quinta-feira, 19 de outubro de 2023

A sentida perda de Hélcio Riquetti

 

                                                Hélcio, 1971, o primeiro da frente, à nossa direita, tocando tambor, na fanfarra que reuniu os integrantes das escolas Mater Dolorum, Técnica de Comércio Capinzal e Belisário Penna. Comemorando os 50 anos da vinda das Irmãs Servas de Maria Reparadoras ao Brasil. 


       Faleceu, no HUST, em Joaçaba, ao final da noite de terça-feira, 18, meu querido primo Helcio Riquetti, aos 82 anos. Filho de Vitale Riquetti e Joana Dambrós Riquetti, perdeu o pai ainda na infância. Cresceu junto com seus irmãos, sob os cuidados de Dona Joana, a quem chamávamos de Tia Joanina. Na juventude, veio morar na cidade, em Ouro, onde aprendeu o ofício de alfaiate. Casou-se com Franca De Barba (Riquetti), e foram morar em São José do Cedro, onde nasceu a primogênita Mona Lisa. Voltando ao Ouro, tiveram o Franco e o Hermano. Hélcio e Francisca construíram uma família sólida, bem sucedida, alicerçada nos melhores princípios da Fé Cristã. 

       O primo Hélcio sempre foi uma pessoa  da Paz e do Bem. Junto com a Francisca, a quem chamava de Chica, participaram de tudo o que aconteceu em Capinzal e Ouro durante mais de meio século. Atividades sociais intensas, festivas, religiosas, relações humanas dignas e respeitosas, empatia, afetividade, solidariedade. Tudo o que se possa imaginar que uma família deva ter feito por sua cidade, eles fizeram. Lembro dos primeiros anos da década de 1970, quando ele estudava à noite no Ginásio Normal Juçá Barbosa Callado e namorava a Francisca. Meu pai era muito afinado com o casal de sobrinhos. AFrancisca sempre valorizou muito nossa família e honrou o sobrenome, 

       E minha memória me remete aos tempos em que ele trabalhava com seus irmãos, o Sérgio e o Ovídio, junto com o primo Ludovino Baretta, o Chascove, na alfaiataria que possuíam ali no Ouro, bem no centro da cidade. Depois começaram com as atividades de churrascaria, sempre com muito trabalho. Jogamos futsal juntos nos anos 80, ali no Ginásio de Esportes André Colombo, era nosso goleiro.  Mas a lembrança mais marcante que tenho dele, foi a do dia 7 de julho de 1983, por ocasião da ocorrência da maior enchente da história, com a súbita elevação do nível das águas do Rio do Peixe. Eles moravam no sobrado localizado entre as casas de Olivo Zanini e André Colombo. 

       Na metade da manhã daquele dia, as águas violentas e barrentas do Rio do Peixe começavam a invadir os porões das casas. Na metade da manhã, ameaçavam a casa em que morava a professora Elzira com o Osvaldo Federle, o Machadinho. Eu e ele começamos ajudar a amiga a retirar os pertences deles da casa, colocando alguns nos carro e havia um fogão a lenha, que retiraos às pressas, com a água chegando, e colocamos no andar de cima, onde morava o Kiko Carleto, irmão da Elzira. Depois fomos ajudar a retirar a mudança da casa do Selvino e da Anita Viganó, depois da casa dos professores Jerônimo Santanna e Eloíza, ali na Praça Pio XII. O Luiz Toaldo, com sua pick up e nós, com o Jerônimo, carregando os móveis para levarmos até as dependências da Escola Prefeito Sílvio Santos.

       Em muitas outras oportunidades tivemos a alegre convivência, principalmente nos bailes italianos realizados no Clube Esportivo Floresta. E em muitos eventos culturais, onde se apresentava, com garbo e orgulho, dos corais. Fez parte do Santa Cecília, do São Paulo Apóstolo, do Grupo Piccola Itália del Oro, de equipes litúrgicas na Igreja Matriz São Paulo Apóstolo, em Capinzal.

       Nos últimos anos, aposentou-se dos serviços da churrascaria e passou a ocupar-se no sítio deles, na Galdina, na frequência a academia, nas caminhadas, nos encontros de corais. Porém, nos últimos cinco, passou a sofrer doenças decorrentes da própria idade, que o debilitaram, que o levaram ao seu óbito. No último domingo, à meia-tarde, visitei-o no Hospital Santa Terezinha, aqui em Joaçaba. Estava muito mal, mas senti que ele me reconheceu, que manifestou-se com eventos, quando eu comecei a falar com ele em Talian. Ele percebeu que era "gente da casa", parente, primo, e esboçou movimentos com o braço direito, como que a querer significar que não podia mais conversar, mas que sabia que eu estava lá.

      Agora, nos primeiros minutos da madrugada, o recado da Francisca: "Euclides!  O Hélcio faleceu...! De imediato, comecei a passar mensagens aos parentes e amigos.  E passamos a lamentar a perda de nosso querido primo, nosso querido amigo. Fiquei a imaginar a expressão triste no rosto de todos os seus familiares, da Francisca, do inquieto e amabilíssimo Hermano, da atenciosa e preocupada Monalysa, e do seu carinhoso filho Franco. E de todos os agregados e descendentes, pessoas que o respeitaram, que o valorizaram e que reconheciam nele uma pessoa do Bem, um pai, marido, avô dedicado, amoroso, merecedor das mais carinhosas retribuições.

       O Hélcio foi morar no Céu. É lá que ele reencontra o Vitale, a Joana, o Sérgio, a Ivone, o Vilson, e todos os amigos que angariou em sua existência. E eu e minha família o aplaudimos, reconhecemos, vamos sentir saudades dele. Está sendo velado na capela da Funerária Gasser, em Capinzal, a celebração de despedida acontecerá na Matriz São Paulo Apóstolo e seu corpo seguirá a Caçador, onde será cremado. 

       Que Deus abençoa a todos!


Euclides Riquetti 

19-10-2023.


  

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