Quando o período
crítico da pandemia for superado e a confiança voltar às pessoas, muita coisa
será bem diferente do que era antes dela.
Os dados nos têm mostrado que em alguns países a crise ficou superada
após 100 dias dos primeiros casos. O número de dias é emblemático, mas merece
ser analisado pelos que, como eu, desejam ter alguma clareza sobre quando vamos
sair dessa.
No dia 16 de
março, alguns municípios passaram a emitir seus decretos com severas
determinações sobre como as pessoas deveriam se comportar e quais setores
poderiam, pela sua essencialidade, continuar a operar. Na microrregião da
AMMOC, houve razoável disciplina e as pessoas, salvo alguns metidos a
valentões, passaram a proteger a si e aos outros, usando máscaras e tomando os
cuidados recomendados. . Alíás, houve uma falha na equipe do Sr. Mandetta, que
ficava falando em receber milhões de máscaras da China, descartáveis. Uma hora
eram 5 milhões, outras 15 milhões delas. E eu fazia minhas contas: com quase
210 milhões de habitantes, o número não seria nem suficiente sequer para
atender os funcionários dos serviços de saúde.
Quando alguns
técnicos começaram a falar da importância do uso de máscaras de pano,
confeccionadas aqui no Brasil, as confecções e costureiras aqui de Joaçaba e
região começaram a produzir unidades em panos duplos ou triplos, consumindo
sobras de tecidos. Logo houve a falta de elástico, e uma confecção passou a
ajudar quem precisasse, repartindo os elásticos largos para que pudessem ser
utilizados. Muitas senhoras, e até os detentos do presídio, começaram a
confeccionar máscaras, e logo se viu, na cidade, as pessoas utilizando-as.
Hoje, no centro de Joaçaba, é possível ver que cerca de 90% de quem anda na rua
está se protegendo e protegendo os demais. A regra precisa ser que, quem se
protege, protege os outros, e as campanhas publicitárias deveriam ser nesse
sentido. A imprensa local foi impecável no passar das informações à população,
que entendeu a mensagem e comportou-se bem melhor do que a de outras regiões.
Não é à toa que o número de contágios e óbitos por aqui é menor do que em
outros lugares.
As divergências
de opinião sobre isolamento ou distanciamento social e sobre a abertura ou não
da economia, levaram ao atraso nas ações que deveriam ter sido desenvolvidas,
nas ações que deveriam ser tomadas. Nas grandes capitais, como São Paulo e Rio
de Janeiro, até hoje podemos ver as imagens da televisão ou mesmo nas redes
sociais, de pessoas andando sem máscara. Também, as brigas postas em público
nos mostraram o que já sabíamos: os sistemas de saúde de muitas cidades
brasileiras, como no Rio e cidades do Norte e do Nordeste, são pessimamente
organizados. São, exatamente, os lugares de onde mais se ouviu, nos últimos
anos, notícias de desvios de dinheiro da saúde e da educação.
Por que, depois
da pandemia, constataremos muitas mudanças tanto de parte das pessoas como dos
governos? Ora, a população, mesmo com muitas informações desencontradas,
aprendeu sobre a importância da higiene pessoal e os cuidados que se precisa
ter quando da presença em locais públicos, principalmente onde circulam muitas
pessoas. A preocupação gerará um nível de cuidado melhor e isso poderá melhorar
o nível de saúde dos brasileiros. Ainda, haverá muito maior fiscalização sobre
os hospitais e serviços de saúde, sobre sua qualidade e sobre a
responsabilidade na aplicação dos recursos. Também, mais recursos deverão ser
orçados para o setor. Teremos uma mudança cultural muito grande em relação à
saúde e mesmo a nossos costumes. Os empregadores saberão que precisarão
valorizar muito mais os profissionais que atuam no atendimento às pessoas. Que
equipamentos precisam de manutenção e instalações adequadamente conservadas. Que
equipamentos que se encontram “encostados”, sem uso, novos, seminovos ou
precisando de manutenção, EM TODAS AS CIDADES, mesmo nas pequenas, sejam
cadastrados num sistema que possa ser acessado por todos os entes ligados à
saúde, principalmente no SUS, para que possam ser reabilitados e usados quando
preciso, com os devidos remanejamentos.
Outro fato que
está em discussão, em todos os ambientes de comunicação, é a de que pessoas
estão requerendo o benefício dos R$ 600,00 concedido pelo Governo Federal, omitindo
informações. A questão do merecimento ou não é uma questão que será analisada
pela sociedade mediante a publicação dos nomes e dos valores recebidos, e isso
é uma questão de transparência. São 38 milhões de trabalhadores informais. Algumas
câmaras de vereadores estão se propondo a colocar, em seus sites, o nome dos
beneficiários em cada cidade. É bem diferente do que solicitar dados e nomes
sobre pessoas que recebem tratamento de saúde, que interessam somente aos
pacientes e profissionais dos órgãos de saúde. Vamos ver quais delas, da região
da AMMOC, farão isso! Aguardemos!
Um bom exemplo de atitude positiva deve ser credenciado a BRF
de Capinzal, que com quase que uma centena de pessoas cuidando da higienização
do ambiente de produção e das pessoas que estão no trabalho, seguindo
protocolos próprios, acima dos recomendados pelas autoridades. Capinzal, com
cerca de 23 mil habitantes, tem apenas 3 casos confirmados de infectados pelo
coronavírus.
Enquanto isso, a violência contra a mulher chegou a aumento
entre 400 e 600 por cento em alguns estados. Há informações sobre o aumento de
casos de pedofilia, abusos de crianças e suicídios. Não podemos focar as notícias
encima apenas da pandemia, mas também sobre o que acontece paralelamente. E é
bom que a Globo Funerária também comece a agir imparcialmente, como fazem
algumas das concorrentes, principalmente a CNN Brasil, que dá voz e imagem para
pessoas que defendem um lado e outro.
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
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