domingo, 12 de maio de 2024

A questão ambiental que requer estudos aprofundados – A falta de execução do Plano Nacional de Defesa Civil.



       Os eventos climáticos adversos ocorridos no Rio Grande do Sul, que ocasionaram uma grande tragédia humana, material e ambiental,  são mais um dos que compõem a crise climática mundial. O Meio Ambiente, no planeta, tem sido objeto de uma política eleitoreira e não do que deveria ser: uma grande preocupação com o presente, com a segurança da Humanidade.

      No caso do Rio Grande do Sul, retornemos no tempo: Em 1941 houve uma grande inundação, quando o Rio Guaíba, ou o Lago do Guaíba,  subiu para o nível para 4,76 metros. Às 7,00 horas da manhã de segunda-feira, 06, nesta semana, atingiu a marca de 5,30 metros, um nível recorde.

       Quando toda essa situação passar, os estudiosos da Bacia Hidrográfica que alimenta o Guaíba divulgarão análises competentes e mais precisas sobre quanta chuva foi precipitada e compararão com as precipitações de 1941, que, coincidentemente, aconteceram em maio daquele ano. Naturalmente que se terá que analisar a dinâmica alteração do cenário: as cidades à montante de Porto Alegre, em especial do Vale do Taquari e outros tributários, já não são pequenos povoados com ruas de chão batido, mas sim com os leitos cobertos por pavimentações efetuadas com paralelepípedos de basalto, com concreto asfáltico, ou à base de cimento. Equipamentos comunitários, como ginásios de esportes e clubes de entretenimento, barracões industriais, comerciais e de armazenagem de grãos, ou coberturas de postos de abastecimento de combustíveis, além do casario, com suas benfeitorias e calçadas, ocuparam espaços consideráveis, reduzindo as áreas permeáveis  por onde a água costumava infiltrar-se para voltar ao subsolo.

       Some-se a isso o aquecimento  global, os danos provocados à atmosfera pelas emissões de poluentes pelas indústrias da Europa e da América do Norte, em especial, ou pelos veículos automotores acionados com combustíveis fósseis, e  veremos que os desastres não acontecem por acaso. Não tenho, e a maioria dos que se julgam jornalistas e emitem sua opinião sobre os fatos que estão ocorrendo no mundo, também não têm opinião, sobre as verdadeiras causas de tudo. Mas, as consequências, todos as conhecemos.

       O comportamento dos Rios Capinzal e do Tigre – Tivemos, recentemente, o transbordamento das águas do Rio do Tigre e de outras sangas aqui em Joaçaba, que causaram prejuízos a empresas e de cujas catástrofes as  imagens percorreram o mundo através da televisão e da  internet. Na semana que passou, em Capinzal, o rio que leva o nome da cidade fez estragos ainda maiores. Felizmente, sem vítimas! Agora há a preocupação, muito justa, em se minimizar os prejuízos, poucos, de alguns proprietários de imóveis. O prejuízo maior ocorreu no setor público, pois danos em suas  artes correntes foram significativos. Com jeito e dinheiro, tudo se ajeitará facilmente. Porém, tanto para o Capinzal como para o Tigre, podemos esperar danos ainda maiores no futuro. Os registros do comportamento pluviométrico das cidades pouco ajudam, atualmente, pois a precipitação das chuvas se concentra em determinados pontos, com grande milimetragem. É possível prever-se e acatarem-se os alertas da Defesa Civil. Mas não o total preciso do volume das precipitações. E aí é que vem a preocupação com o que ainda pode nos acontecer.     

       As mesmas intervenções humanas que descrevi para as cidades do Rio Grande do Sul, também ocorreram em nossas cidades. Novos loteamentos nas cabeceiras dos rios e lindeiras a seus tributários. Construções nas margens do Rio do Peixe e dos afluentes. Tudo muito preocupante! A questão ambiental precisa suplantar as questões de ordem política e econômica. Não temos estudos articulados nem um planejamento articulado entre as cidades.  Você duvida de que teremos muitas dores de cabeça ainda?

       O Plano Nacional de Defesa Civil – Foi aprovado há doze anos.  Nunca foi devidamente regulamentado. E vai ser lançado em junho. Ele contempla a previsão dos desastres, como as pessoas atingidas devem agir, quais imóveis devem ser realocados e outras ações pertinentes. Já vimos tragédias no Rio de Janeiro, na Bahia, em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e outros lugares. Agora com uma tragédia incomensurável, vão tomar uma atitude. Esperamos o comprometimento da sociedade e das autoridades. Se o assunto fosse tratado com mais responsabilidade e menos demagogia, e se sobrepusesse às fúteis e inúteis encrencas por questões de ideologia e costumes, a situação poderia ser mais amena.

       O Brasil solidário – As características de solidariedade que estão inseridas no ser humano brasileiro ficaram bem evidenciadas agora com o que aconteceu em nosso estado vizinho. Empresários e cidadãos comuns foram muito mais ágeis que a burocracia institucional e chegaram primeiro ao local da catástrofe. Helicópteros, caminhões, caminhonetes, barcos, equipamentos motonáuticos, aviões e tudo o que foi possível chegou rapidamente ao local das cheias. Medicamentos, roupas, colchões, água, alimentos e material de limpeza também. Os governos de Santa Cataria e de São Paulo, foram dos primeiros a comparecer com homens e equipamentos. Prefeituras de Santa Catarina agiram rápido. Empresários também. As formiguinhas foram, como sempre, muito mais ágeis que o elefante...

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

 

 

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