Diz o amigo e "patrão", Mário Serafim, do Jornal Cidadela, aqui de Joaçaba, onde escrevo minha coluna "Euclides Riquetti" que, nos primeiros tempos, se intitulava "Do Alto da Cidade": "Se não entendeu, posso desenhar"! Sem querer ser arrogante, imagino que, quem não consegue interpretar, não interpreta nem desenhos. Então...
Edgar Lancini, foto do período em que foi Presidente
da Câmara Municipal de Capinzal.
O que me leva a escrever sobre a capacidade de as pessoas falarem em público é um certo nível de indignação com o que dizem as pessoas em suas entrevistas no rádio aqui em nossa região, a maioria políticos e muitos funcionários públicos. Aliás, os noticiários dão pelo menos 80% de seus espaços para os políticos. Há uns 10% para as notícias policiais e o espaço restante é dividido entre entidades e, raramente, para a manifestação do cidadão comum, o vivente que vive os dias de insegurança, inquietação, até necessidades...
Alguns que se estão colocando como "soldados a serviço do partido", olhando para o cargo de prefeito, não conseguem pronunciar os "esses" dos plurais. E tropeçam nos "as" e nos "es" dos subjuntivos e dos imperativos. Falam muito o tal de "a nível de", em vez de "em nível de"... Imagino pessoas assim falando na televisão em campanha eleitoral e nos debates e a gurizada copiando e espalhando pela internet para os amigos, zoando de tudo...
Falar que gostam de dizer "de encontro" em vez de "ao encontro é redundância. E muitos jornalistas, formados, também cometem os mesmos erros. As locuções verbais, agora, estão ficando mais longas: o evento "vai estar acontecendo" na Praça tal e nós "vamos estar distribuindo" pipocas às crianças que "poderão estar brincando" nos brinquedos que "estarão sendo instalados" para que elas possam "estar se divertindo". Hummmmmmm!!! Tal comportamento linguístico é peculiar em profissionais que atuam na área da saúde e ação social, envolvendo toda a sorte de gente diplomada, pós-graduada, concursada e devidamente nomeada". Acho que, nos próximos anos, "deveremos estar convivendo" com esse tipo de linguagem.
Toda a proposta de reflexão aqui "colocada" (antigamente eu diria "exposta"), é para eu dizer ( e não para "mim dizer"), que cada um assassina o vernáculo da maneira que mais lhe apraz. De minha parte, faço isso para me divertir.
Ora, não ter um razoável domínio da língua oficial é perdoável. Tivemos até um presidente que dizia que não gostava de livros, temos jogadores de futebol que mal sabem escrever o nome e desfilam nas ruas com seus carrões (mas não jogam nada, são apenas produtos da mídia), alguns tais de ex-BBBs que pouca massa encefálica têm (há exceções, claro!), e todos recebem aplausos e ganham bem para mostrar-se em público, quer dando palestras, quer mostrando seus cortes e tinturas de cabelos exóticos, suas tatuagens "muito massas" quer desfilando modelitos, ou apelando pra algum tipo muito fácil de se promover. Mas, para as pessoas se apresentarem como candidatos a algum cargo público que, além de currículo bom, também que se apresentem com elevado padrão de caráter e um nível mínimo de boa comunicação. Principalmente combinando os plurais dos substantivos com o dos adjetivos.
Há quatro anos e meio, publiquei este comentário num portal que trazia matéria sobre um curso de oratória em Capinzal:
" Euclides Riquetti
16/04/2013 - 23:24:47
Uma vez um cidadão pediu-me para que eu o ajudasse a aprender a falar em público. Indaguei-o sobre que tipo de leitura fazia habitualmente, se lia livros, revistas, jornais. Disse-me que não. Então, falei-lhe que eu não tinha tempo e que ele deveria procurar outra pessoa. Ora, se alguém que aprender a falar, primeiro precisa desenvolver um bom domínio da língua e isso se conquista com muita leitura. Não adianta apenas obter níveis de estudos básicos ou graduação se não houver a necessária busca do saber e do desenvolvimento da linguagem através dos livros. Vou dar dois exemplos de excelentes oradores que não tiveram elevada graduação, mas dominavam muito bem a fala e a escrita: Edgar Lancini e Ivo Luiz Bazzo. Acho que os cursos servem para que o orador consiga um determinado nível de autoconfiança. Mas o mérito da oratória está na inteligência e no interesse pela leitura e a escrita."
Ivo Luiz Bazzo, o primeiro à esquerda, em pé,
no início da década de 1970, então Prefeito Mu-
nicipal em Ouro - SC, com time de futebol
composto por servidores e amigos dele.
Então, fica minha homenagem sincera a dois homens públicos com quem convivi, que viveram com humildade, que "nunca frequentaram faculdade", mas que detinham conhecimento e eram idealistas de nossa política: Edgar Lancini (grande orador) e Ivo Luz Bazzo (excelente administrador). E estendo minha homenagem ao saudoso advogado, político e escritor Dr. Vítor Almeida também.
Euclides Riquetti
Prefeito Municipal em Ouro - SC -
1989 - 1992 - escreve sobre política,
economia e gestão pública no Jornal
Cidadela, de Joaçaba - SC
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