sexta-feira, 7 de junho de 2019

É preciso dizer... (E é preciso assustar-se!...)



 Rua XV de Novembro, centro - Capinzal SC - Enchente Rio do peixe, 1983 (Foto RC)

Rio do Peixe, enchente de 1983, ponte pênsil, ligação entre Ouro e Capinzal SC (foto RC)

Áre Central de Capinzal - SC - Enchente de 1983 - Rio do Peixe (foto RC)
          O tempo passa e muitas situações que não desejamos que nos voltem acabam voltando-nos. Em 23 de fevereiro de 2011, ou seja, há pouco mais de dois anos, tive publicado, na coluna do Ademir Belotto, do Jornal A Semana, de Capinzal/Ouro, um texto em que propunha uma reflexão sobre comportamento ambiental. É um comportamento que relaciona o Homem e a Natureza. Depois disso, várias tragédias já aconteceram. E elas nos mostram que práticas da vida diária das pessoas, em todos os lugares, ocasionam desastres que poderiam ser evitados ou amenizados. Lembro que em 1983, no mês de julho, as enchentes dos Rios do Peixe, Iguaçu e Itajaí assombraram os três vales, causando vítimas e ocasionando prejuízos. E muitos traumas.  A ocupação das cidades em  suas margens,  com muitas edificações e pavimentações das vias,  vem impermeabilizando o solo das mesmas e isso é muito preocupante.   Assim, estou republicando a matéria, pois acho que ela se universaliza ao ponto de eventos adeversos se repetirem: Aí está, na íntegra:

          "Vivemos em cidades charmosas, colonizadas por descendentes de italianos ou germânicos, com declives e aclives acentuados, numa topografia altamente irregular. É assim nosso Vale do Rio do Peixe. Matas exuberantes cobrem os morros e formam os cílios dos riachos e de nosso majestoso rio, outrora piscoso, cujas águas já foram muito cristalinas, depois tornaram-se turvas (e turbulentas).

         Ouro e Capinzal não fogem à regra. São belas e prósperas. Por aqui já aconteceu "de tudo", coisas boas e muitas barbaridades. São cidades onde acontecimentos tristes têm ocupado as notícias no âmbito microrregional ou até estadual. Tivemos perdas humanas que jamais serão compensadas, até porque a vida é irrecuperável. Coisas insignificantes, recorrentemente, ocupam os noticiários.

          Mas os temas verdadeiramente sérios e importantes não têm sido debatidos. Meio ambiente e mobilidade urbana têm ficado em plano secundário. Deveriam ser discutidos à exaustão. Nas conferências das cidades estiveram na pauta, mas a participação popular não foi expressiva.

          Os eventos adversos da segunda semana deste ano, em cidades da serra e do litoral carioca, nos remetem a uma reflexão profunda: De quem é a responsabilidade pelas catástrofes?

          As catástrofes naturais podem acontecer a qualquer tempo e em qualquer lugar. No entanto, algumas delas podem  devem ser previstas e evitadas, ou minimizadas, e isso é responsabilidade dos governos e da sociedade. Note-se que as catástrofes que ocasionam a perda de vidas humanas são decorrentes de danos que o próprio homem já causou à Natureza. E elas podem, então, ser evitadas. Acima das leis, deve haver o bom senso e o conhecimento histórico do que já aconteceu em cada cidade.

          Todo esse intróito é para chegar a um relato cujo conteúdo gostaria que você analisasse:

          Há cerca de três anos, realizamos em Ouro um Seminário Regional do Meio Ambiente. Na oportunidade, um dos palestrantes referiu-se ao Furacão Katrina (ou Catarina), que ocorreu no litoral sul de Santa Catarina, e que causara muitos prejuízos materiais. E sobre as Tsunâmis, na Indonésia. Estudantes presentes indagarm se isso poderia se repetir, quando e onde,  e se ia morrer muita gente. O palestrante disse que sim, e  que "morreria muita gente,sim". No intervalo, foi censurado pelo dito. Houve divisão de opinião sobre o que ele disse. Intelectuais a favor e intelectuais contra.

          Passados poucos meses, a história nos mostrou algumas verdades: A Tragédia de Ilhota, Gaspar e Blumenau; a Tragédia de Angra dos reis. E, agora, a maior delas: a das cidades do Rio de Janeiro.

          Numa palestra que proferi para acadêmicos da UNOESC, apresentei imagens sobre algumas áreas de risco de Ouro  Capinzal, algumas incoerências que causam danos ambientais, e relatei um pouco das histórias das anormalidades climáticas dos últimos 30 anos por aqui: As enchentes de 1983, os vendavais que ocasionaram a queda da ponte pênsil, os vendavais que destruíram parte das instalações de uma agroindústria em Capinzal, bem como dezenas de resiências no Bairro São Cristóvão. As estiagens que ocasionaram prejuízos nas lavouras, as enxurradas que destruíram (e continuam destruindo) pontes e estradas, o granizo que destruiu casas em Linha Sagrado, e outras calamidades.

          Tudo isso é muito preocupante: temos áreas de risco, altamente vulneráveis, e há de se retomar um debate necessário, em que surjam proposições e ações para  minorar impactos ruins que podrão efetivar-se sobre nós. É preciso dizer... E é preciso assustar-se, sim!!!  (Professor Euclides Riquetti)."

Euclides Riquetti
16-03-2013

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