segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Quando o virtual se sobrepõe ao real, e os rios de leite, mel e bacias de cuscuz

 




Quando o virtual se sobrepõe ao real, e os rios de leite, mel e bacias de cuscuz

       Vivemos em dois Brasis. Um que é o real, onde as pessoas trabalham, preocupam-se com o sustentar-se no presente, e com o garantir-se no futuro. No mundo real se fazem cálculos, buscam-se formas, fórmulas e equações, busca-se ter um saldo positivo ao final de cada mês. O assalariado das classes B, C, e D defende-se como bom zagueiro, ataca como goleador, tenta obter vitórias pelo seu esforço pessoal. E uma legião de outros que foram criados no assistencialismo e clientelismo ficam esperando pelas esmolas dos governos. Trabalhar, nem sempre importa!

       Na política, constroem-se narrativas, o cidadão fica na corda bamba, nem sabe em quem acreditar. Os volúveis pulam de galho em galho, os domesticados seguem cegamente falsos líderes, na verdade espertalhões que se aproveitam da fragilidade mental do ser humano influenciável. Assim, uns vivem e outros sobrevivem. Uns mandam e outros obedecem, uns riem e outros choram, uns enriquecem às custas dos trouxas e incautos, e outros levam no lombo, mas não aprendem. E choram... Há sempre um grande jogo de interesses!

       Entramos em 2024 e voltarão jorrar rios de leite e mel, pratadas de farofa e cuscuz. E, logo, entram em cena os “preparados” e os iludidos. Os primeiros, com fórmulas para resolver a vida de todo mundo. Estes, navegando pelos mares da ilusão, do irreal, da utopia. Todos longe da verdade. Os primeiros com sua obstinação e carga de culpa, mas que não se abalam, são calculistas, se não se elegem certamente já estão com seus planos B, C, e assim por diante. Os iludidos, muitos deles idealistas, acham que podem realmente mudar o mundo, melhorar a vida das pessoas. Não entenderam que a política brasileira é um jogo perverso, que vale muito o “quem pode manda, quem tem juízo obedece”.

       Na política, você às vezes ganha, às vezes perde. Algumas alegrias e muitos dissabores. Mas é a política que envolve e fascina num primeiro momento. Depois, decepciona!

        A celebração do Dia da Badernália – Aconteceu na segunda-feira, dia 08 de janeiro, em Brasília. Sim, lá naquele Brasil que não é o nosso. Não é o de quem trabalha, de quem produz. É o do mundo virtual, do governado pelo ativismo judicial, pelo ilusionismo. Lá de falam em bilhões, em arrecadar mais, em recordes na arrecadação. Aqui, no real, se trabalha e se torce para que não venham os vendavais, as enchentes, as lagartas, os insetos, granizo. Que venham as chuvas regulares, a umidade e a luminosidade e que se tenha o fertilizante adequado para que as sementes germinadas resultem nas plantas e seus frutos nos alimentem. Causa-nos ojeriza ver que os engravatados nos dizem o que temos que fazer e a que leis obedecer. A comemoração do Dia da Badernália foi “linda”. Tirando a arrogância nos discursos, de bom e prático, nada. Lá, onde se enxerga terrorismo sem nenhum tiro dado e ninguém ferido, reinam os soberanos, vestidos de ternos de grife, sentam-se em poltronas confortáveis, têm climatização até nos banheiros. Enquanto isso, eu e você, aqui, vamos ajudando a sustentá-los.

       Capinzal perde Apolônio Spadini – um ícone da história daquela cidade – Spadini nos deixou na sexta-feira, aos 90 anos. Foi vereador em Capinzal e prefeito de lá de 1973 a 1976. Assessorou câmaras de vereadores na elaboração das leis orgânicas de alguns municípios. Um autodidata por excelência. Cidadão exemplar, egresso da iniciativa privada. Residiu em Ouro nas três últimas décadas. Deixa um legado moral e administrativo de fazer inveja.

       A despedida de Zagallo – Mário Jorge Lobo Zagallo, conhecido como “o Velho Lobo”, nos deixou ao final da sexta-feira, 05. Único brasileiro a ser tetracampeão mundial de futebol duas vezes como jogador e duas como técnico. Zagallo é daquela geração de jogadores que ganhavam muito menos do que ganham os jogadores na atualidade, calçavam chuteiras de couro natural, preto, e chutavam bolas pesadas, igualmente de couro natural. Uniformes simples, depois dos jogos as camisas eram lavadas para serem utilizadas em outros jogos. Se um jogador não devolvesse a camisa, tinha que pagar um valor por ela. Nosso “Formiguinha” é um bom exemplo a ser seguido. Deus o receba com alegria, Zagallo!

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

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