Os eventos climáticos adversos ocorridos
no Rio Grande do Sul, que ocasionaram uma grande tragédia humana, material e
ambiental, são mais um dos que compõem a
crise climática mundial. O Meio Ambiente, no planeta, tem sido objeto de uma
política eleitoreira e não do que deveria ser: uma grande preocupação com o
presente, com a segurança da Humanidade.
No caso do Rio Grande do Sul, retornemos
no tempo: Em 1941 houve uma grande inundação, quando o Rio Guaíba, ou o Lago do
Guaíba, subiu para o nível para 4,76
metros. Às 7,00 horas da manhã de segunda-feira, 06, nesta semana, atingiu a
marca de 5,30 metros, um nível recorde.
Quando toda essa situação passar, os
estudiosos da Bacia Hidrográfica que alimenta o Guaíba divulgarão análises
competentes e mais precisas sobre quanta chuva foi precipitada e compararão com
as precipitações de 1941, que, coincidentemente, aconteceram em maio daquele
ano. Naturalmente que se terá que analisar a dinâmica alteração do cenário: as
cidades à montante de Porto Alegre, em especial do Vale do Taquari e outros
tributários, já não são pequenos povoados com ruas de chão batido, mas sim com
os leitos cobertos por pavimentações efetuadas com paralelepípedos de basalto,
com concreto asfáltico, ou à base de cimento. Equipamentos comunitários, como
ginásios de esportes e clubes de entretenimento, barracões industriais,
comerciais e de armazenagem de grãos, ou coberturas de postos de abastecimento
de combustíveis, além do casario, com suas benfeitorias e calçadas, ocuparam
espaços consideráveis, reduzindo as áreas permeáveis por onde a água costumava infiltrar-se para
voltar ao subsolo.
Some-se a isso o aquecimento global, os danos provocados à atmosfera pelas
emissões de poluentes pelas indústrias da Europa e da América do Norte, em
especial, ou pelos veículos automotores acionados com combustíveis fósseis,
e veremos que os desastres não acontecem
por acaso. Não tenho, e a maioria dos que se julgam jornalistas e emitem sua
opinião sobre os fatos que estão ocorrendo no mundo, também não têm opinião,
sobre as verdadeiras causas de tudo. Mas, as consequências, todos as
conhecemos.
O comportamento dos Rios Capinzal e do
Tigre – Tivemos, recentemente, o transbordamento das águas do Rio do Tigre e de
outras sangas aqui em Joaçaba, que causaram prejuízos a empresas e de cujas catástrofes
as imagens percorreram o mundo através
da televisão e da internet. Na semana
que passou, em Capinzal, o rio que leva o nome da cidade fez estragos ainda
maiores. Felizmente, sem vítimas! Agora há a preocupação, muito justa, em se
minimizar os prejuízos, poucos, de alguns proprietários de imóveis. O prejuízo
maior ocorreu no setor público, pois danos em suas artes correntes foram significativos. Com
jeito e dinheiro, tudo se ajeitará facilmente. Porém, tanto para o Capinzal
como para o Tigre, podemos esperar danos ainda maiores no futuro. Os registros
do comportamento pluviométrico das cidades pouco ajudam, atualmente, pois a
precipitação das chuvas se concentra em determinados pontos, com grande
milimetragem. É possível prever-se e acatarem-se os alertas da Defesa Civil.
Mas não o total preciso do volume das precipitações. E aí é que vem a
preocupação com o que ainda pode nos acontecer.
As mesmas intervenções humanas que
descrevi para as cidades do Rio Grande do Sul, também ocorreram em nossas
cidades. Novos loteamentos nas cabeceiras dos rios e lindeiras a seus
tributários. Construções nas margens do Rio do Peixe e dos afluentes. Tudo
muito preocupante! A questão ambiental precisa suplantar as questões de ordem
política e econômica. Não temos estudos articulados nem um planejamento
articulado entre as cidades. Você duvida
de que teremos muitas dores de cabeça ainda?
O Plano Nacional de Defesa Civil – Foi
aprovado há doze anos. Nunca foi
devidamente regulamentado. E vai ser lançado em junho. Ele contempla a previsão
dos desastres, como as pessoas atingidas devem agir, quais imóveis devem ser
realocados e outras ações pertinentes. Já vimos tragédias no Rio de Janeiro, na
Bahia, em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e outros lugares. Agora com uma
tragédia incomensurável, vão tomar uma atitude. Esperamos o comprometimento da
sociedade e das autoridades. Se o assunto fosse tratado com mais
responsabilidade e menos demagogia, e se sobrepusesse às fúteis e inúteis
encrencas por questões de ideologia e costumes, a situação poderia ser mais
amena.
O Brasil solidário – As características
de solidariedade que estão inseridas no ser humano brasileiro ficaram bem
evidenciadas agora com o que aconteceu em nosso estado vizinho. Empresários e
cidadãos comuns foram muito mais ágeis que a burocracia institucional e
chegaram primeiro ao local da catástrofe. Helicópteros, caminhões,
caminhonetes, barcos, equipamentos motonáuticos, aviões e tudo o que foi
possível chegou rapidamente ao local das cheias. Medicamentos, roupas,
colchões, água, alimentos e material de limpeza também. Os governos de Santa
Cataria e de São Paulo, foram dos primeiros a comparecer com homens e
equipamentos. Prefeituras de Santa Catarina agiram rápido. Empresários também. As
formiguinhas foram, como sempre, muito mais ágeis que o elefante...
Euclides Riquetti –
Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!