Ouro perdeu, nesta sexta-feira, uma pessoa muito querida por todos os que a conheceram: Dona Iracema, esposa do já falecido Ivo Luiz Bazzo, que foi Prefeito daquela cidade por dois mandatos. Trabalhei para ele, na condição de Secretário de Administração, em 1981 e 1982. Na época, criei laços de amizade com toda a família Bazzo, a quem prezo muito. Aprendi com eles que a seriedade e a honestidade são condições básicas para o exercício da atividade pública.
Filha de Jacob Maestri, comerciante, Dona Iracema foi uma mulher perfeita para sua época: a dona de casa prendada que acompanhava, discretamente, a vida do marido. E olha que ser esposa do Seu Ivo, não era tarefa fácil. Ele sempre foi agitado militante da UDN, seu partido desde moço. Na casa deles se passaram muitos acontecimentos políticos. Adiante, a família fez parte dos quadros da ARENA e os partidos que a sucederam: PDS, PPR, PPB, PP.
Importantes nomes da política catarinense estiveram na casa deles. E é aí que vem a figura de Dona Iracema, uma pessoa de corpo franzino, humilde, mas muito ligada em tudo: muito informada acerca dos acontecimentos locais, estaduais, no Brasil e no mundo. E tinha opinião sobre tudo! Quando chegavam pessoas no casarão (no antigo e no novo...) na Rua Presidente Kennedy, ela os recebia com seu inigualável cafezinho. Era adentrar pela porta e sentir o cheirinho gostoso que vinha do bule no fogão a lenha. Para o Deputado Gilson dos Santos, amigo e companheiro sempre presente na vida deles, fritava ovos, que ele devorava com misturas.
E olha que na saleta destinada a receber as visitas, com janela para as ruas, e uma placa de fundador da UDN na parede, rolavam altos papos de política. Eu mesmo, junto com ele, tomei café ali com gente da expressão de Jorge Bornhausen, Esperidião e Ângela Amin, Vilson Kleinubing, Gilson dos Santos, Odacir Zonta, e muitos outros. Seguramente que, antes disso, eles receberam Nelson Pedrini, Antônio Calos Konder Reis e outros ícones. No início da década de 1950, o casal e os familiares hospedaram o jovem Horácio Heitor Breda, por seis meses, para que pudesse habilitar-se a concorrer a Prefeito em Capinzal. Breda viera de Maringá, conviveu com eles e foi eleito Prefeito.
Não há como não associar a vida de Dona Iracema à do marido. Dividiram, juntos, as alegrias e as tristezas, as vitórias e as derrotas. Cuidaram da Nona Lúcia e do Egídio Balduíno, o Titi, que ficou paraplégico desde a adolescência. Uma pequena grande mulher, uma mulher de muita fibra. Um coração de bondade numa mãe que criou seus filhos Ivoney, Ione, Ivonete e Ionice, dando-lhe os melhores ensinamentos morais dentro dos princípios da cristandade. Dona Iracema, a grande companheira do Seu Ivo, nossa amiga pessoal, a quem devotamos muita admiração, foi morar no céu. Foi reencontrar o esposo e a filha amada, Ivonete, nossa comadre, que nos deixou prematuramente.
Na última vez que a visitei, já estava um tanto debilitada, mas mostrou satisfação em me ver. Senti que ela já não tinha mais a energia de sempre, pois a perda do esposo e da filha a abalaram muito, embora não fosse de queixar-se.
Que a família Bazzo tenha a plena certeza de que ela partiu sentindo-se amada e respeitada por todos vocês. E, igualmente, pela nossa família Riquetti. Temos amizade muito sincera e verdadeira com os todos os descendentes do casal. Fomos verdadeiros amigos em todas as horas e em todos os dias. Uma amizade que se solidificou nos últimos 35 anos.
Um carinhoso abraço em todos e o desejo que possa ter, junto de Deus e dos familiares que partiram antes, a felicidade eterna!
Euclides Riquetti
20-06-2015
Belíssima crônica,parabéns!
ResponderExcluirNair S. Beloto