Como surdo a vagar na escuridão
Nada vejo, nada ouço, nada, nada!
Insensível ser navegando na ilusão
Inefáveis sentimentos em escalada...
Imerso em pensamentos obtusos
Buscando a lucidez desaparecida
Embriagado em sonhos confusos
Em devaneios na noite sofrida...
Doem, no corpo, as dores do tempo
Escapam-me as palavras proféticas
Desenha-se, no rosto, o sofrimento
Fica-me apenas a arte poética!
E, então, numa reação a cada ação
Levando meus voos na literatura
Rabisco versos do poema-canção
Sorvo as essências da sua candura!
Euclides Riquetti
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