foi realizada a nucleação das escolas das séries iniciais das antigas "escolas isoladas" ou multisséries. Os dados apresentavam baixíssima matrículas nas mais de 20 escolas espalhadas pelo território municipal, inclusive algumas com menos de uma dezenas de alunos, funcionando quatro séries numa mesma turma. 

       Assim, na época em que Durigon tinha como secretária a professora Roselange Bárbara Zênere Baretta, a Tulica, se planejou, convencionou e se executou de forma que escolas principais, estrategicamente, foram as sedes dos núcleos, sendo: Um em Linha Carmelinda, um em Linha Bonita, e foi utilizada a Escola Frei Crespim, em Santa Lúcia, para receber os da região Norte e Centro Norte do município. As escolas desativadas passaram a ser utilizadas pelas comunidades para fins sociais.

      A equipe da Secretaria de Educação realizou reuniões em cada comunidade, com pais, professores e lideranças, Diretoria das APPs, colocado em votação, após explicação e justificação da importância da ação, e redigidas atas, devidamente assinadas pelos presentes. A estratégia foi avante porque houve aprovação em todas as comunidades. Tudo foi feito estritamente dentro da Lei, considerando os aspectos pedagógicos e técnicos. 

       Os núcleos passaram a ter séries individuais, professores de Educação Física , Línguas , com Italiano, Artes, merendeira, servente de serviços gerais e ainda a utilização de ginásios de esportes comunitários para as aulas de Educação Física. As instalações físicas foram ampliadas e melhoradas. Os ganhos em nível de ensino e aprendizagem e sociais foram muitos.  Ouro passou a ser o décimo município que mais investia em percentual na Educação. Aumentaram os gastos, mas se ganhou muito em qualidade.  

       A nova modalidade, passou a ter custos maiores para os cofres municipais, pois todos os alunos passaram a ter o direito do transporte para acesso aos núcleos, Antes, em cada comunidade, os pais é que levavam as crianças até a escolinha local, muitas vezes até 6 Km distante. 

       Vale lembrar que o ganho foi grande e que isso se refletiu em outras áreas, pois o município estava em 137 de IDH, que veio para 37 durante os mandatos de Durigon, e hoje está em 42, acima da maioria dos municípios da AMMOC.

       O momento exige cautela e ação efetiva para a busca de matrículas, e proposição de estratégias para manter os alunos na escola, e melhoria significativa no ensino e aprendizagem.

Euclides Riquetti

31-10-2024


        

Um comentário:

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