A declaração do ex-Procurador Geral da
República, Rodrigo Janot, de que uma vez entrou no STF armado e que isso tinha
como objetivo matar o Ministro Gilmar Mendes e depois suicidar-se, nos mostra o
quanto estamos “mal” em termos de Justiça no Brasil. Foi-se o tempo em que as
pessoas acreditavam nos três poderes. E o último a perder seu “cartaz” foi o
Judiciário. Agora o STF vai instalar uns detectores de metal na estrada de suas
instalações. Pois, com tanta gente sentindo raiva dos ministros, já deviam ter
feito isso há muito tempo, embora que ninguém iria imaginar que alguém fosse lá
cometer um crime. Mas, nas circunstâncias atuais, todo o cuidado é pouco. E vejam bem o “padrão’ do Procurador que
chegamos a ter. Se isso tivesse acontecido neste ano, diriam que agiu
incentivado pelo ímpeto armista do Presidente!
Em
minha infância, tínhamos prefeitos, governadores, presidentes, e todo o nível
de parlamentares como pessoas respeitosas e que precisavam ser respeitadas. Os
juízes e os promotores, então, eram deuses vestidos de preto. Pessoalmente, até
minha idade adulta, preservei esse conceito. Aquilo tudo que parecia um mundo
fantástico e que nos causava inveja, com o tempo, tornou-se apenas um castelo
de areia. Hoje, consigo, como você, leitor, leitora, imaginar tudo o que o lado
“trevas” do Poder tem para nos surpreender, além de tudo aquilo que já não nos
surpreende mais! Hoje entendo que há gente “do bem” e outras “do mal” em todos
os meios, públicos ou privados.
Tornei-me político e saí da política
sempre observando o comportamento geral de todos os entes. Continuo a fazê-lo. Com
os anos, fui trocando minha leitura literária pela leitura técnica, observei
também o lado filosófico, o científico, o lírico, o satírico e o romântico. Li de tudo! Passei a gostar de Política,
Economia, História... Saí de machado de Assis, passei por Abílio Diniz, por
Delfin Neto e fui parar aqui pertinho: José Valdomiro Silva, que escreveu a
magnífica obra “Memórias de um Pioneiro do Oeste Catarinense”, onde descreve
cenários dos antigos distritos de Rio Capinzal (Capinzal), Abelardo Luz (atual
Ouro), e a vila de Limeira, que tornou-se Joaçaba. Ler Holga Brancher, Vítor
Almeida, Alexandre Dittrich Buhr, e outros autores regionais, me dá mais
satisfação do que ler o que escrevem muitos colunistas e blogueiros
brasileiros. Prefiro Davi Froza, Ciro
Toaldo, Zélia Bonamigo e outros, que escrevem bem, são francos e verdadeiros, e
que são meus amigos.
Pois, vendo tanta notícia besta, tanta
nojeira escrita e falada por pessoas medianas, mas que têm o privilégio de
fazer parte de poderosos sistemas de comunicação, cada vez mais me decepciono
com toda a espécie de Poder. Alguns a gente consegue desalojar quando vota.
Outros, infelizmente, não tem como.
Não aguento mais ouvir falar em pacto
federativo, em emendas impositivas, em ferrovia do frango, em buracos nas BRs e
nas SCs. E fico muito irritado quando passo pelo trecho Joaçaba/luzerna, que é
nossa maior vergonha em termos de rua ou estrada. Já tive prejuízo enorme, uma
noite, em que um buraco apareceu, sem avisar, bem embaixo de meu carro. Mas a
gente aguenta, não sei até quando. Nem aguento as bobagens que os filhos de
Bolsonaro, Carlos e Flávio, puramente inconsequentes, dizem ou escrevem. E o pai
deles, segue a mesma toada. São melancias rebeldes, que não conseguem se
acomodar na carroça, mesmo com o seu andar.
Disse-me uma pessoa, uma vez, que
precisamos ler mesmo aquilo que nos enoja, e ouvir o que falam e mostram na TV,
pois só assim conseguimos nos manifestar com propriedade. Tem razão ela.
Euclides Riquetti – Autor de “Crônicas do Vale
do Rio do Peixe e outros lugares” – 04-10-2019 - Texto publicado na minha coluna no Cidadela de Joaçaba - SC
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