sábado, 14 de março de 2020

A (nada) Divina Comédia Brasileira






       Dante Alighieri escreveu, no início do Século XIV, a sua “Divina Comédia”. Dante nasceu em Florença, na Itália, em 1265 e faleceu em Ravena, em 1321, tendo vivido por 56 anos. É considerado por muitos como o primeiro grande poeta e pensador ocidental. Escreveu seus poemas em italiano vulgar, pois, à época, os textos, de todos os gêneros, eram escritos em Latim. Estudei Latim, conheci meu “Latin Basic”, entre 1972 e 1974, nos meus três primeiros anos de meu curso universitário. Dante: poeta, político, pensador...

       Até hoje lembro com saudades e muito carinho de meus eminentes professores, principalmente do sorriso que se estampava no rosto de Francisco Filipak, quando nos falava dos grandes vultos da literatura mundial. Ou de Francisco Boni, sisudo, mas simpaticíssimo, que me fazia gostar da Literatura Inglesa e da Norte-americana. Era admirável ouvir os professores vestidos com terno e gravata, e as professoras com seus trajes ou vestidos, desfilando seu entusiasmo pela literatura, a linguística, a jogarem conhecimento ao espaço da sala de aula para que fosse abraçado por nós.

       Vivemos, hoje, uma nada divina comédia no Brasil. E isso já vem de pelo menos umas três décadas. Em nome da liberdade de expressão, as pessoas falam as bobagens que querem, escrevem-nas horrivelmente, acusam sem nenhuma base, desrespeitam os cidadãos de bem. E isso vem de todas as camadas da sociedade. A começar pela classe política, que se ofende e agride mutuamente. Autoridades falam o que acham que devem falar, a imprensa repercute, os comentaristas emitem sua opinião com pouco fundamento e, muitas vezes sem checarem as fontes das informações que lhes chegam.

      Voltando ao Alighieri, disse algo assim: “Muito maior é a sede, maior é o prazer em satisfazê-la”. Ou, “Com aquela medida que o homem usa para medir a si mesmo, mede suas coisas”. Traduzindo: o ser produz aquilo que ele é!

       Pois se analisarmos o que falam no Brasil, desde o Presidente Jair Bolsonaro, e outros políticos, (que deveriam ser exemplo para todo mundo), até o cidadão mais inculto, e compararmos com aquilo que costumamos ler ao longo da História, ficaremos muito decepcionados. Se dermos crédito a comentaristas “de ar condicionado”, que nunca andam de ônibus, metrô, ou a pé pelas ruas alagadas e enlameadas das grandes cidades, acabaremos nos tornando iguais a eles. E, se ficarmos lendo e acreditando em todas as inverdades que são propaladas através das redes sociais e mesmo pelos meios convencionais de comunicação, nos tornaremos ridículos.

       Então, nos próximos dias, com a animação das festas momescas para quem gosta, e o descanso para quem gosta de paz e tranquilidade, façamos aquilo de que mais gostamos, sem prejudicar os outros e sem provocar danos em nós mesmos. Quem sabe seja um bom momento para pesquisarmos sobre Dante, Sócrates, Péricles, no âmbito universal, ou Machado de Assis de Assis e Florbela Espanca, na literatura brasileira e portuguesa.

       Um abraço em todos!

Euclides Riquetti – Autor de “Crônicas de Rio Capinzal, Abelardo Luz/Ouro e Arredores”




      

      

Um comentário:

  1. Barbaridade, como dizia meu nono Siro. A coisa tá osca.
    Quanta diferença dos teus comentários de hoje em relação aos da véspera da eleição 2018 e princípios de 2019. Toda aquela emoção/empolgação com um governo "combativo" que prometia acabar com a violência, resgatar a ética e os bons costumes, melhorar a vida do brasileiro e varrer a corrupção do mapa se esvaiu.
    Hoje, aqueles eleitores ricos e "bem informados" que derrotaram os eleitores "mal informados", pobres e miseráveis, não encontram argumentos para sustentar aquilo que diziam há um ano atrás. Mas, vida que segue...
    Discordo quando você afirma que tudo isso, começou há três décadas. Na verdade, há mais ou menos três décadas o cidadão brasileiro ganhava a Constituição cidadã, aquela que tentou incluir o povo na vida nacional e que tanto incomodou a elite financeira e a classe média imbecilizada, comandada pelo Tio Sam. A partir do segundo governo de Dilma essa turma incomodada partiu pra cima (mídia,Congresso, Lava Jato e STF...) tendo seu ápice com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016 culminando com a vitória da turma da milícia em 2018.
    Besteiras você sempre verá/ouvirá na mídia e nas redes sociais. O que houve a partir da eleição foi um recrudescimento dessa prática incentivada pelos tutores americanos (Steven Bonnon e suas máquinas de fake news).O comando, aqui, ficou a cargo do "astrólogo" Olavo de Carvalho e os filhos de bolsonaro. Você nunca sabe a verdade - é tanta mentira -, que quando é verdade você não acredita. Asim funciona esse comando miliciano. Pensando bem , esse comando quer destruir a nação, nada mais que isso.
    Sobre as redes sociais bem disse Umberto Eco: "As redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis".
    Para entender aquilo que afirmo sugiro ver/ler o discurso do professor Felipe Boff na formatura (07/03) da Turma de jornalismo da UNISINOS. O que aconteceu ali é uma imagem perfeita do Brasil atual. Barbaridade!
    Ler Dante, Sócrates, Platão, Machado...só enriquece o pensamento, melhorando sempre o nosso discernimento.
    Nisso estou contigo.

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