Fala quem sabe. E, quem não sabe, faz o quê?
Diz o amigo e "patrão", Mário Serafim, do Jornal Cidadela, aqui de Joaçaba, onde escrevo minha coluna "Euclides Riquetti" que, nos primeiros tempos, se intitulava "Do Alto da Cidade": "Se não entendeu, posso desenhar"! Sem querer ser arrogante, imagino que, quem não consegue interpretar, não interpreta nem desenhos. Então...
O que me leva a escrever sobre a capacidade de as pessoas falarem em público é um certo nível de indignação com o que dizem as pessoas em suas entrevistas no rádio aqui em nossa região, a maioria políticos e muitos funcionários públicos. Aliás, os noticiários dão pelo menos 80% de seus espaços para os políticos. Há uns 10% para as notícias policiais e o espaço restante é dividido entre entidades e, raramente, para a manifestação do cidadão comum, o vivente que vive os dias de insegurança, inquietação, até necessidades...
Alguns que se estão colocando como "soldados a serviço do partido", olhando para o cargo de prefeito, não conseguem pronunciar os "esses" dos plurais. E tropeçam nos "as" e nos "es" dos subjuntivos e dos imperativos. Falam muito o tal de "a nível de", em vez de "em nível de"... Imagino pessoas assim falando na televisão em campanha eleitoral e nos debates e a gurizada copiando e espalhando pela internet para os amigos, zoando de tudo...
Falar que gostam de dizer "de encontro" em vez de "ao encontro é redundância. E muitos jornalistas, formados, também cometem os mesmos erros. As locuções verbais, agora, estão ficando
mais longas: o evento "vai estar acontecendo" na Praça tal e nós "vamos estar distribuindo" pipocas às crianças que "poderão estar brincando" nos brinquedos que "estarão sendo instalados" para que elas possam "estar se divertindo". Hummmmmmm!!! Tal comportamento linguístico é peculiar em profissionais que atuam na área da saúde e ação social, envolvendo toda a sorte de gente diplomada, pós-graduada, concursada e devidamente nomeada". Acho que, nos próximos anos, "deveremos estar convivendo" com esse tipo de linguagem.
Toda a proposta de reflexão aqui "colocada" (antigamente eu diria "exposta"), é para eu dizer ( e não para "mim dizer"), que cada um assassina o vernáculo da maneira que mais lhe apraz. De minha parte, faço isso para me divertir.
Ora, não ter um razoável domínio da língua oficial é perdoável. Tivemos até um presidente que dizia que não gostava de livros, temos jogadores de futebol que mal sabem escrever o nome e desfilam nas ruas com seus carrões (mas não jogam nada, são apenas produtos da mídia), alguns tais de ex-BBBs que pouca massa encefálica têm (há exceções, claro!), e todos recebem aplausos e ganham bem para mostrar-se em público, quer dando palestras, quer mostrando seus cortes e tinturas de cabelos exóticos, suas tatuagens "muito massas" quer desfilando modelitos, ou apelando pra algum tipo muito fácil de se promover. Mas, para as pessoas se apresentarem como candidatos a algum cargo público que, além de currículo bom, também que se apresentem com elevado padrão de caráter e um nível mínimo de boa comunicação. Principalmente combinando os plurais dos substantivos com o dos adjetivos.
Há dois anos e meio, publiquei este comentário num portal que trazia matéria sobre um curso de oratória em Capinzal:
" Euclides Riquetti
16/04/2013 - 23:24:47
Uma vez um cidadão pediu-me para que eu o ajudasse a aprender a falar em público. Indaguei-o sobre que tipo de leitura fazia habitualmente, se lia livros, revistas, jornais. Disse-me que não. Então, falei-lhe que eu não tinha tempo e que ele deveria procurar outra pessoa. Ora, se alguém que aprender a falar, primeiro precisa desenvolver um bom domínio da língua e isso se conquista com muita leitura. Não adianta apenas obter níveis de estudos básicos ou graduação se não houver a necessária busca do saber e do desenvolvimento da linguagem através dos livros. Vou dar dois exemplos de excelentes oradores que não tiveram elevada graduação, mas dominavam muito bem a fala e a escrita: Edgar Lancini e Ivo Luiz Bazzo. Acho que os cursos servem para que o orador consiga um determinado nível de autoconfiança. Mas o mérito da oratória está na inteligência e no interesse pela leitura e a escrita."
Então, fica minha homenagem sincera a dois homens públicos com quem convivi, que viveram com humildade, que "nunca frequentaram faculdade", mas que detinham conhecimento e eram idealistas de nossa política: Edgar Lancini (grande orador) e Ivo Luz Bazzo (excelente administrador). E estendo minha homenagem ao saudoso advogado, político e escritor Dr. Vítor Almeida também.
É isso mesmo seu Richetti. A última parte do teu comentário explica muito bem essa questão da riqueza/pobreza e o uso correto do vernáculo. A leitura é a base de tudo, burila, apara arestas, transforma o falar/escrever das pessoas. Mal comparando, o bom escritor/orador é como se fosse um bom marceneiro. Não se faz um profissional, em qualquer área, sem muito empenho individual
ResponderExcluirA curiosidade e a leitura constantes, naturalmente, nos darão tal traquejo.
As figuras citadas acima, Dr. Vitor Almeida e Ivo Luiz Basso, infelizmente não tive a oportunidade de conhecê-los melhor, porém, Edgar Lancini, vi e ouvi muitas vezes discursando, normalmente, nas festas de igreja da Linha Bonita e Linha Galdina... O homem era dono de uma verve invejável, de um magnetismo pessoal impressionante e como você disse, era um não acadêmico.
Tá explicado!