sexta-feira, 17 de maio de 2024

Ferrovia Oeste-Leste de Santa Catarina – agora, vai!



       No entardecer da segunda-feira, 13, no auditório jurídico da Unoesc, em Joaçaba, foi realizada uma importante e concorrida Audiência Pública para se tratar da possível construção de uma ferrovia que possa ligar a importante área de produção do Oeste e do Meio-Oeste Catarinense a seis portos marítimos catarinenses. O evento foi provocado pela iniciativa do atuante vereador Diego Bairros, de Joaçaba, que trouxe para apresentar um panorama do que pode ser feito, em em que pé estão os estudos, o Secretário dos Portos, Aeroportos e Ferrovias do Governo Jorginho Melo, de Santa Catarina, Beto Martins.

        A importância econômica da dita ferrovia para o estado de Santa Catarina é inquestionável e relevante. Toda a nossa região é altamente produtora de carnes e grãos, e a malha viária disponível não acompanhou e evolução de nosso potencial de produção dos últimos 50 anos. O que temos, em termos de infraestrutura rodoviária, é a BR 282, que recebeu algumas melhorias dentro do perímetro urbano de Ponte Serrada, Xanxerê e mesmo em Ponte Serrada, e nada mais.

       Com muita propriedade e demonstrando grande conhecimento na área de logística, Beto Martins, que é suplente da Senadora Ivete Appel da Silveira, apresentou-nos um material simples, mas elucidativo, do possível traçado da ferrovia que vai ligar Chapecó, principal cidade do Oeste, a Otacílio Costa. Dali, uma extensão ao Porto de Imbituba, num primeiro momento, e uma possível ligação com Itajaí e Navegantes, num futuro bem próximo. Tudo muito claro, objetivo, e com os custos estimados. Investidores chineses estiveram em Santa Catarina e se mostraram muito interessados em empreenderem com seus negócios aqui. Para quem acompanha os avanços dos chineses na América do Sul e mesmo na Central, é crível que eles se tornem grandes parceiros de nosso desenvolvimento, bastando para isso que tenham a necessária segurança jurídica e projetos bons e exequíveis.

       Martins, que é egresso da iniciativa privada, construiu sua biografia e currículo profissional em cima da logística do porto de Imbituba, mas, pela sua inteligência e perspicácia, já domina amplamente a área, tendo muito conhecimento do comportamento de nossos transportes também por terra e ar. Com muita força política e credibilidade, tudo isso aliado ao grande interesse de empresários, agropecuaristas e políticos, vislumbra-se agora uma realidade muito além do sonho alimentado por alguns, propagado em anos de eleição, e não ativado ao longo do tempo. A iniciativa de Diego Bairros merece nosso aplauso.

       A reclamação do Prefeito Dioclésio Ragnini -  O Prefeito de Joaçaba, em sua fala, reclamou da falta de investimentos do Governo em Joaçaba. Entendo, como ele, que os governos estadual e federal nos devem muito, para todo o Meio-Oeste. Ainda, referiu-se à Rodovia BR 282, entre Lages e Florianópolis, que não recebeu as duplicações de pistas que deveria receber, e é um gargalo que precisa ser extirpado. Concordo com ele e incluo a reclamação com a BR 470. Tudo andou em passos de tartaruga no presente milênio.

       Miranda na área – O Engenheiro Ricardo Miranda, do DNIT, que veio para Joaçaba após a enchente de 1983 no Rio do Peixe, para promover a recuperação da RFFSA, agora ficará conectado ao trabalho de viabilizar a implantação de nova ferrovia, sendo uma ponte entre o Estado de Santa Catrina e o DNIT. Uma excelente escolha!

       Nossa histórica e romântica Ferrovia do Contestado – A ferrovia que liga Marcelino Ramos a Porto União da Vitória e foi vendida para a América Latina Logística - ALL -, e depois passou à propriedade da RUMO, e ficou sem rumo,  pelo que se vê, deve voltar ao domínio da União, pois é considerada economicamente inviável. Henrique Glazer, de Joaçaba, Ricardo Nodari, de Herval d ´Oeste, e Vilmar Rech, de Capinzal, defendem a sua utilização como equipamento de turismo. Os três, e muitos outros cidadãos, têm excelentes ideias sobre o seu aproveitamento. Se o Governo Federal retomá-la e passar para a gestão dos municípios, teremos ganhos extraordinários em termos de atividade turística no Vale do Rio do Peixe. Costumo dizer que o grande valor dela é sua história, seu romantismo e a área de  seu leito. Que seja mantida e que, no futuro distante, seja utilizada da melhor forma que as próximas gerações queiram utilizar o precioso patrimônio.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogpot.com


Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba SC

Em 16-05-2024

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