No entardecer da segunda-feira, 13, no
auditório jurídico da Unoesc, em Joaçaba, foi realizada uma importante e
concorrida Audiência Pública para se tratar da possível construção de uma
ferrovia que possa ligar a importante área de produção do Oeste e do Meio-Oeste
Catarinense a seis portos marítimos catarinenses. O evento foi provocado pela
iniciativa do atuante vereador Diego Bairros, de Joaçaba, que trouxe para
apresentar um panorama do que pode ser feito, em em que pé estão os estudos, o
Secretário dos Portos, Aeroportos e Ferrovias do Governo Jorginho Melo, de
Santa Catarina, Beto Martins.
A importância econômica da dita
ferrovia para o estado de Santa Catarina é inquestionável e relevante. Toda a
nossa região é altamente produtora de carnes e grãos, e a malha viária
disponível não acompanhou e evolução de nosso potencial de produção dos últimos
50 anos. O que temos, em termos de infraestrutura rodoviária, é a BR 282, que
recebeu algumas melhorias dentro do perímetro urbano de Ponte Serrada, Xanxerê
e mesmo em Ponte Serrada, e nada mais.
Com muita propriedade e demonstrando
grande conhecimento na área de logística, Beto Martins, que é suplente da
Senadora Ivete Appel da Silveira, apresentou-nos um material simples, mas
elucidativo, do possível traçado da ferrovia que vai ligar Chapecó, principal
cidade do Oeste, a Otacílio Costa. Dali, uma extensão ao Porto de Imbituba, num
primeiro momento, e uma possível ligação com Itajaí e Navegantes, num futuro
bem próximo. Tudo muito claro, objetivo, e com os custos estimados.
Investidores chineses estiveram em Santa Catarina e se mostraram muito
interessados em empreenderem com seus negócios aqui. Para quem acompanha os
avanços dos chineses na América do Sul e mesmo na Central, é crível que eles se
tornem grandes parceiros de nosso desenvolvimento, bastando para isso que
tenham a necessária segurança jurídica e projetos bons e exequíveis.
Martins, que é egresso da iniciativa
privada, construiu sua biografia e currículo profissional em cima da logística
do porto de Imbituba, mas, pela sua inteligência e perspicácia, já domina
amplamente a área, tendo muito conhecimento do comportamento de nossos
transportes também por terra e ar. Com muita força política e credibilidade,
tudo isso aliado ao grande interesse de empresários, agropecuaristas e
políticos, vislumbra-se agora uma realidade muito além do sonho alimentado por
alguns, propagado em anos de eleição, e não ativado ao longo do tempo. A
iniciativa de Diego Bairros merece nosso aplauso.
A reclamação do Prefeito Dioclésio
Ragnini - O Prefeito de Joaçaba, em sua
fala, reclamou da falta de investimentos do Governo em Joaçaba. Entendo, como
ele, que os governos estadual e federal nos devem muito, para todo o
Meio-Oeste. Ainda, referiu-se à Rodovia BR 282, entre Lages e Florianópolis,
que não recebeu as duplicações de pistas que deveria receber, e é um gargalo
que precisa ser extirpado. Concordo com ele e incluo a reclamação com a BR 470.
Tudo andou em passos de tartaruga no presente milênio.
Miranda na área – O Engenheiro Ricardo
Miranda, do DNIT, que veio para Joaçaba após a enchente de 1983 no Rio do
Peixe, para promover a recuperação da RFFSA, agora ficará conectado ao trabalho
de viabilizar a implantação de nova ferrovia, sendo uma ponte entre o Estado de
Santa Catrina e o DNIT. Uma excelente escolha!
Nossa histórica e romântica Ferrovia do
Contestado – A ferrovia que liga Marcelino Ramos a Porto União da Vitória e foi
vendida para a América Latina Logística - ALL -, e depois passou à propriedade
da RUMO, e ficou sem rumo, pelo que se
vê, deve voltar ao domínio da União, pois é considerada economicamente
inviável. Henrique Glazer, de Joaçaba, Ricardo Nodari, de Herval d ´Oeste, e
Vilmar Rech, de Capinzal, defendem a sua utilização como equipamento de
turismo. Os três, e muitos outros cidadãos, têm excelentes ideias sobre o seu
aproveitamento. Se o Governo Federal retomá-la e passar para a gestão dos
municípios, teremos ganhos extraordinários em termos de atividade turística no
Vale do Rio do Peixe. Costumo dizer que o grande valor dela é sua história, seu
romantismo e a área de seu leito. Que
seja mantida e que, no futuro distante, seja utilizada da melhor forma que as
próximas gerações queiram utilizar o precioso patrimônio.
Euclides Riquetti –
Escritor – www.blogdoriquetti.blogpot.com
Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba SC
Em 16-05-2024
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