Quando o virtual se sobrepõe ao real, e os rios de leite, mel e bacias de cuscuz
Vivemos em dois
Brasis. Um que é o real, onde as pessoas trabalham, preocupam-se com o
sustentar-se no presente, e com o garantir-se no futuro. No mundo real se fazem
cálculos, buscam-se formas, fórmulas e equações, busca-se ter um saldo positivo
ao final de cada mês. O assalariado das classes B, C, e D defende-se como bom
zagueiro, ataca como goleador, tenta obter vitórias pelo seu esforço pessoal. E
uma legião de outros que foram criados no assistencialismo e clientelismo ficam
esperando pelas esmolas dos governos. Trabalhar, nem sempre importa!
Na política,
constroem-se narrativas, o cidadão fica na corda bamba, nem sabe em quem
acreditar. Os volúveis pulam de galho em galho, os domesticados seguem
cegamente falsos líderes, na verdade espertalhões que se aproveitam da
fragilidade mental do ser humano influenciável. Assim, uns vivem e outros
sobrevivem. Uns mandam e outros obedecem, uns riem e outros choram, uns
enriquecem às custas dos trouxas e incautos, e outros levam no lombo, mas não
aprendem. E choram... Há sempre um grande jogo de interesses!
Entramos em 2024
e voltarão jorrar rios de leite e mel, pratadas de farofa e cuscuz. E, logo,
entram em cena os “preparados” e os iludidos. Os primeiros, com fórmulas para
resolver a vida de todo mundo. Estes, navegando pelos mares da ilusão, do
irreal, da utopia. Todos longe da verdade. Os primeiros com sua obstinação e
carga de culpa, mas que não se abalam, são calculistas, se não se elegem
certamente já estão com seus planos B, C, e assim por diante. Os iludidos,
muitos deles idealistas, acham que podem realmente mudar o mundo, melhorar a
vida das pessoas. Não entenderam que a política brasileira é um jogo perverso,
que vale muito o “quem pode manda, quem tem juízo obedece”.
Na política,
você às vezes ganha, às vezes perde. Algumas alegrias e muitos dissabores. Mas
é a política que envolve e fascina num primeiro momento. Depois, decepciona!
A celebração do
Dia da Badernália – Aconteceu na segunda-feira, dia 08 de janeiro, em Brasília.
Sim, lá naquele Brasil que não é o nosso. Não é o de quem trabalha, de quem
produz. É o do mundo virtual, do governado pelo ativismo judicial, pelo
ilusionismo. Lá de falam em bilhões, em arrecadar mais, em recordes na
arrecadação. Aqui, no real, se trabalha e se torce para que não venham os
vendavais, as enchentes, as lagartas, os insetos, granizo. Que venham as chuvas
regulares, a umidade e a luminosidade e que se tenha o fertilizante adequado
para que as sementes germinadas resultem nas plantas e seus frutos nos
alimentem. Causa-nos ojeriza ver que os engravatados nos dizem o que temos que
fazer e a que leis obedecer. A comemoração do Dia da Badernália foi “linda”.
Tirando a arrogância nos discursos, de bom e prático, nada. Lá, onde se enxerga
terrorismo sem nenhum tiro dado e ninguém ferido, reinam os soberanos, vestidos
de ternos de grife, sentam-se em poltronas confortáveis, têm climatização até
nos banheiros. Enquanto isso, eu e você, aqui, vamos ajudando a sustentá-los.
Capinzal perde
Apolônio Spadini – um ícone da história daquela cidade – Spadini nos deixou na
sexta-feira, aos 90 anos. Foi vereador em Capinzal e prefeito de lá de 1973 a
1976. Assessorou câmaras de vereadores na elaboração das leis orgânicas de
alguns municípios. Um autodidata por excelência. Cidadão exemplar, egresso da
iniciativa privada. Residiu em Ouro nas três últimas décadas. Deixa um legado
moral e administrativo de fazer inveja.
A despedida de
Zagallo – Mário Jorge Lobo Zagallo, conhecido como “o Velho Lobo”, nos deixou
ao final da sexta-feira, 05. Único brasileiro a ser tetracampeão mundial de
futebol duas vezes como jogador e duas como técnico. Zagallo é daquela geração
de jogadores que ganhavam muito menos do que ganham os jogadores na atualidade,
calçavam chuteiras de couro natural, preto, e chutavam bolas pesadas,
igualmente de couro natural. Uniformes simples, depois dos jogos as camisas
eram lavadas para serem utilizadas em outros jogos. Se um jogador não
devolvesse a camisa, tinha que pagar um valor por ela. Nosso “Formiguinha” é um
bom exemplo a ser seguido. Deus o receba com alegria, Zagallo!
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
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