quarta-feira, 6 de outubro de 2021

A (nada) Divina Comédia Brasileira - replay

 







       Dante Alighieri escreveu, no início do Século XIV, a sua “Divina Comédia”. Dante nasceu em Florença, na Itália, em 1265 e faleceu em Ravena, em 1321, tendo vivido por 56 anos. É considerado por muitos como o primeiro grande poeta e pensador ocidental. Escreveu seus poemas em italiano vulgar, pois, à época, os textos, de todos os gêneros, eram escritos em Latim. Estudei Latim, conheci meu “Latin Basic”, entre 1972 e 1974, nos meus três primeiros anos de meu curso universitário. Dante: poeta, político, pensador...

       Até hoje lembro com saudades e muito carinho de meus eminentes professores, principalmente do sorriso que se estampava no rosto de Francisco Filipak, quando nos falava dos grandes vultos da literatura mundial. Ou de Francisco Boni, sisudo, mas simpaticíssimo, que me fazia gostar da Literatura Inglesa e da Norte-americana. Era admirável ouvir os professores vestidos com terno e gravata, e as professoras com seus trajes ou vestidos, desfilando seu entusiasmo pela literatura, a linguística, a jogarem conhecimento ao espaço da sala de aula para que fosse abraçado por nós.

       Vivemos, hoje, uma nada divina comédia no Brasil. E isso já vem de pelo menos umas três décadas. Em nome da liberdade de expressão, as pessoas falam as bobagens que querem, escrevem-nas horrivelmente, acusam sem nenhuma base, desrespeitam os cidadãos de bem. E isso vem de todas as camadas da sociedade. A começar pela classe política, que se ofende e agride mutuamente. Autoridades falam o que acham que devem falar, a imprensa repercute, os comentaristas emitem sua opinião com pouco fundamento e, muitas vezes sem checarem as fontes das informações que lhes chegam.

      Voltando ao Alighieri, disse algo assim: “Muito maior é a sede, maior é o prazer em satisfazê-la”. Ou, “Com aquela medida que o homem usa para medir a si mesmo, mede suas coisas”. Traduzindo: o ser produz aquilo que ele é!

       Pois se analisarmos o que falam no Brasil, desde o Presidente Jair Bolsonaro, e outros políticos, (que deveriam ser exemplo para todo mundo), até o cidadão mais inculto, e compararmos com aquilo que costumamos ler ao longo da História, ficaremos muito decepcionados. Se dermos crédito a comentaristas “de ar condicionado”, que nunca andam de ônibus, metrô, ou a pé pelas ruas alagadas e enlameadas das grandes cidades, acabaremos nos tornando iguais a eles. E, se ficarmos lendo e acreditando em todas as inverdades que são propaladas através das redes sociais e mesmo pelos meios convencionais de comunicação, nos tornaremos ridículos.

       Então, nos próximos dias, com a animação das festas momescas para quem gosta, e o descanso para quem gosta de paz e tranquilidade, façamos aquilo de que mais gostamos, sem prejudicar os outros e sem provocar danos em nós mesmos. Quem sabe seja um bom momento para pesquisarmos sobre Dante, Sócrates, Péricles, no âmbito universal, ou Machado de Assis de Assis e Florbela Espanca, na literatura brasileira e portuguesa.

       Um abraço em todos!

14-03-2020

Euclides Riquetti – Autor de “Crônicas de Rio Capinzal, Abelardo Luz/Ouro e Arredores”

Um comentário:

  1. Pela sua genialidade, Dante, dispensa os comentários de simples mortais como nós.
    Agora, a questão política que vivemos, esta sim, precisamos estudá-la com profundidade para entendê-la, senão, acabamos repetindo, como papagaios, justamente aquilo que o sistema propõe.
    A comédia que vivemos não é só no Brasil, é um fenômeno mundial, que se aprofunda desde o início dos anos 1970. quando acelerou-se na Europa, principalmente, o desmonte do estado de bem-estar social, construído após o fim da II Guerra Mundial.
    Na década de 1980, Reagan e Thatcher foram os principais motores da virada neoliberal.
    Aqui, na América Latina, o Chile é um caso exemplar, onde Pinochet e os Chicago boys, fizeram, pode-se dizer, o primeiro grande experimento neoliberal. Mataram e destruíram aquela que sempre foi um exemplo de democracia. Trinta anos depois, estão os chilenos tentando, através de uma constituinte, dar um jeito naqueles estragos. Guedes, um dos principais (ir)responsáveis pela nossa situação é remanescente da tragédia chilena onde fazia parte dos Chicago boys.
    A propósito, se tiveres paciência, leia artigo dos pensadores franceses Pierre Dardot e Christian Laval de 25 de julho de 2019 à IHU - Instituto de Humanas da Unisínos. Nas entrelinhas está o entendimento do aprofundamento desta tragédia chamada "Novo neoliberalismo'. O artigo é longo, mas vale a pena conferir - a resposta é na mosca.

    ResponderExcluir

Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!